Um dia foi o prefeito Carlos Grana, de Santo André. Outro, o prefeito Paulo Pinheiro, de São Caetano. Se a moda pega, os sete prefeitos vão desfilar números exóticos sobre o cumprimento de metas anunciadas ao longo do primeiro mandato – e Luiz Marinho de dois mandatos. Faço uma sugestão às respectivas assessorias dos titulares de paços municipais da região: evitem considerar todos nós, jornalistas, idiotas juramentados. Até prova em contrário, não sou. Tanto não sou que preparei inovação no jornalismo brasileiro – entre tantas outras que não vale a pena destacar aqui: criei o Observatório de Promessas e Lorotas justamente para medir o tamanho de realizações das propostas apresentadas pelos mandachuvas municipais da região.
Desde alguns meses os dados do Observatório de Promessas e Lorotas estão congelados. Nada que tenha alguma coisa a ver com preguiça de seu controlador, no caso este jornalista mesmo. Talvez alguma anotação careça de atualização, mas garanto que não existiu nos últimos tempos nada de promessa e nada de lorota a ser acrescentada à enorme lista disponível nesta revista digital. Os gestores públicos locais tomaram juízo e interromperam a brincadeira de abusar da bondade da mídia ao anunciar obras e mais obras que, como se pode ver, não passaram de ilusionismo -- quando não de arrematadas bobagens.
Fosse prefeito de alguma cidade da região e resolvesse disputar reeleição no ano que vem, fugiria correndo de qualquer iniciativa de marqueteiros que colocam na pauta jornalística o suposto cumprimento de metas. O que parece jogada genial, de esperteza que induziria os leitores e os eleitores a acreditarem em métricas a salvo de confirmação, acabaria por se traduzir em tiro no pé. O Observatório de Promessas e Lorotas está disponível ao público para desmenti-los.
Gol contra
Já se fosse especificamente Luiz Marinho, em segundo mandato e provavelmente se arrumando para artificializar portfólio que o credencie como administrador competente para dirigir o governo do Estado, não titubearia um instante: nada de levantar lebres às quais não seriam dadas respostas convincentes a críticos que não engolem bobagens. Só o Aeroportozão que Marinho anunciou no território de mananciais é tremenda barbeiragem. Tem significado semelhante ao de um centroavante que apanha a bola em seu campo de ataque e em vez de caminhar em direção ao gol adversário, engata desabalada carreira e, diante de companheiros de time atônitos, chuta contra o próprio gol. E ainda festeja o balançar da rede.
Por isso, senhores prefeitos imperfeitos, não deixem seus assessores voltarem com avaliações estúpidas. Está certo que a Província do Grande ABC, salvo raras ações, como a da mobilização em Diadema para acabar com a farra do aumento salarial autoconcedidos pelos vereadores, é um amontoado de cachorros que caíram da mudança, mas abusar da sorte é exagero.
Vou fazer de conta, para não dizerem que sou implacável, que nada li ou ouvi sobre algumas declarações de prefeitos que alardeiam terem atingidos determinados patamares de efetividade administrativa. Mas estou de butuca: na próxima vez que ler algo semelhante na mídia regional, vou esmiuçar o passivo de improdutividades que consta desta revista digital. Combinado?
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15/10/2024 SÃO BERNARDO DÁ UMA SURRA EM SANTO ANDRÉ