O maior vencedor é o vencedor que respeita o perdedor. O pior vencedor é o que tripudia sobre o perdedor. Alguém precisa desinstalar o prefeito Paulinho Serra do altar da arrogância e explicar a ele que a vitória de domingo, seis de outubro, na disputa da Prefeitura de Santo André, vai muito além dos números finais bastante previsíveis.
Paulinho Serra precisa de uma sacudidela pública sobre duas importantes verdades: é um prefeito medíocre quando se pensa Santo André do futuro, mesmo copiando desastradamente o plano de governo de Celso Daniel, e não pode falar em traição dos derrotados porque já foi traidor como vencedor.
O que os leitores vão ver em seguida é mais uma intervenção deste jornalista numa entrevista, desde vez no Diário do Grande ABC de segunda-feira. Vou fazer o que a democracia informativa exige que se faça. Vou fazer contrapontos às declarações de Paulinho Serra. E não faltam contrapontos. Paulinho Serra é um prato cheio a quem pretenda instaurar a ordem e a verdade dos fatos.
Seguem escalonados os questionamentos brandos, quando não amistosos, do Diário do Grande ABC, as respostas de Paulinho Serra e a intromissão deste jornalista. Ao título utilizado pelo Diário do Grande ABC (“Vitória de Gilvan mostra que a boa política prevaleceu”, diz Paulo Serra”) faço a opção mais compatível com o conteúdo: “Paulinho Serra é péssimo vencedor”.
DIÁRIO DO GRANDE ABC -- Qual balanço o sr. faz da eleição municipal, no qual conseguiu eleger o candidato de seu grupo no primeiro turno?
PAULINHO SERRA -- Ficamos muito felizes. Já tinha acontecido em 2020, quando conseguimos uma reeleição depois de 20 anos em que a cidade não reelegia o prefeito, com recorde de votação, 77% dos votos, no primeiro turno. E aí o desafio seguinte era fazer a sucessão de um prefeito, que não acontecia há mais de meio século. Além dessa questão histórica, para nós ficou claro que a boa política, quando ela toca a vida das pessoas positivamente, é reconhecida. A vitória do Gilvan, a continuidade desse modelo de gestão, que está na Prefeitura há oito anos, é a vitória da boa política. É um exemplo que a gente dá para o Brasil. Enfrentamos os extremos, o PT e o PL, e a cidade escolheu o estilo de governar com transparência, olho no olho. E ficamos felizes também porque a campanha propositiva venceu. O Gilvan fez uma campanha limpa.
CAPITALSOCIAL -- A vitória de Paulinho Serra em 2020 não obteve recorde de votação, como apregoa o prefeito. Celso Daniel, em 2020, também venceu em primeiro turno sem que houvesse uma Covid-19 para aumentar o número de votos descartáveis tanto em forma de abstenção quanto de votos nulos ou em branco. Ou seja: o prefeito mentiu. Mas falou a verdade ao se referir ao fato de que Santo André não tinha um prefeito capaz de fazer prefeito o prefeito seguinte da gestão do prefeito vitorioso. Algo de significado numérico quase residual como informação rasa, mas um conteúdo simbólico do estágio de imperialismo público que faz de Santo André uma cidade anestesiada. Quanto ao que chama da “vitória da boa política e um exemplo que a gente dá para o Brasil”, trata-se de cantilena marqueteira. O que é boa política para o prefeito Paulinho Serra pode ser considerada má política pela crítica independente. E é isso que de fato ocorreu. Santo André viveu oito anos de imperialismo de uma gestão pública entregue a objetivos carreiristas sem compromisso com indicadores sociais, fiscais e econômico. Como prova o Ranking de Competitividade dos Municípios Brasileiros. Seria melhor se Paulinho Serra tivesse executado uma “boa gestão”.
DIÁRIO DO GRANDE ABC -- Quais os principais desafios da campanha?
PAULINHO SERRA -- Tínhamos uma grande vantagem, além de um governo bem avaliado e uma grande equipe: só precisávamos falar a verdade, comparar como estava Santo André em 2017 com a Santo André de hoje. E fizemos isso sem criticar ninguém. E enfrentamos campanhas de muita baixaria.
