Política

Quem vai ao turno
final com Gilvan?

DANIEL LIMA - 07/08/2024

O jovem Gilvan Júnior é o candidato do Paço Municipal de Santo André à sucessão do prefeito Paulinho Serra. Nessa nova edição do Placar Eleitoral vou tentar explicar as razões que o colocam como favorito à passagem ao provável segundo turno. E que nestas alturas do campeonato, o vereador Eduardo Leite desponta como eventual adversário. Zacarias está sangrando e Bete Siraque ainda parece invisível.

Gilvan Júnior é um candidato sem carisma. Sem carisma e sem conteúdo midiático. Sem carisma, sem conteúdo midiático e sem o brilho aparente dos vencedores. Sem carisma, sem conteúdo midiático, sem brilho aparente dos vencedores e com excessivo peso de marketing paternalista do prefeito Paulinho Serra.

Gilvan Junior ruim de palanque, ruim de empatia pública, ruim de discurso, pode muito bem virar prefeito de Santo André e soterrar completamente tudo que hoje o torna um concorrente qualquer no sentido de expressividade de ser. Os vitoriosos costumam ser vistos com outros olhos.

Convém não desdenhar de gente com o perfil de Gilvan Júnior. Já vivi o suficiente para afirmar e garantir que nem tudo que brilha de interpessoalidade de candidatos a cargos públicos é ouro de fato.

COISAS DIFERENTES

Duvido que os leitores não tenham na ponta da língua nomes de prefeitos que passaram por municípios da região e cuja intensidade de empatia popular jamais correspondeu à gestão pública. Mais que isso: foram patéticos a cada novo dia de mandato. Outros, menos esfuziantes, se tornaram efetivos, alguns até inesquecíveis.

Como uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, é importante tanto dizer uma coisa quanto outra coisa. A maioria dos interlocutores que conhecem a disputa em Santo André associa-se à opinião sobre o desempenho pessoal, performático, público, de Gilvan Júnior. Só não o dizem publicamente porque não têm oportunidade ou autocensuram certa dose de sinceridade. Faz parte do jogo.

Não os censuro. Assumo minhas broncas pela autenticidade obrigatória que o jornalismo impõe. Jornalismo que não tem nada de relações públicas e muito menos de assessoria de imprensa. Cada um com seus desígnios.

Costumo dizer que não se pode censurar um centroavante por fazer gol, um padre ou pastor por rezar, um médico por receitar medicamento. O problema é que há autoritários que pretendem mandar em quem jamais foi submisso a mortais que se pretendem senhores de vidas alheias. 

TEMPOS FAVORÁVEIS

Voltando ao que interessa, não há como desconsiderar a enorme possibilidade de Gilvan Júnior ser finalista em Santo André. Quem tem a máquina pública na palma da mão leva considerável vantagem na disputa. Máquina pública e quase a totalidade da imprensa impressa ou digital.

Não seria a vantagem concretizada nas duas últimas eleições municipais. O desastre dilmista e a pandemia facilitaram a vida da oposição em 2016 e dos situacionistas em 2020.

Nesse caso, o Paço de Paulinho Serra gozou das duas temporalidades excepcionalmente favoráveis.

Gilvan Júnior poderia ser menos subserviente ao prefeito Paulinho Serra que o controla publicamente de forma que chega a ser bizarra.

Se Santo André fosse o Rio de Janeiro e se houvesse uma TV Globo com Jô Soares e seus personagens fantásticos, duvido que a dupla Paulinho-Gilvan não se transformaria em quadro humorístico arrasador. Não estou exagerando. Até imagino os diálogos. “Sim senhor, sim senhor” seria um mote nacional.

RÉPLICA DE PAULINHO

Essa é uma dupla que remete Gilvan Júnior à condição de réplica de Paulinho Serra. Gilvan Júnior age e se movimenta como complemento corporal e verbal do prefeito. É muita extravagância para minha cabeça.

Gilvan Júnior perde completamente a autonomia como candidato. Entrega-se exageradamente ao capital eleitoral do prefeito. Prefeito, como se sabe, bom de voto e ruim de governo.

Apesar de tudo isso tão flagrantemente detectado mesmo pelos mais desatentos, e de também não ter um discurso que sequer resvale na garantia de que se trata de um candidato de carne e osso, Gilvan Júnior estaria no turno final e estando no turno final é possível que seja prefeito.

