Caso Celso Daniel

Uma execução sem qualquer
resquício de violência sexual

DANIEL LIMA - 05/02/2006

Ao acrescentar o caso Celso Daniel à CPI dos Bingos, os senadores de oposição não poderiam imaginar que, apesar da espetacularização, colaborariam involuntariamente para pôr fim a insidiosos boatos que se ramificaram principalmente entre adversários do triprefeito de Santo André. E o que diziam esses fomentadores de maledicência? Que Celso Daniel foi submetido às mais variadas e torpes sevícias sexuais antes de ser executado. Não faltaram trombeteadores de indecências, que juravam por todos os juros que tiveram acesso ao detalhamento da necropsia, cujas fotos comprovariam ter sido Celso Daniel vilipendiado antes dos tiros fatais.


Fossem verdadeiras as declarações sempre complementadas por pedidos de discrição dos metralhadores éticos, estaria mais que configurada a tortura político-administrativa que os projéteis não conseguem caracterizar — por mais manipulações verbais que tenham sido usadas. A exposição do médico legista Paulo Vasques aos senadores da CPI, apesar de imprecisa na conceituação genérica de “tortura”, acabou de vez com o cardápio preferido dos malfeitores informativos: Celso Daniel foi “simplesmente”, executado pelos seus algozes.


Até mesmo a versão de que Celso Daniel estaria vestindo cueca do lado do avesso, mencionada pelo médico legista com base em fotografias, foi desmentida pelo delegado da Polícia Federal José Pinto de Luna. Ele disse à CPI dos Bingos que Celso Daniel vestia a peça íntima corretamente. “O que estava do lado externo, e que sugeria o avesso, era a etiqueta do produto” — disse o delegado federal.


Antes disso, o legista Paulo Vasques expôs aos senadores que, mesmo se a versão da cueca do avesso correspondesse à realidade, não há indicativos seguros no código de delinquentes criminais que sustentariam qualquer vinculação à traição ou à sexualidade de Celso Daniel.


Aos poucos, as invencionices deletérias sobre a morte do prefeito de Santo André desmorona-se. Paradoxalmente, na exata medida em que mais os oposicionistas pretendem forçar a barra ao retirar o crime da esfera comum e atirá-la a todo custo no âmbito político-administrativo.


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