CAPITALSOCIAL -- Governo bem avaliado é apenas um departamento de sensibilidade social que se sujeita ao escrutínio do tempo que haverá de chegar até que a realidade de hoje que poucos conhecem será finalmente reconhecida num futuro não muito distante, por mais indolente que seja uma sociedade servil desorganizada. Quanto ao enfrentamento de baixarias na campanha, sobre a qual o prefeito não deu sequer um exemplo, embora não se deva duvidar porque Pablo Marçal não inaugurou o placar de exageros, seria ótimo se o entrevistado contasse como se organizou o gabinete de ódio a partir do Paço Municipal, muito antes das eleições, de forma a atacar quem ousasse apresentar o outro lado da moeda da gestão incensada por praticamente toda a mídia. CapitalSocial tem nome e sobrenome dos articuladores de ofensas continuadas a serviço do Paço Municipal.
DIÁRIO DO GRANDE ABC – Ficou alguma decepção de sua parte com o vice-prefeito Luiz Zacarias e com o vereador Eduardo Leite, por causa do nível da campanha que ambos conduziram?
PAULINHO SERRA -- Não é uma questão pessoal. É claro que foi uma decepção para muita gente. Eles saíram muito menores do que entraram, não tenho dúvida. Um porque foi vice muito tempo e, de repente, esqueceu tudo isso. Traiu o grupo para criticar algo de que participou. Virou um neobolsonarista esquizofrênico. E as pessoas não toleram mais essa falta de coerência. Como é que fica? Uma hora era a melhor gestão, ‘eu faço parte’; em seguida, criticava... É falta de caráter. Usou dos piores artifícios para tentar, de maneira oportunista, ter votos.
CAPITALSOCIAL -- O prefeito tem toda razão. Tanto Luiz Zacarias quanto Eduardo Leite saíram menores do que entraram na campanha, mas isso está restrito ao campo eleitoral. Quanto ao que se poderia chamar de respeitabilidade pessoal, saíram maiores ao não aceitarem as regras de um jogo de cartas marcadas. Luiz Zacarias não traiu o grupo por se lançar durante a campanha a um tom crítico à Administração de Paulinho Serra. Ao se colocar como concorrente, não se poderia esperar algo diferente, embora tenha relutado para tanto. E só o fez, e isso é importante, quando passou a ser hostilizado pelo Paço Municipal. Basta lembrar os casos durante a campanha, da fabricação de fake news em Paranapiacaba passando pelo recado de Paulinho Serra numa visita do governador Tarcísio de Freitas. Foram inúmeras as situações de confronto na campanha. A Zacarias não sobrou alternativa. Se é falta de caráter de Luiz Zacarias ter-se colocado publicamente em oposição à gestão de Paulinho Serra, e mesmo assim de forma bastante discreta, o que dizer, então, do Paulinho Serra secretário de Mobilidade Urbana do prefeito petista Carlos Grana que, num lance de puro oportunismo, com apoio de petistas graduados e igualmente oportunistas, virou candidato e venceu a eleição de 2016 quando o PT de Dilma Rousseff fez água em todo o País? Quanto à expressão “neobolsonarista esquizofrênico”, que Paulinho Serra endereça à personalidade de Luiz Zacarias, o que se pergunta é se não se trata também de autodefinição do prefeito que disputou a tapas a adesão do governador Tarcísio de Freitas à campanha de Gilvan Júnior. Afinal de contas, Tarcísio de Freitas não seria um neobolsonarista esquizofrênico também?
DIÁRIO DO GRANDE ABC -- E sobre o Eduardo?
PAULINHO SERRA -- Da mesma forma. Foi também uma profunda decepção para a cidade. Esse, não só pelas baixarias que utilizou, mas também pela falta de equipe, de conteúdo, despreparado. Foram campanhas rasas que tiveram desempenho muito abaixo do esperado por causa disso. Ele falou aqui mesmo, neste jornal, que era perseguido pelo PT porque achava a gestão bem avaliada, bem feita, e não foi isso que ele demonstrou na campanha. Pelo contrário. Foi um crítico contumaz da cidade, mentindo, inclusive, várias vezes.
CAPITALSOCIAL -- O prefeito tem toda razão quando cita o caso em que Eduardo Leite foi ao Diário do Grande ABC para elogiar a Administração de Santo André. Eduardo Leite caiu no conto do vigário de que com isso teria a garantia de que seria o candidato do Paço Municipal. Esqueceu de combinar com o grupo que bancou Gilvan Júnior. Mas Paulinho Serra erra ao afirmar que Eduardo Leite foi um crítico contumaz da gestão durante a campanha eleitoral. Eduardo Leite foi um opositor geralmente elegante diante da mídia. No escurinho do cinema das ruas e ruelas, não se tem conhecimento. Tanto dele quanto dos demais. Inclusive do candidato do Paço. Nas quebradas, todo gato é pardo.
