Política

Farol trabalhista

DANIEL LIMA - 27/07/2004

Enquanto as chamadas e nem sempre atuantes lideranças econômicas da região permanecem em estado de expectativa institucional tanto no terreno municipal como principalmente no regional, simpatizantes petistas da CUT (Central Única dos Trabalhadores) do Grande ABC lançaram plataforma multitemática para os próximos anos. Chamaram para tanto, em evento realizado no final de semana em São Bernardo, candidatos do PT às sete prefeituras da região. Só não compareceu Jair Diniz, incomodamente mal-instalado em pesquisa recente divulgada pela Brasmarket, contratada por este jornal.


A arremetida da representação dos trabalhadores historicamente relacionados ao PT no jogo de pressões pelo norte do Grande ABC é um direito legítimo sobre o qual apenas os mal-ajambrados intelectualmente querem desclassificar.


Vá lá que se procura dissimular a instrumentalização dos sindicatos petistas nas disputas eleitorais desta temporada, utilizando-se a blindagem esfarelada dos comitês de simpatizantes. Vá lá que se possa até mesmo lamentar que as instâncias sindicais sejam braços trabalhistas de partidos políticos, mas é assim em todo o mundo. As exceções confirmam a regra.


O que interessa nesta altura do campeonato é o conceito que trabalhadores metalúrgicos, químicos, têxteis e de tantas outras categorias passam de que a percepção de regionalidade está incrustada nos objetivos elencados. Um avanço e tanto, hão de considerar mesmo os mais conservadores, porque ao longo de disputas entre capital e trabalho os metalúrgicos disseminaram entre os assalariados industriais da região a marca até hoje renitente de primeiro cuidar de seus interesses corporativos, segundo de seus interesses pessoais, terceiro de seus interesses familiares, sempre sob o ponto de vista econômico-financeiro.


A introdução dessa nova modalidade de inquietação social e econômica entre as categorias profissionais lideradas pela CUT, longe de despertar a ira dos oposicionistas, deveria incentivá-las à conscientização coletiva em busca de compromissos com o futuro. Isso mesmo: não tem cabimento que outros espectros sociais, partidários e econômicos da região não se mobilizem para construir um planejamento estratégico que obrigue os tomadores de decisão no âmbito municipal, regional, estadual e federal a olhar o Grande ABC com mais responsabilidade e compromisso.


A pauta dos trabalhadores petistas da CUT não precisa ser investigada nesse primeiro instante. Os 13 pontos de que se compõem os planos dos trabalhadores da central  ligada ao presidente da República, Lula da Silva, podem sofrer aqui e ali algumas correções, restrições, complementações. O mais valioso, entretanto, é o sentido com que foram gestados, além, naturalmente, de aspectos político-eleitorais legítimos num quadro de democracia.


Gostem ou não os conservadores que permanecem em absoluta reclusão de cidadania, a centro-esquerda do Grande ABC se organiza estrategicamente para somar à volúpia de vitória partidária o compromisso com um plano de governo regional que historicamente tanto nos falta. Que esse ímpeto tardio mas provavelmente não inútil inspire outras facções síndico-políticas, econômicas e sociais. A pavimentação da estrada da regionalidade que nos conduzirá à recomposição do tecido socioeconômico destruído parcialmente na última década, década e meia, depende de agentes de boa-vontade. Que o exemplo cutista seja seguido para que o equilíbrio das relações entre governo, mercado e sociedade esteja garantido.


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