Está-se tornando cada vez mais frágil a peça acusatória do Ministério Público contra o empresário Sérgio Gomes, comprovadíssimo inocente em diferentes apurações policiais do caso Celso Daniel.
Já escrevemos na revista LivreMercado a história de Maria Louca que, durante mais de um ano, contou com o Programa de Proteção a Testemunha e que, surpreendentemente, foi descartada pelos promotores criminais no processo judicial. Ou seja: o depoimento de Maria Louca ao MP durante a fase investigatória que culminou com a denúncia de Sérgio Gomes à Justiça de Itapecerica da Serra foi varrido para debaixo do tapete de imprecisões investigatórias.
Nenhum outro veículo de comunicação se preocupou com essa informação, como era de se esperar, embora tenha este jornalista, pessoalmente, cuidado de enviar o material a extensa relação de representantes da mídia. Tampouco alguns colunistas deram o ar da graça.
Todos foram apressadinhos durante a fase de investigação e de ampla divulgação de informações prestadas pelo Ministério Público de Santo André. Em contraponto à avalanche de acusações a Sérgio Gomes patrocinada pelo MP, o governo do Estado, por interesses políticos, impôs completo silêncio às instâncias policiais, num ritual de ausência de contraditório que fermentou o caldo de cultura de criminalização e prisão preventiva de Sérgio Gomes.
Quebramos aquela mudez imposta com entrevista histórica em outubro de 2005 com o titular do DHPP de São Paulo, delegado Armando de Oliveira.
Viveu-se durante vários anos, pós-intervenção do MP na apuração do crime, um dos processos mais vergonhosos de manipulação informativa. A mídia, de maneira geral, principalmente a chamada e cada vez mais mambembe grande mídia, travestiu cada informação do MP em mandamento sagrado. Disputas eleitorais balizaram o enfoque oposicionista de maltraçadas e viciadas linhas.
Se uma Maria Louca já era suficiente para transbordar a paciência de incorreções do Ministério Público, eis que surge uma nova testemunha — agora um homem –, igualmente de identidade preservada que, como Maria Louca, foi retirado do pelotão acusatório. Sabem por quê? Porque o depoimento que prestou na fase de investigação não pode ser levado à Justiça sob pena de desmoralização do enredo do MP.
Sim, a testemunha em questão não pode depor porque tudo o que disse, como suposto observador da operação de sequestro no chamado Três Tombos, conflita com depoimentos de outras testemunhas dos promotores criminais.
Não é esse o único exemplar de gente sempre pronta a prestar depoimento em casos de crimes de notoriedade midiática mas que se vê em situação embaraçosa quando os holofotes se apagam. Experientes policiais contam histórias fantásticas de personagens decididos a alcançar 15 minutos de fama. A mesma Maria Louca do caso Celso Daniel teria se apresentado à Polícia Civil como vítima do Maníaco do Parque. Nas duas situações, os policiais a descartaram.
Os advogados de Sérgio Gomes querem que querem que a Justiça ouça a testemunha do MP que disse ter presenciado o arrebatamento de Celso Daniel. A versão interessa à reiteração de defesa de um inocente metralhado pela Imprensa. A mesma Imprensa que se cala diante de novas revelações, porque lhe doem na consciência as travessuras éticas que praticou.
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11/07/2022 Caso Celso Daniel: Valério põe PCC e contradiz atuação do MP