Entrevista Especial

Quero apenas que me usem
e que me façam perguntas

MALU MARCOCCIA - 05/08/1997

Fundador da Cofap e seu comandante durante 46 anos, Abraham Kasinski é mesmo uma unanimidade como empresário e confirmou essa fama mês passado, quando esteve cercado de homenagens pela comemoração do 80º aniversário. A data coincidiu com dois acontecimentos pessoais extremos: um momento doce da vida, o segundo casamento com a impecável sexagenária Yvonne Schartzmann, e a aposentadoria da empresa, a contragosto, ele confessa, porque desejaria continuar colaborando com os rumos dessa multinacional que se projetou a partir de Santo André. “Não quero cargos nem salários. Quero disponibilizar meus conhecimentos. Quero que me usem” – propõe aos ex-sócios.


Engana-se, entretanto, quem acha que a saída da Cofap cortou o combustível desse consagrado empresário brasileiro, daqueles que imprimem rótulo de sucesso em tudo que tocam. Kasinski já anunciou que vai entrar no ramo de água mineral e redobrar esforços para implantar a Universidade do Trabalhador no Grande ABC, uma extensão de sua menina-dos-olhos, o Colégio Barão de Mauá. Os projetos estão sob o guarda-chuva da Fundação Abraham Kasinski, que passou a comandar com mais afinco agora, em um prédio na Avenida Pacaembu.


Firme e forte para o trabalho após anos de rusgas familiares que o levaram a vender em julho seus últimos 11% de participação acionária ao grupo alemão Mahle — paralelamente à compra pela Magneti Marelli, do grupo Fiat, dos 40% das ações dos sobrinhos Leon e Nelson e dos 30% das ações do Bradesco –, Kasinski chega aos 80 anos também com as idéias em dia. Continua crítico do sindicalismo da região, que diz temer mais do que a concorrência de chineses e coreanos, alfineta os administradores públicos pela descontinuidade de obras e defende a entrada do Estado de São Paulo na guerra fiscal, para não perder mais empresas.


O empresário brasileiro ficou démodée neste fim de milênio, tendo em vista que grandes referências empresariais, inclusive modernas como a própria Cofap, tiveram de se entregar ao capital e à tecnologia internacionais?


Kasinski – O empresário não ficou démodée. O que houve é que a vida passa, a história corre e mudanças acontecem de geração para geração. Não há mais espaço hoje, por exemplo, para empresas familiares. O ponto mágico da atualidade é a sinergia. Quem não se juntar, não se unir em torno de ações e conhecimentos, deve sucumbir ao longo do tempo, pois é a sinergia que contribui para o desenvolvimento, para a produção em escala que leva à diminuição de custos e à possibilidade de venda de produtos mais baratos.


Já passou o susto com a globalização econômica ou a exposição da indústria nacional à competição externa ainda causará muitas surpresas? Veja o ramo de autopeças, dentro de um furacão de fusões e aquisições, ou a indústria têxtil, que migrou em massa do Sul/Sudeste para o Nordeste atrás de mão-de-obra barata.


Kasinski – Não concordo que a indústria têxtil tenha migrado para o Nordeste atrás de salários baixos. A verdade é que a mão-de-obra na indústria está desaparecendo com o maquinário cada vez mais sofisticado, computadorizado e robotizado. Antigamente, quando arrebentava um fio de tear, o funcionário ajustava manualmente. Hoje os teares se autoconsertam. Por isso há necessidade de profissionais capacitados, formados em nível mais elevado, e não baratos. Acabou a era do trabalho artesão. Estamos na era do homem intelectualizado.


O senhor acha que está sendo difícil ao empresário brasileiro se reerguer diante da concorrência externa porque teve de baixar preços e aprender manuais mínimos de qualidade ou porque precisou cortar lucros, cujas altas margens sempre caracterizaram a cultura empresarial brasileira?


Kasinski – A grande mudança começou com a iniciativa do presidente Fernando Collor de acabar com direitos alfandegários. Os empresários estavam, realmente, muito mal-acostumados, por isso estão precisando de esforço redobrado diante da obrigação de produzir artigos mais baratos para competir dentro e fora do País.


Por outro lado, a abertura comercial não foi benéfica para dar visibilidade ao atraso tecnológico do Brasil, obrigando o parque produtor a se mexer? O Brasil não precisava de um fluxo de capital estrangeiro como esse para voltar a crescer, já que não dispõe de poupança interna suficiente?


Kasinski – Sempre foi assim; não havia poupança interna. Basta ver as últimas privatizações que afloram com grandes injeções de capital em grandes empresas, as quais ficaram anos no prejuízo e agora alcançam lucros sem sair do lugar. Veja a Companhia Siderúrgica Nacional. O fato é que o Brasil se moderniza e é uma grande promessa. O capital estrangeiro corre para cá e não está enganado. Enquanto a China vende brinquedos que se quebram em uma semana, o Brasil já é a nona potência automobilística do mundo e a primeira em refrigeradores. Em cinco anos, seremos o quinto maior produtor de motores do Planeta.