DIÁRIO DO GRANDE ABC -- Sua decepção com o Zacarias chega ao ponto de o sr. estar arrependido de tê-lo convidado para ser vice-prefeito?
PAULINHO SERRA -- Deste Zacarias que existe hoje, sim. Agora, o Zacarias de oito anos atrás não era esse cara de hoje. Quem mudou foi ele, não eu. Esse Zacarias de hoje não tem nada a ver com aquele cara que gostava de gente, que demonstrava bom caráter, um bom coração. Quem cria, e os dois criaram, o Zacarias e o Eduardo Leite, gabinetes do ódio para detratarem não só a gestão, mas a mim pessoalmente, a Ana Carolina (Serra, primeira-dama e deputada estadual), o Gilvan, motoboys, balconistas, não é o mesmo cara que lá em 2016 eu convidei para fazer parte de um projeto.
CAPITALSOCIAL -- Um questionamento que projeta circunstâncias separadas no tempo soa como um torcedor de um time perdedor hoje mas campeão no passado, quando se decidiu pela paixão clubista. Paulinho Serra não leva em consideração, na unilateralidade da resposta, o que motivou a transformação. Além disso, faz referência a um gabinete de ódio que deveria merecer mais informações. Inclusive com nome e sobrenome dos militantes. Algo que este jornalista tem sobre o gabinete de ódio do prefeito.
DIÁRIO DO GRANDE ABC -- Como fica a sua relação com ele a partir de agora?
PAULINHO SERRA -- Institucional, até porque tenho educação, tenho berço. Ele ainda é o vice, até 31 de dezembro. A partir daí, não sei qual será o futuro dele. Precisa perguntar para ele, se vai ser dirigente partidário, pai de vereador...
CAPITALSOCIAL -- Uma nova resposta desumana, carregada de rancor. Paulinho Serra desrespeita o vice-prefeito de oito anos e o remete ao deboche, quando se sabe que Lucas Zacarias reelegeu-se vereador.
DIÁRIO DO GRANDE ABC -- O resultado das urnas encerra as divergências ou fica uma mágoa pessoal?
PAULINHO SERRA -- Da minha parte, supera. Mas é preciso deixar claro que não se pode simplesmente dizer que nada aconteceu. Mas a própria sociedade viu essa decepção, porque, se não fosse uma decepção talvez o resultado teria sido outro e eles não teriam, somados, menos de 20% (dos votos). Criticaram as pesquisas, que estavam todas corretas. Acertaram na mosca. Aliás, se alguém tivesse que reclamar das pesquisas, seria o Gilvan, porque nenhuma deu ele com 60%.
CAPITALSOCIAL – O prefeito Paulinho Serra mente. Nem todas as pesquisas refletiram os resultados nas urnas. A principal, do Instituto Paraná, distanciou 20 pontos percentuais o candidato vencedor do segundo colocado. Paulinho Serra foi impreciso. Afinal, se todas acertaram na mosca, como nenhuma deu Gilvan Júnior com 60%?
DIÁRIO DO GRANDE ABC -- Visto a posteriori, parece que a campanha foi um mar de rosas, sem dificuldades...
PAULINHO SERRA -- Campanha nunca é um mar de rosas, os desafios são grandes. O nosso principal desafio em uma cidade de quase 800 mil habitantes foi fazer com que a mensagem chegasse ao morador. Sabemos que chega, mas em uma campanha em que teve tanta baixaria dos outros candidatos, é claro que ficamos em dúvida. Será que a população vai entender que a continuidade do modelo é por meio do Gilvan? O Gilvan nunca tinha sido político. Foi um secretário muito competente nas cinco Pastas pelas quais passou, mas não era conhecido do grande público. E o outro desafio foi o de aguentar as baixarias de maneira educada e quietos. E fizemos isso, não respondemos a nenhuma provocação. Foi uma determinação: fazer uma campanha 100% propositiva, e foi.
CAPITALSOCIAL – O prefeito mente outra vez porque nas redes sociais, especialmente num aplicativo, tanto Eduardo Leite quanto Luiz Zacarias foram duramente criticados, para não dizer atacados. Há provas materiais. O prefeito de Santo André tem o péssimo vício de tornar cada frase um ensaio retórico de demagogia.
DIÁRIO DO GRANDE ABC -- Toda grande empreitada deixa uma lição. Qual foi a desta campanha?
