Administração Pública

Nilza, supersecretária que lustra
imagem de Marinho agradável

DANIEL LIMA - 01/03/2013

Mulher de prefeito não tem importância no organograma e nos corredores de Paço Municipal desde que mulher de prefeito não frequente os corredores de Paço Municipal como supersecretária. É o caso de Nilza de Oliveira, mulher do prefeito Luiz Marinho, um terror a cada passo que passa pelos corredores do Paço.


 


Um grupo muito próximo ao próximo quer ver Nilza de Oliveira e Luiz Marinho dando um nó górdio em todos os nós górdios que legalmente a impedem de concorrer ao Paço Municipal. Tudo com o aval do prefeito.


 


Marinho e Nilza formam um casal de bate e assopra em público, mas de muito entrosamento familiar, onde maquinam o que fazer a cada novo dia de sol que vai raiar naquela torre isolada na Praça Samuel Sabatini.


 


O que é um casal que bate e assopra cada um na sua quando se trata de avaliação dos que o rodeiam? Marinho e Nilza fazem no campo administrativo o que policiais, por exemplo, esmeram-se no campo investigativo. Um vai devagar, mansinho, com calma, com ares de filósofo. O outro distribui bordoadas, espetaculariza admoestações, essas coisas de água e vinho, se é que me entendem. Marinho é o bonzinho. Nilza é a megera.


 


Quem conhece pormenorizadamente a atuação do casal no campo gerencial diz que eles têm peso acima do normal às possibilidades do próximo concorrente do PT à Prefeitura de São Bernardo sonhar com vitória. Marinho e Nilza teriam consciência disso, por isso contam com mútua aprovação, mesmo que o estilo do prefeito não agrade inteiramente ao da supersecretária. A recíproca é verdadeira.


 


Marinho e Nilza juntos não conseguem se aproximar de Celso Daniel. Celso Daniel era uma individualidade que capitalizava suportes de gente que se complementava, mesmo alguns pouco úteis que até hoje vivem de parasitismo relacional. Marinho e Nilza são metades de uma mesma laranja de interesses, com seus contrastes naturais que, a bem de um governo minimamente produtivo, transformaram-se em estratagema gerencial. Nilza de Oliveira chuta o pau da barraca com uma facilidade estonteante e com isso poupa Marinho de gestos mais rudes. Um sem o outro seria algo como alvinegros sem alviverdes como referência de sucessos e fracassos.


 


Preparar uma saída jurídica que botasse Nilza de Oliveira na cara do gol de uma disputa eleitoral seria uma decisão arriscada demais para o metódico Luiz Marinho. A tentação é grande, mediante a ausência de uma alternativa que encha os olhos, mas mesmo assim a perspectiva sombria sobrepõe-se à eventualidade de lançar Nilza de Oliveira. Afinal, a repercussão seria péssima principalmente junto aos petistas que têm alguns nomes no bolso do colete.


 


No fundo, teme-se que a dupla que se completa por contraste no campo administrativo, com beijinhos doces da convivência mais tranquila aqui e vatapás verbais mais adiante, acabe se desestruturando quando os papeis se inverterem.


 


Papeis invertidos seria Nilza de Oliveira prefeita e Luiz Marinho supersecretário. Até porque, dizem os mais próximos, Nilza de Oliveira é tão agressivamente dedicada à causa que já confunde a hierarquia atual.


 


É senso comum nos bastidores do Paço de São Bernardo que não é só Brasília a contar com mandachuva a colocar os auxiliares sob controle absoluto. O problema é de legitimidade, porque a mandachuva de lá foi eleita pelo povo e a mandachuva de cá é apêndice familiar do prefeito, independentemente da capacitação técnica reconhecida.


 


De Nilza de Oliveira dizem tudo. Inclusive que não faltam secretários municipais que rezam a todos os santos para que na próxima reunião de colaboradores do topo da hierarquia ela abra a porta com um sorriso franco na face porque, caso contrário, o bicho costuma pegar.