O senhor é um crítico do sindicalismo combativo que, se por um lado ajudou a modernizar as relações capital-trabalho e projetou o Grande ABC como um dos mercados com mais alta renda do País, por outro afugentou empresas da região sob alegação de hostilidades e de altos custos com salários. Os sindicatos dizem agora que estão assumindo postura mais moderada, de mais diálogo e menos greves. É tarde demais para o Grande ABC que não atraiu uma única montadora das dezenas que se estão instalando no País? Ainda há tempo de o Grande ABC voltar a ser uma grande força industrial?


Kasinski – Sempre fui crítico do sindicalismo. A greve não é benéfica para ninguém. Nem para o patrão, muito menos para o assalariado. Mas o sindicalismo ainda é um estigma no Grande ABC. Mesmo anunciando postura mais flexível, tivemos recentemente na Cofap paralisação de sete dias. É absurdo numa época de moeda estável que valoriza o salário cada dia mais, em que a cesta básica fica cada vez mais barata a ponto de fazer surgir uma nova classe consumidora, a classe D, que está podendo comprar de tudo porque a moeda é forte, é absurdo, dizia, paralisar uma indústria inteira para pedir mais salário.


Todos pararam, comprometendo o cronograma de entrega, porque não há mais possibilidade de fazer estoque. Há hoje variedade muito grande de produção e todo dia temos de mudar o programa. Se um cliente pede algo diferente na manhã seguinte, à tarde a Cofap está entregando, tamanha a agilidade de processos e novas tecnologias implantadas. É por isso que não tenho medo de chinês, coreano ou quem quer que seja. Tenho medo, sim, é do sindicato, que pára minha fábrica. Todos os empresários têm.


Há 10 anos não entra uma planta fabril nova de porte no Grande ABC. Há 10 anos fiz palestra na Fundação Santo André alertando para isso, advertindo os alunos de que seriam futuros funcionários de empresas prestadoras de serviços, porque as fábricas, as grandes indústrias, iriam ceder espaço para jardins, para praças.


Os sindicatos estão, sim, com nova linguagem. Agora falam em reduzir horas de trabalho para criar o quarto turno. É cretinice, é aumento de custo operacional num momento em que não se pode aumentar preço de nada, porque estamos num País de moeda estável. Não entendo por que essa provocação sobre os empresários. Se a empresa não pode pagar, simplesmente fecha. Os salários no Grande ABC são muito bons em relação ao País. Então segurem, preservem seus empregos, não provoquem.


A alegação dos Sindicatos é de que um trabalhador bem remunerado é um consumidor em potencial, um gerador de renda e de mercado para as empresas. Além disso, é um trabalhador satisfeito com a empresa, que vai trabalhar com mais qualidade e produtividade.


Kasinski – Pura balela. Há pouco recebi um cartão de visita mostrando que a empresa tem ISO 9000. Isso é uma máfia, porque a cada seis meses querem fazer revisão, depois ISO 9001, depois 9002, 9003 e por aí em diante. Tudo isso é custo para nós e grande lucro para eles, porque cobram fortunas. Isso virou uma febre. A ISO não representa mais aquele diferencial de tratamento, não abre portas como antigamente. Tenho um princípio do qual não arredo: a educação é tudo. Se o trabalhador não suja, não é preciso alguém lhe ensinar a limpar. Homem educado trabalha bem em qualquer lugar do mundo. Não precisa de selo de qualidade que lhe diga isso.


Mão-de-obra qualificada é diferencial para atrair investimentos empresariais ou isso foi enterrado pela tecnologia e novos processos de gestão, daí as montadoras e outros segmentos estarem procurando e povoando o Norte e Nordeste de tão modesta profissionalização?


Kasinski – Não tem que procurar, mas aperfeiçoar. Se mão-de-obra de nível baixo é mais barata, as grandes mudanças tecnológicas exigem que se acabe com isso, senão o empresário vai ser engolido. Por isso, acho que não se muda uma fábrica por causa de mão-de-obra barata. Isso é mentira. Estão correndo atrás é dos incentivos financeiros, das isenções fiscais fabulosas. Isso é movimentar a economia e isso São Paulo não faz. São Paulo não dá nada, não quer entrar na guerra fiscal, mas tem que entrar, porque todo mundo está atraindo empresas daqui.


Encontrei recentemente o Jaime Lerner, governador do Paraná, que me falou incisivo: “Dou incentivos, e daí? Sei que vão me roubar a metade (da arrecadação), mas dou. A Fiat não fez isso em Minas? Hoje é a segunda maior montadora do País, emprega milhares de pessoas e continua investindo maciçamente no Estado”.


A posição do governo do Estado e dos Municípios contrários é de que a renúncia fiscal tira receitas da educação, da saúde e de outros investimentos sociais ou de infra-estrutura.


