A edição de setembro da revista LivreMercado que começa a circular neste final de semana e cuja tiragem assegurada de 32 mil exemplares deu salto triplo e beira 100 mil unidades auditadas traz novidades no quadro eleitoral do Grande ABC.
O resumo da ópera é que o jogo parcial de intenções de votos deverá sofrer mudanças.
Por enquanto, os azuis dos tucanos, que são o PSDB e os partidos aliados do governador José Serra, estão ganhando de 3 a 0 uma disputa que todos sabem terá sete gols — um para cada Município do Grande ABC.
Não é exagero afirmar que uma virada dos vermelhos petistas não é ilusão de ótica.
São Caetano, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra são maciçamente azuis, com José Auricchio Júnior, Clóvis Volpi e Kiko Teixeira na dianteira em busca de reeleições mais que certas. Somente uma catástrofe mudaria o quadro em qualquer um desses municípios.
Já em Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá, onde as escaramuças são mais acentuadas, é melhor não descartar que os petistas façam quatro gols. Os números da pesquisa do Instituto Brasmarket que LivreMercado publica não asseguram essa possibilidade com o mesmo grau de confiança dos três demais municípios, mas indicam que não seria surpresa a reconfiguração do placar.
Sem entrar em detalhes, porque os números da pesquisa só vão ser revelados por LivreMercado, o fato é que o efeito Lula foi captado pela Brasmarket, que estendeu boa parte das entrevistas até o domingo passado, quando o presidente de República ainda imperava no noticiário regional e o burburinho da militância petista irradiou-se muito além do raio de influência mais próximo dos comícios.
Os leitores devem ter observado que não tenho me metido em análises do quadro eleitoral nem descido a particularidades individuais, exceto no caso recentemente abordado do candidato Raimundo Salles. Tratou-se aquela manifestação de desabafo a um prefeiturável que parece sofrer de mania de perseguição.
Salles acusa sintomas do Complexo da Vice-Liderança. Ele quer porque quer o segundo lugar no primeiro turno das eleições em Santo André e não aceita que pesquisas não o instalem no posto que o colocaria numa suposta final contra Vanderlei Siraque quando, imagina, o jogo estaria zerado.
Até entendo que tudo não passa de um jogo natural de pressões — que acaba dando certo com um ou outro jornalista menos convicto ou menos independente.
Não costumo construir relações profissionais e pessoais sob bases movediças. Posso no campo pessoal e mesmo corporativo ser enganado por terceiros porque tenho boa-fé, mas quando se trata de jornalismo me enfio numa capa protetora de resistência. Não foi por acaso que escrevi “Na Cova dos Leões”.
Acho que me sentiria péssimo se adotasse grau de blindagem de jornalista em minha vida particular ou corporativa, embora reconheça que o extremo oposto também é estupidez sobre a qual nadam de braçadas agentes trapaceiros.
Mas não é sobre isso que pretendia escrever. O que quero dizer mesmo é que a temporada de caça aos votos neste mês vai ser fantástica. Os tucanos estão ganhando o jogo de 3 a 0, podem inclusive manter o placar de 5 a 2 das eleições passadas, mas nada, absolutamente nada, sustenta que não venham a sofrer no cômputo geral mais um ou dois gols.
Principalmente porque Lula da Silva entrou em campo revestido de manto de canonização praticamente irresistível.