Tenho pensado ultimamente na possibilidade de publicar nesta revista digital todo o arquivo das matérias que produzi ao longo dos anos sobre o caso Celso Daniel. Os textos que já constam deste endereço não passam de 10% do total. É valioso o material impresso nas páginas da revista LivreMercado dos meus tempos de diretor editorial e também deste CapitalSocial, lançado no começo dos anos 2000. Não custa lembrar aos leitores circunstanciais desta revista eletrônica que nenhum jornalista se dedicou tanto ao assunto. Os demais que se meteram nessa seara o fizeram apenas durante algum tempo. E os que se metem hoje vão à Internet para se localizarem. Reproduzem bobagens rematadas, sob condicionantes político-eleitorais, quando não econômicas e ideológicas.
Pretendia transformar toda a produção editorial em livro sem firulas românticas, objetivo, interpretativo, amarrado em temáticas inseridas na macrotemática do crime, mas reconheço que está difícil viabilizar o projeto.
O caso Celso Daniel é bom de audiência, porque reúne todos os predicados que os sensacionalistas tanto almejam. O contraditório e abrasivo caso Celso Daniel só não se traduz em marketing para eventuais interessados em dar suporte financeiro à obra pretendida.
Principalmente porque não vou tergiversar um milímetro sequer. Confesso não ter procurado ninguém até agora para levar o conteúdo de dezenas de textos que produzi para o formato livro. Não levo jeito para essas coisas. Há algo que embaralha minhas vistas quando tenho de tratar de assuntos jornalísticos com implicações promocionais. No fundo, no fundo, espero que caia do céu alguém com visão para bancar a obra.
Volto ao caso Celso Daniel quase um mês após lembrar aos leitores que continuo a gravar entrevistas com Sérgio Gomes da Silva, o bode expiatório escolhido a dedo para centralizar a versão de crime de encomenda que as investigações policiais asseguraram tratar-se de crime ocasional.
Na semana passada saiu a informação que coloca Sérgio Gomes no banco dos réus do Tribunal do Júri de Itapecerica da Serra. Como ainda cabe recurso (a decisão foi do Tribunal de Justiça de São Paulo) o melhor é os torcedores pró-condenação do primeiro-amigo de Celso Daniel deixarem de fazer conjecturas que levem em conta os estilhaços de suposto julgamento, inicialmente previsto para o ano que vem, no ambiente eleitoral.
A recuperação total dos textos do caso Celso Daniel, sem falsa modéstia a mais completa imersão de um profissional de imprensa no assunto, é questão tão séria que, inclusive, desconsidera a eventualidade de suspensão da edição do livro.
Nestas alturas do campeonato, estou me lixando para o livro propriamente dito. Até porque, concluí a seguinte estratégia: é possível que, independentemente de tudo que integre o caso Celso Daniel nesta revista digital, detenho tecnologia para dar nova roupagem textual ao livro, sem colidir com os textos que preparei para os veículos já mencionados.
O que mais me perguntam é o que será de Sérgio Gomes se levado a julgamento popular. Respondo com base no passado de cobertura do caso Celso Daniel: a mídia vai triturá-lo mais uma vez, desconsiderando todas as provas técnicas que o colocam muito longe do enredo narrado pelos promotores criminais.
Seriam esses elementos industrializados pela imprensa suficientemente fortes para contaminar o julgamento popular no Tribunal do Júri? Não descartaria a possibilidade, principalmente se tanto Sérgio Gomes como os demais arrolados (estes sim, participantes efetivos do crime) forem levados à arena num ano eleitoral.
O pior dos mundos, que imaginava eu já terem chegado os veículos de comunicação de maior porte, deverá se agravar. Trata-se do seguinte: se os textos originais preparados sob encomenda condenatória já resvalaram na imundície informativa, o que dizer do que poderá vir por aí quando aquelas versões, eternizadas na Internet, forem mixadas ao sabor de novos interesses especulativos?
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11/07/2022 Caso Celso Daniel: Valério põe PCC e contradiz atuação do MP