Administração Pública

Sugestão para prefeito de Mauá
modificar a história da Província

DANIEL LIMA - 12/05/2015

Não se deve esperar muito do prefeito Donisete Braga, que acaba de assumir a presidência da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC. Exceto se tiver um pacto com os deuses da gestão compartilhada a ponto de criar um espaço no qual enfiaria a instituição, o que é muito pouco provável, quase impossível, Donisete Braga queimará as pestanas para concluir, ao final de mandato, que colecionou meses de uma experiência frustrada.


 


A Agência é um dos territórios institucionais mais atravancados da Província do Grande ABC. É tão confusa na movimentação em busca de espaços tomados geralmente sem arte e engenho pelo Clube dos Prefeitos que pouco lhe sobra de efetivo.


 


O arcabouço multiparticipativo, com instituições diversas, tanto do Poder Público como de entidades empresariais e sindicais, é a prova provada de que não adianta um desenho supostamente moderno de orquestração de políticas regionais se na hora de fazer o caldo de resultados se percebe que poucos de fato estão alinhados aos projetos.


 


Por mais que acompanhe as institucionalidades da Província do Grande ABC e tenha intimidade com o histórico do Clube dos Prefeitos e da Agência de Desenvolvimento Econômico não consigo compreender o que essa dupla está a fazer ao longo dos anos. Certamente sou um estúpido por não saber interpretar organizações tão bem administradas, tão profundas nas intervenções que visem a dar à Província um futuro que demora a chegar. Sou portanto um idiota juramentado porque não enxergo resultados minimamente satisfatórios ao longo de temporadas e temporadas que consumam ritmo de desmanche da economia regional ainda dependente em demasia do setor automotivo.


 


Especialistas, a saída


 


Fosse Donisete Braga tomaria uma decisão que dependeria de alguns milhares de recursos financeiros mas que demarcaria gestão à frente da Agência. Contrataria um grupo de especialistas em competitividade para destrinchar completamente a realidade econômica da região de modo a, na sequência, entregar um plano estratégico que abasteceria o Clube dos Prefeitos, do qual também faz parte o titular do Executivo de Mauá.


 


Sem um planejamento estratégico é praticamente impossível usufruir de uma das vertentes dos benefícios de termos uma configuração geográfica e econômica digna da conceituação de regionalidade.  Traduzindo: há virtudes e pecados no fato de os sete municípios formarem uma região com identidade própria no conglomerado de metrópoles do País, e por isso mesmo o que haveremos de fazer se tivermos um mínimo de inteligência estratégica é sufocar as deficiências e potencializar as eficiências que afloram. Por enquanto, estamos perdendo o jogo de goleada porque nos deixamos sufocar pelos problemas gerados por uma competitividade autofágica.


 


Por isso o prefeito de Mauá agora titular da Agência não deveria se aproximar demais na definição do trabalho que pretende implantar de gente que já passou pela experiência que agora se inicia para ele. É verdade que a troca de informações sempre é útil, mas os referenciais estão equivocados em muitos pontos. Se deixar a Agência de Desenvolvimento Econômico tendo plantado as sementes de uma ação de regionalidade econômica Donisete Braga já teria feito muito mais que todos aqueles que passaram pela mesma cadeira e que se perderam no varejismo e também em ações pontuais que se esgarçaram com o tempo.


 


Qual é o limite?


 


Resta saber até que ponto vai os limites de atuação institucional de Donisete Braga à frente da Agência. O Plano Estratégico do Grande ABC, como seria chamada a proposta de avançar em busca de um futuro que deixe o passado para os pesquisadores e o presente para os conformistas, é um ponto crucial que um dia algum dirigente público da região terá de assumir.


 


Celso Daniel plantou sementes nesse sentido, mas tempestades de divisionismo regional combinadas com ações individualistas, levaram o então titular da Agência e do Clube dos Prefeitos a jogar a toalha nos dois anos anteriores ao crime que o arrebatou.


 


Donisete Braga conta com oportunidade especial para mobilizar forças políticas, no sentido amplo da expressão, e com isso procurar vender a ideia de que já passou da hora de a Agência prestar para alguma coisa efetiva, e que essa coisa efetiva é exponencialmente importante para o futuro da região. Somos um bicho de sete cabeças desiguais que não encontra o rumo de um destino menos problemático. É gigantesco o desafio de superar as adversidades que nos afligem. Por mais que a região tenha especialistas em determinadas áreas, o olhar fragmentado não levará jamais às definições que se recomendam. Somente com engenharia estratégica será possível superar barreiras ideológicas, políticas, administrativas, trabalhistas e tantas outras que se erguem como cordilheira a nos tolher os passos.


 


Donisete Braga precisa retirar a Província do Grande ABC do facilitarismo frustrante de respostas que jamais se consolidam. Antes de começar a preparar o bolo de intervenções é indispensável que tenha a receita às mãos. Os dirigentes que já passaram pela Agência e também pelo Clube dos Prefeitos agiram como cozinheiros desastrados porque sempre atuaram no sentido de servir a sobremesa do triunfalismo de ações pontuais deixando de lado, porque trabalhoso, o prato especial de intervenções conjuntas inadiáveis.


 


O somatório de experiências individuais e setoriais dos integrantes da Agência de Desenvolvimento Econômico não é algo a ser descartado. Muito pelo contrário, porque representa uma interlocução potencialmente elucidativa à construção de medidas estruturalmente modificadoras do cenário econômico regional. Certamente os especialistas em regionalidade disponíveis em organizações privadas e públicas consagradas não abrirão mão desses conhecimentos acumulados. Eles saberão separar o joio de interesses particulares do trigo da grandeza que a região exige daqueles que pretendem intervir em favor do futuro.


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