PAULINHO SERRA -- Que a boa política prevalece. Simples assim. Foi muito natural ver o cidadão médio, aquele que não se envolve em política, reconhecer que, se você trabalhou bem, merece continuar lá. É aquela regra de que em time que está ganhando, não se mexe. É bom ter este sentimento de que a boa política prevaleceu. Esta é a lição que fica.
CAPITALSOCIAL -- Está comprovado nos números históricos de CapitalSocial que cada vez mais a população de Santo André deixa de lado participação político-eleitoral. Gilvan Júnior foi eleito com apenas 36% dos votos disponíveis em Santo André. Jamais na história houve algo semelhante. Mais de seis leitores para cada 10 inscritos não votaram no candidato do prefeito.
DIÁRIO DO GRANDE ABC -- O sr. foi o grande avalista da campanha do Gilvan. Teme que o eleitor cobre o sr. pelos eventuais erros do futuro governo?
PAULINHO SERRA -- Responsabilidade pela cidade e pela gestão, sempre vamos ter. Todo morador da cidade tem, de alguma forma. Mais ou menos, mas tem. Eu vou estar à disposição do Gilvan em todos os momentos. Não diretamente, porque o governo, a partir de 1º de janeiro, vai ser conduzido por ele, a palavra final será dele, as decisões serão dele, mas quero estar junto. Porque representamos um modelo, um time. Ele já disse aqui que o modelo vai ser mantido, claro que com alguns ajustes. Vamos ajudá-lo a cumprir o planejamento que está estipulado. Vamos deixar, por exemplo, dez obras importantes para ele entregar. Sempre que for acionado, vou estar à disposição para ajudar.
CAPITALSOCIAL -- A tarefa de Gilvan Júnior, como seria a tarefa de Luiz Zacarias, Eduardo Leite ou Bete Siraque, é mais fácil do que se imagina. Basta pegar pelo colarinho crítico o legado pífio de Paulinho Serra, mensurável sem contestação nos números do Ranking de Competitividade dos Municípios Brasileiros, formar uma força-tarefa de técnicos, e, em quatro anos, não mais que isso, a realidade será outra. A dificuldade mesmo vai ser manter a credibilidade de um marketing administrativo e popular que engabelou a sociedade dada a acreditar em Papai Noel.
DIÁRIO DO GRANDE ABC -- Ele disse que o sr. será conselheiro dele. O que exatamente significa isso?
PAULINHO SERRA -- É estar à disposição para participar de alguma tomada de decisão, auxiliando com a experiência que adquirimos no comando da cidade. A decisão é, muitas vezes, solitária, mas você ouve. E o Gilvan tem, antes de tomar uma decisão, a característica de ouvir muito. Ele foi um bom secretário porque ouviu muito. Quem ouve mais, acerta mais – ou erra menos. O telefone vai estar ligado. E faço isso pelo Gilvan e por Santo André. Vou deixar a gestão, mas não a cidade.
CAPITALSOCIAL – Talvez seja necessário recomendar a Gilvan Júnior que estabeleça um modo de convivência com Paulinho Serra, retirando-o de qualquer pauta que diga respeito principalmente ao Desenvolvimento Econômico. Santo André é um desfiladeiro sem fim, num ritmo que se acelerou com o atual prefeito. Os dados empíricos estão aí como prova. Diferentemente, portanto, dos inúmeros prêmios de efeitos especiais colecionados ao longo de dois mandatos.
DIÁRIO DO GRANDE ABC -- O que o sr. vai fazer assim que deixar a administração?
PAULINHO SERRA -- Vou falar do que está definido. Sou presidente estadual do PSDB, que já ganhou Marília e Santo André e está no segundo turno em Piracicaba e cuja federação, com o Cidadania, está no segundo turno em São Bernardo. São cidades importantes. O partido elegeu 23 prefeitos, 32 vices e quase 400 vereadores em São Paulo. Vou me dedicar a organizar o partido, que está saindo de uma tragédia após não ter candidato a presidente e de ter perdido o governo do Estado após 28 anos em 2022. O desafio é reorganizar os quadros do partido para montar a estratégia para 2026.
