A possibilidade de o presidente da OAS, Léo Pinheiro, dobrar-se à realidade de que não haveria melhor escapatória que ingressar na lista de delatores premiados, conforme anunciou a revista Veja no final de semana, estremeceu o Paço Municipal de São Bernardo. O prefeito Luiz Marinho e seu entorno, inclusive potenciais candidatos à sucessão no ano que vem, estão preocupadíssimos. O padrinho de todos eles, o ex-presidente Lula da Silva, poderá ser atirado às traças politicas. Há entre a gestão Luiz Marinho e a empreiteira mergulhada no escândalo da Petrobras relações no mínimo obscuras, além de substancialmente endinheiradíssimas. Mostrei tudo isso no final do ano passado, em texto cujo link está logo abaixo.
Desde que estourou o escândalo da Petrobrás houve queda extraordinária no volume de intervenções de infraestrutura em São Bernardo. Entre as razões está a OAS, no topo da lista de empreiteiras que mantêm negócios com a gestão Luiz Marinho. O fim da farra que empanturrou a máquina petista em São Bernardo é evidente. Os rescaldos ainda submergem.
Já escrevi algumas vezes e repito sem pestanejar: não acredito na idoneidade da gestão petista em São Bernardo por muitas razões que não podem ser comprovadas materialmente ou com testemunhas, mas por uma razão específica tão escandalosa quanto escabrosa, além de à prova de contestações: a parceria ainda impune com Milton Bigucci, quadrilheiro que arrematou o terreno público em que constrói o empreendimento Marco Zero da Vergonha. A gestão Luiz Marinho assentou naquele caso as bases de desconfiança deste jornalista que vai muito além da suspeição, porque está respaldada por fatos, documentos e trambiques administrativos de paus mandados que fecharam os olhos àquela roubalheira. Sem contar que Luiz Marinho mantém o Legislativo encabrestado, condicionando vantagens da chamada base aliada ao distanciamento de qualquer mexida de palha contra aquele empresário metido em irregularidades diversas.
Gestão torturante
O Paço Municipal de São Bernardo e o entorno político-partidário e mesmo esportivo envolvido numa trama tática e estratégica de olho na manutenção do poder Executivo só têm mesmo que tremer ante a possibilidade de Lula da Silva ser enquadrado nos rigores da lei que já capturou raias miúdas e raias graúdas do chamado Petrolão.
A gestão de Luiz Marinho é uma das coisas mais torturantes em matéria de transparência de que se tem notícia porque não se limita às lambanças éticas, morais e financeiras com o empresário Milton Bigucci. Há tantos outros pontos que passaram batidos por gente que não tem por profissão o questionamento sério e responsável. O Aeroportozão pretendido na região dos mananciais e seus intrigantes acionistas mantidos a sete chaves por Luiz Marinho, a usina de incineração de lixo no Alvarenga, de cujo destino ninguém mais fala mas que tem a participação de uma das empreiteiras denunciadas no Petrolão, e o malfadado projeto do Gripen, que supostamente geraria polo da indústria de defesa em São Bernardo, são alguns dos deslizes patrocinados pelo petista protegido do ex-presidente Lula da Silva. Uma relação tão próxima e fraternal que de bônus administrativo pode virar encrenca pura.
Por isso a Reportagem de Capa de Veja causou tanto desconforto aos ocupantes diretos e indiretos do Paço Municipal de São Bernardo. Por mais que Luiz Marinho e sua turma sejam peixes pequenos ante caudalosa e gigantesca pescaria do Petrolão, convém não menosprezar as possibilidades de que a tremedeira geral torne-se a antessala de dilúvio político regional. Ou alguém tem dúvidas sobre a elasticidade dos tentáculos políticos de Luiz Marinho a embalar o sonho de concorrer ao governo do Estado? Um sonho sonhado, é claro, até o estouro da Petrobras.
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15/10/2024 SÃO BERNARDO DÁ UMA SURRA EM SANTO ANDRÉ