Conselho Familiar publica
1ª entrevista de Daniel Lima

O Conselho Familiar da revista digital CapitalSocial está publicando a entrevista completa do jornalista Daniel Lima ao Diário do Grande ABC de hoje. Afastado por recomendação médica do cargo de diretor-geral da publicação após ser atingido por um tiro no rosto no último dia 1º de fevereiro, em tentativa de homicídio cujo autor segue foragido da Polícia, Daniel Lima está em recuperação severa após 11 dias de internação hospitalar.
A reprodução da entrevista completa ao Diário do Grande ABC, segundo o CF, se deve a alguns pontos complementares interpretativos e informativos entre o que foi publicado no jornal mais tradicional da região e o conjunto de perguntas e respostas de Daniel Lima ao mesmo jornal como insumo da reportagem.
O Conselho Familiar de CapitalSocial considera natural o surgimento de rupturas entre o original de uma entrevista e a publicação de uma reportagem. Nas entrevistas, matéria-prima de reportagens, há mais espaço para declarações, entre outros pontos. Quando transformado em reportagem, o material pode sofrer mutações para se adequar ao que normalmente é um espaço editorial menos elástico.
O Conselho Familiar de CapitalSocial é integrado por dois jornalistas (Maria Luisa Marcoccia e André Marcel de Lima), uma representante do Sistema Judiciário do Estado (Lara Marcoccia de Lima), um administrador (Dino Marcoccia de Lima) e uma dona de casa (Dannyela de Lima).
Em encontro hoje pela manhã, logo após tomar conhecimento da reportagem no Diário do Grande ABC, aventou-se a possibilidade de convidar dois profissionais de áreas específicas para atuar em conjunto. Recomendou-se a Daniel Lima que se concentre na recuperação clínica ainda bastante preocupante. O jornalista é observado pelo Conselho Familiar como um profissional tão dedicado à atividade a ponto de não se dar conta dos riscos que corre ao pretender sustentar ritmo de trabalho incompatível com a precariedade clínica.
Avaliações médicas colocam o jornalista como espécie de milagre ao sobreviver aparentemente sem sequelas da tentativa de homicídio. Entretanto, há debilidades decorrentes dos traumas físicos provocados pelo projétil da arma.
Na próxima semana o Conselho Familiar vai distribuir uma entrevista oficial que pretende produzir com Daniel Lima. Para que essa nova etapa jornalística possa ser encadeada, entretanto, consideram os integrantes informais de CapitalSocial, será indispensável que o jornalista avance na recuperação clínica e física.
Na sequência, os leitores de CapitalSocial terão acesso a todas as perguntas e respostas da entrevista concedida ontem à tarde por Daniel Lima ao repórter Vinicius Castelli, do Diário do Grande ABC. Daniel Lima ressalta o tratamento respeitoso, amigável, cortês e humano dedicado pelo representante do Diário do Grande ABC. O trabalho foi realizado pelo aplicativo WhatsApp. Daniel Lima não consegue diálogo oral por mais de um minuto num intervalo de meia hora.
Entrevista completa
Diário do Grande ABC -- Após aqueles 10 dias de hospital, como é estar de volta em casa?
Daniel Lima: Esse incidente possivelmente mudará muita coisa em minha vida. Não era tão religioso quanto deveria, Jesus Cristo me deu a salvação. Todos os médicos que me atenderam disseram que sou um milagre divino, imagine o rosto de alguém como se fosse um computador, um desk, e aparece alguém e lhe dá um tiro a menos de meio metro. A explosão provocaria danos letais, quando não aniquilantes. Saí praticamente ileso. Choro e agradeço a Deus toda vez que me lembro. Mas o que mais me surpreendeu, eu que sou feito de barro comum, é estar absolutamente certo de que não devo julgar meu agressor. Já o perdoei. Acho que somente Deus pode responder a tudo o que se referir a ele. Ele acabou abalando minha vida, mas acrescentará sentimentos possivelmente ainda não amadurecidos ou consolidados.
Diário do Grande ABC -- Sai dessa situação mudado então, né!
Daniel Lima: Diria que farei da dor, do tratamento das sequelas físicas, que são quase nada, meu alimento de fé e de tolerância como pessoa física que sou. Todos nós podemos ser um pouco melhor a cada dia com os acontecimentos que a vida nos reserva. Esse é um processo natural. Agora, uma tentativa de homicídio é algo excepcional, inclusive pela característica que me envolveu. Esse caso fortaleceu minha família como algo jamais imaginado. Os amigos de verdade brotaram. Gente com a qual havia muito tempo nem conversava. Acho que sou ruim de marketing. Deus deve ter compreendido isso tudo e me premiou com uma nova vida. Agora tenho duas datas de nascimento.