CAPITALSOCIAL -- Paulinho Serra não disse a verdade. Vai administrar a massa falida de um partido que só está sob sua presidência porque virou uma agremiação sem lastro após a descoberta nacional de que se tratava de um parente muito próximo do PT, ao qual, como se sabe, Paulinho Serra serviu e se serviu. O que mais se fala mesmo é que o PSDB será incorporado por um partido que tenha prefeitos, vereadores, deputados, senadores e até mesmo presidente da República como no passado. Paulinho Serra tem um mico na mão. Fez todos os acordos possíveis ao lotear a Prefeitura de Santo André e o Clube dos Prefeitos para dar um salto estadual. É um direito do prefeito pretender ganhar alturas na política, mas o uso indiscriminado da Prefeitura de Santo André como alavanca pessoal se mostrou desastroso.
DIÁRIO DO GRANDE ABC -- Qual a estratégia do PSDB para o governo do Estado?
PAULINHO SERRA -- A grande pergunta é saber o que fará o governador Tarcísio (de Freitas, Republicanos). Se ele for candidato à reeleição – e nós temos proximidade com ele, admiro-o muito, faz bom governo e tem se mostrado um grande líder –, todos os meios partidários se movimentarão em uma direção. Se não for candidato à reeleição, e for alçado candidato a presidente da direita, representando o bolsonarismo, muda completamente o jogo. Antes, qualquer discussão é estéril.
CAPITALSOCIAL -- A resposta de Paulinho Serra é controversa. Para quem no início de Administração estava aliado ao governador João Doria e mudou o ritmo da canção político-administrativa de acordo com algumas dezenas de tons de interesses específicos, tudo é possível. O prefeito Ricardo Nunes o teria convidado a ocupar uma secretaria em caso de vitória na Capital. O Complexo de Gata Borralheira da região festejaria a notícia, como se do dia para a noite Paulinho Serra se transformasse em grande gênio da política regional. Paulinho Serra não passa, com todo o respeito, de um político velho-moço ou moço-velho, com todos os vícios e cacoetes dos caciques conhecidas do eleitorado brasileiro. Inclusive de Santo André, que elegeu sucessor com apenas 36% dos votos disponíveis.
DIÁRIO DO GRANDE ABC -- Como dirigente partidário, como o sr. vai se comportar no segundo turno aqui no Grande ABC?
PAULINHO SERRA -- Vamos atuar em sintonia com o governador Tarcísio no trabalho do segundo turno. Em São Bernardo, o Alex (Manente, deputado federal) é o nosso candidato e o do governador. Vamos contribuir naquilo que pudermos. A mesma coisa com o Taka (Yamauchi, MDB, em Diadema), que tem uma eleição dura, antiPT. Em Mauá, a situação é um pouco diferente porque o PSDB municipal decidiu pela neutralidade, porque é uma eleição um pouco mais complicada, e nós respeitamos. Sobre a Capital, especialmente nas áreas da divisa com Santo André, nós vamos contribuir com o Ricardo (Nunes, MDB, prefeito paulistano e candidato à reeleição) com muita força. A Capital tem um peso no cenário nacional e acredito que o Ricardo seja o melhor para São Paulo pela integração que tem conosco. Nada pessoal contra o (Guilherme) Boulos (Psol, candidato oposicionista), mas ele representa algo ultrapassado, a esquerda antiga, que pode ser um entrave para a integração da Região Metropolitana.
CAPITALSOCIAL -- Paulinho Serra fez da Administração de Santo André um misto de marketing administrativo de efeitos especiais inócuos e olhos esticados rumo a saltos na carreira. O que pretende fazer durante o segundo turno das eleições na região e na Capital apenas confirma articulações que vão além da regionalidade do Grande ABC. Teria sido ótimo se utilizasse durante os oito anos de mandato algo semelhante em favor da regionalidade institucional do Grande ABC. Paulinho Serra preferiu, diretamente no cargo de prefeito dos prefeitos, ou usando influência junto ao prefeito dos prefeitos de plantão, nada além do que o adubo apropriado para chegar a novos poderes.
DIÁRIO DO GRANDE ABC – Por falar em Ricardo Nunes, o sr. vai aceitar o convite para atuar na Capital se ele vencer a disputa pela reeleição?
PAULINHO SERRA – Se... é duro (risos). Deixa o Ricardo ganhar primeiro; depois a gente conversa.
CAPITALSOCIAL – Se repetir diante da imprensa da Capital o que fez em Santo André ao longo dos anos, Paulinho Serra conhecerá um outro lado da moeda crítica: não haverá apenas um jornalista disposto a exercer a função com responsabilidade social e tampouco os políticos que o cercarão estarão de olho na sucessão negada, frustrada e esculhambada.
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14/11/2024 Moedas competitivas e personagens regionais