Aí é que a vaca da exigência dos independentes vai torcer o rabo do triunfalismo de sempre. Gilvan Junior teria de ser um prefeito muito melhor que Paulinho Serra, cujos rastros de ineficiências na área econômica já estão postos e vão emergir ainda mais. Os números fiscais também vão saltar quando a defasagem de tempo de fontes oficiais for superada.

CASO ZACARIAS

Gilvan Júnior não passa segurança alguma de que enfrentaria os embates mais árduos de quatro anos de governo municipal. É uma extensão da inutilidade econômica de um prefeito que fez da Secretaria de Efeitos Especiais a melhor política de adensamento de ativos que não resistem a exames mais cuidadosos.

O favoritismo de Gilvan Júnior à ultrapassagem do primeiro turno inclusive como primeiro colocado se deve suplementarmente a opositores atrapalhados, perseguidos, desorganizados e também limitadíssimos.

Não vou me estender sobre o Caso Zacarias. Está mais que na cara o quanto de erros foram cometidos até se chegar ao ponto da desidratação do vice-prefeito rejeitado depois de sete anos de parceria. Ainda não se tem ideia mais palpável do que seria a candidatura de Zacarias até outubro.

Qualquer que seja o desenlace do Caso Zacarias, é certo que Gilvan Júnior é o maior beneficiário. Porém, contudo e todavia, quando visto o incidente sob ângulos mais abrangentes, pode ser que a vantagem se transforme em desvantagem com a troca de um possível concorrente defenestrado por um novo possível concorrente, fortalecido, paparicado e em crescimento.

EDUARDO CONTEMPORIZADOR

Trata-se, claro, do ex-petista e agora alckminista Eduardo Leite, vereador de fala mansa, gestos diplomáticos, plástica mais vendável como estrela mas, entretanto, porém e todavia, ainda a ser decifrado.

Nesse caso, decifrado seria uma característica fundamental para se dar bem, ou para a cidade se dar bem. Parece o vereador com nome de governador que é uma linha auxiliar do Paço Municipal. As relações com algumas ramificações do Paço Municipal indicam que seria um prefeito mais próximo de conciliações do que de transformações que Santo André exige.

Eduardo Leite, como todos os demais, não tem o Desenvolvimento Econômico como preocupação. Primeiro porque desconhece o assunto. Segundo porque estaria se socorrendo de gente que também não entende do assunto. Esse é o pecado capital que o tornaria pouco efetivo.

A candidatura da petista Bete Siraque ainda é uma incógnita como massa de votos. Convém não jogar à escanteio a possibilidade de ter determinado adensamento a ponto de vislumbrar, na nova configuração concorrencial, uma chegada ao segundo turno.

BETE E LULA

Se os petistas acreditarem nisso e caso se lancem à luta juntamente com a turma do PSOL, é possível que a segunda colocação tenha alguma dramaticidade de acesso à finalíssima. Basta o presidente Lula da Silva não atrapalhar, porque tem atrapalhado um bocado.

O PT de Lula que ficou a quatro pontos percentuais nas eleições presidenciais do então presidente Jair Bolsonaro em Santo André provavelmente teria sofrido um rebaixamento de potencialidade nesses 18 meses de um mandatário nacional controverso.

Para completar, a candidatura de Luiz Zacarias, do ponto de vista de Placar Eleitoral, está sob condicionalidades que somente alguma pesquisa de razoável credibilidade poderia explicitar.

Após traições desencadeadas  na esteira do equívoco de participar de um evento que não teria consequência jurídico-eleitoral nenhuma, caso política não fosse o que é, Zacarias passa por dieta rigorosa, quando não por esquartejamento moral. Mas é um homem valente, brioso, que não entrega a rapadura. Mas não se superam problemas eleitorais com transpiração e indignação, apenas.

Houvesse mídia de massa na região e Zacarias recebesse tratamento igualitário como candidato em relação aos demais, certamente provocaria estresse no eleitorado e estaria à porta da virar vítima e como vítima soergueria rumo ao segundo turno. Como as cartas marcadas da mídia regional prevalece, Zacarias estaria estrebuchando, adicionando à derrapada a maledicência de versões especulativas.

O Placar Eleitoral possível de especular nesta altura da competição indica Gilvan Júnior com 35% dos votos válidos, Eduardo Leite com 30%, Zacarias com 20% e Bete Siraque com os complementares 15%. Não entram nessas urnas os 15% que atribuiria à soma do Capitão Sardano e de André Ribeiro do Viva. Esses supostos 15% valeriam ouro no segundo turno.



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