Diário do Grande ABC -- Daniel, e como está se sentindo agora fisicamente? Está conseguindo se alimentar, andar normalmente, dormir?
Daniel Lima: A cada dia que nasce melhoro um pouco em relação ao dia anterior e fico menos distante do estágio físico que me encontrava em primeiro de fevereiro. Sou uma espécie de atleta veterano. Faço bicicleta ergométrica e esteira profissional todos os dias. Rigorosamente todos os dias. Agora não sei o quanto vou ter de esperar para voltar à ativa. Isso não é nada. Estou vivo, praticamente sem sequelas, sem qualquer vulnerabilidade neurológica. Como disse, é um caso raríssimo. Não tenho o direito de reclamar de nada. Vejo a vida com otimismo. Só não consigo ainda, como pode verificar, dedilhar o teclado, no qual, cá entre nós, sempre fui um craque do ponto de vista técnico e abrasivo, às vezes, no conteúdo.
Diário do Grande ABC -- O senhor quer falar alguma coisa sobre o dia em que tudo aconteceu? Quer relatar algo?
Daniel Lima: Quanto ao dia do incidente, diria que quando você acredita que ao acordar tudo lhe parecerá tranquilo, coloque as barbas de molho, sem perder o otimismo, porque poderá ser surpreendido. Não tenho como mitigação do grau de culpabilidade de meu agressor nada que resvalasse em qualquer critério que motivasse a reação dele. Absolutamente nada. Fui o que a maioria não costuma ser diante de um abuso no atendimento: absolutamente tranquilo nas ponderações. E sabe por quê? porque a segurança de minhas cachorras poderia estar em risco e jamais me desculparia se elas fossem vítimas também. Mas insisto: jamais julgarei meu agressor. A Justiça que o faça. Deus já o fez. Lamento porque é um jovem, como os filhos jovens que tenho. Aliás, nas poucas vezes que nos vimos, porque era cliente recente do pet shop, o chamava de filho. Como o faço com tantos jovens que recebo em cada entrega domiciliar nestes tempos de pandemia. Mas jamais me arrependeria de tê-lo chamado de filho.
Diário do Grande ABC -- Chegou a ler que o advogado de defesa disse que durante a discussão o senhor tentou tirar a arma da cintura do rapaz?
Daniel Lima: Eles podem dizer o que quiserem. Nem tempo para isso me foi oferecido. Se tivesse sentido a possibilidade de que, ao descer a escada, ele enfiaria a mão no bolso e me atingiria, o máximo que poderia fazer era correr. Mas, correr para onde? Não tenho a logística do pet. Era um cliente preocupado com minhas cachorras. Graças a Deus minha secretária me acompanhou e viu tudo. Nem sei o que declarou ao delegado. Possivelmente mais do que eu seria capaz em qualquer circunstância, porque ela é detalhista, como todas as mulheres. O que ela disse, pode acreditar, é a pura verdade. Não fosse assim, aliás, o agressor não teria recorrido, segundo me contaram hoje, à destruição da maquinaria de gravações do ambiente no estabelecimento. Quem destrói supostas provas que a…
Diário do Grande ABC -- Quando acha que vai retomar a normalidade da sua rotina?
Daniel Lima: Quando peguei covid, em novembro, voltei em 20 dias. Mas não há termos de comparação agora. Fui abalroado. A recuperação parecerá mais longa porque a situação é outra. Tenho resistência a determinados componentes farmacológicos indispensáveis ao tratamento. Estamos tentando dar um drible na situação. Tenho reações adversas a anti-inflamatórios.
Diário do Grande ABC -- Tem conseguido comer ou a dieta mudou por enquanto?
Daniel Lima: Desculpe os erros de digitação. Não escrevia há 11 dias. E jamais escrevi tendo ainda um projétil no pescoço, uma laringe em estresse, um corpo inteiro alérgico e uma preocupação em fazer com que o que pretendo enfiar goela adentro seja algo maior que um pedaço de mamão amassado, um restinho de café preto, um creme de qualquer coisa. Estou no lucro, devo dizer, mas há prejuízos situacionais a enfrentar. E enfrentaremos.
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