É fantástica a tecnologia de políticas públicas que as prefeituras do Grande ABC acumulam e renovam a cada temporada retratada no Prêmio Desempenho, uma extensão festiva das páginas da revista LivreMercado.
São tantos os programas sociais que se espalham por diferentes secretarias municipais e tão rica a participação de agentes públicos e das comunidades atendidas que, em contraponto, torna-se exasperante a constatação da baixa institucionalidade municipal e regional da sociedade.
Temos comunidades ativas mas uma sociedade omissa na responsabilidade de fazer as coisas acontecerem.
Comunidades são agrupamentos populacionais delimitados geograficamente e que comungam mais proximamente de interesses semelhantes, contam com culturas específicas e próximas, desfrutam de algum grau de intimidade.
Sociedade é um arquipélago de comunidades, que formam um Município, e, no caso do Grande ABC, uma região, com dificuldades inerentes de comunicação, de compartilhamento de sonhos, de equacionamento de demandas, de interesses contraditórios, de fracionamentos individualistas.
Continuamos focados de forma estonteantemente efetiva, objetiva e amenizadora nas dores sociais de uma região abatida na década passada por insanidades estaduais e federais, além de apatia regional. Entretanto, não conseguimos dar um passo além das fronteiras tanto municipais quanto intermunicipais. Regionalidade é uma abstração.
Seria ótimo se o imenso caudal de políticas públicas com excluídos sociais e com moradores que sobrevivem nas periferias locais, apeados do sonho da mobilidade social, fosse reproduzido em alguma escala na área econômica.
As secretarias municipais do setor, que começaram a saltar para o organograma das prefeituras há exatamente uma década, por conta de iniciativa pioneira do então prefeito Celso Daniel em atendimento à solicitação deste jornalista, estão a anos-luz de distância da estrutura e da capilaridade dos projetos sociais.
Não conseguimos, passados 10 anos, imprimir ritmo necessário ao restabelecimento mesmo que parcial da musculatura perdida com a globalização. Algo que não se limitasse à recuperação de uma parcela apenas de empregos industriais com carteira assinada e também da produção de riqueza industrial, porque tanto um quanto outro são insuficientes em quantidade e qualidade.
Ainda não despertamos para o sentimento de emergência que a atividade econômica recomenda como salvaguarda à manutenção e aperfeiçoamento do modelo de políticas públicas que o Grande ABC pratica, mas que reúne potencial de exigibilidades orçamentárias muito além da frouxidão econômica mesmo nestes tempos em que a indústria automotiva está bombando.
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15/10/2024 SÃO BERNARDO DÁ UMA SURRA EM SANTO ANDRÉ