 


Nilza e Miriam, que dupla!


 


Nilza de Oliveira é da mesma escola de autoritarismo verbal da ministra Miriam Belchior, com a qual trabalhou no período em que Celso Daniel começava a construir uma biografia que dispensa adjetivos. Nilza e Miriam podem até não dar rima fonética, não teriam muito o que apresentar ao público como sedução de marketing se formassem uma dupla de cantoras, mas como suas atividades são outras, formam um par perfeito. Quem por acaso escrever Nilza de Oliveira em vez de Miriam Belchior não poderá ser castigado, porque entranhamentos cognitivos remetem qualquer um que as conheça a uma mistura de bolas.


 


O jogo pesado que Nilza de Oliveira exercita como xerifona na Prefeitura de São Bernardo é atenuado nas consequências nem sempre agradáveis num setor em que a indolência é parente muito próximo do comodismo. O respaldo do prefeito e marido para as horas mais amargas é sempre providencial.


 


Fosse outro o titular do Paço a situação seria complicada, asseguram os mais críticos. Mal sabem ou sabem mas preferem descartar aqueles que observam tanta diferença entre Marinho e Nilza que a função delegada à supersecretária é uma espécie de caixa paralelo de campanha, no caso de administração, porque alguém precisa fazer o papel de vilão na estrutura de poder.


 


Nilza foi escolhida porque não precisa interpretar o papel de ranzinza ou algo parecido, mas simplesmente porque seu perfil estava à espera de um cargo que nem todos os prefeitos conseguem preencher sob medida e por isso mesmo se arriscam com improvisações. Tanto que a maioria deles precisa garimpar entre os assessores mais próximos para atingir seus objetivos de transferir a terceiros os custos políticos de ações desagradáveis. Aliás, no setor privado essa é uma prática comum.


 


Está tudo nos folhetins


 


Os folhetins televisivos costumam presentear os telespectadores com casais radicalmente contrastantes porque o que interessa é elevar a audiência com enredos que coloquem o bem e o mal em permanente confronto. Marinho e Nilza são mais ou menos isso, com a diferença dialética de que o bem e o mal segundo o juízo de valor daqueles que os rodeiam sequer resvalam em uma unanimidade padrão, tão usualmente explorada pela TV.


 


Nem sempre o bonzinho Marinho é bonzinho de fato e nem sempre a megera Nilza é megera de fato quando o que está em jogo são os procedimentos práticos de uma Administração Pública. Nesse caso, o bonzinho pode ser comprometedor e a megera restauradora. Matizes à parte, o fato é que eles formam uma dupla que associa barulho e paz em situações muitas vezes inesperadas, porque faz parte do show parecer o que não é e ser o que não parece. Uma mecânica muito bem azeitada em ambientes à parte do burburinho administrativo formal daquele prédio pouco seguro bem no centro da Praça Samuel Sabatini.


 


Afinal, que sentido teria um casal de prefeito e supersecretária não fosse para encaminhar decisões muitas vezes improrrogáveis a salvo da bisbilhotice alheia, como se formassem uma dupla praticante do popular truco, jogo de cartas movido principalmente a gestos padronizados e discretíssimos? Uma piscadela de olhos numa reunião com secretários tem ignificado muito especial na troca de mensagem cifrada entre Marinho e Nilza.


 


Pelé e Coutinho, uma das duplas de área mais perfeitas que o futebol já produziu, ficariam com inveja de tamanho entrosamento.


 


O problema é que nem sempre de gestos sutis a dupla se move no dia a dia da Administração de São Bernardo. Há chutes na canela e outras infrações quem nem todos suportariam se não fossem tão abnegados servidores públicos. Ou não seriam tão abnegados assim a ponto de aferir-se de fato o grau de capacitação individual quando confrontado ao potencial de servilismo explícito ou acanhado? Há situações nada lisonjeiras de reuniões do prefeito com o secretariado. A voz grossa que se ouviu além das portas não era exatamente a voz do dono dos votos. 


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