Kasinski – É fácil resolver isso. É só envolver as empresas nesses compromissos. Em Lavras (MG), 70% dos impostos são gerados pela unidade da Cofap. Temos lá nossas isenções e incentivos, mas geramos essa arrecadação indiretamente. São os funcionários da empresa que compram nas lojas, supermercados, vão ao barbeiro, ao banco e à costureira, ou seja, geram movimentação econômica, e consequentemente tributária, muito maior do que se saísse tudo só da Cofap. Isso dá fôlego à empresa para ter menores custos e pagar melhor.


Os salários são quase iguais aos do Grande ABC; talvez só 20% menores. O importante é fazer o empresário forte, para que gere empregos e ações fortes. Quando Luiz Antonio Fleury era governador de São Paulo, propus que em vez de recolher o salário-educação destinasse essa verba ao patrocínio de uma escola. Até hoje não tive resposta.


Voltando à evasão, o Grande ABC pode reverter esse quadro?


Kasinski – Pode. Sempre pôde, aliás, se houvesse boa vontade de todos e não só porque os sindicatos agora prometem rever o comportamento de hostilidades. Veja o papel do Poder Público, que não funciona. É chato dizer, mas não há um mínimo de estabilidade nas ações, de continuidade nas obras e na conduta de governo. O povo cansou de ver essa xaropada toda de projetos políticos, de promessas, porque sabe que nada vai aparecer. Se surgisse alguém sem promessa alguma, que tivesse a coragem de dizer “não vou fazer nada novo, apenas continuar e entregar o que meu antecessor começou”, garanto que gastaria metade do orçamento e teria muito mais credibilidade e respeito como administrador.


Que parte caberia às empresas?


Kasinski – Não pense que empresário é flor que se cheire. Também não está fazendo o que deve e seu papel é fundamental. É ele quem patrocina tudo, é ele quem faz o grande jogo da produção, do emprego, da riqueza. Só que tem um defeito muito grave. Na hora em que a porca torce o rabo, corre para sua Associação, seu Sindicato, corre para o governo pedindo ajuda. Mas ele não se auto-ajuda. Mistura vida profissional com pessoal, tira dinheiro da empresa para gastos particulares em vez de fazer seu negócio crescer. Este idiota que lhe está dando entrevista pôs tudo que ganhou, durante toda vida, na empresa. Isso também está errado. É preciso um meio-termo, que valorize tanto a vida quanto o trabalho. A empresa precisa investir em melhoria de processos, em conquista de mercados, porque, assim, investe em empregos.


O senhor é um grande entusiasta da Universidade do Trabalhador e já ganhou, inclusive, área da Prefeitura de Mauá para viabilizar o projeto. Formar pessoas com especialidades tão específicas não estaria na contramão do mercado globalizado, que exige gente com multiplicidade de conhecimentos intelectuais e funcionais?


Kasinski – O que se pretende é uma formação de tecnólogos, não de doutores. O tecnólogo tem uma especialidade técnica e é disso que o Brasil precisa, de técnicos, de bons técnicos, que faltam na indústria brasileira. Já estamos cheios de doutores que não fazem nada. Precisamos de especialistas sim, porque não existe essa possibilidade de um campo universal de conhecimentos; não tem jeito. Eu até posso ter mais conhecimentos como executivo, mas não tenho técnica. Não me atrevo a viajar sozinho por dinheiro nenhum. Levo sempre alguém que entenda do tema de que vou tratar. Se o tecnólogo é bom, não precisa nem falar outra língua. Arranja emprego em qualquer lugar do mundo.


No Colégio Barão de Mauá, quando o aluno fracassa na nota, mandamos uma assistente social até sua casa para averiguar o que aconteceu, oferecer orientação, ouvir a família, ver no que pode ajudar. Temos três psicólogas. Tudo para o moral do aluno voltar a crescer e ele se sentir incentivado a evoluir, a não perder o ano. Temos um setor de recuperação extraclasse, que funciona toda tarde. Não é preciso pagar professor particular para aprender uma matéria em que não se vai bem. Na turma de 1996, dos 120 formados, 100 entraram na Faculdade. É duro, é puxado, mas é assim mesmo. A educação é base de tudo, insisto.


O projeto da Universidade do Trabalhador está pronto, tramitando em Brasília, e tem como objetivo dar continuidade à escola-modelo que há 12 anos implantamos em Mauá, hoje com 1,6 mil alunos, do maternal ao colégio profissionalizante. Só falta o terreno que a Prefeitura de Mauá me prometeu e ainda não entregou. É uma área da Previdência Social, tenho um ministro trabalhando só nisso, mas já me disseram para não mexer com o INSS, pois é a coisa mais difícil do mundo.


Não há alternativa de área?


Kasinski – Quero um lugar alto, que todos visualizem. Assim como a Cofap sempre teve uma chaminé vista de longe, como a igreja principal de uma cidade tocando o sino para todos ouvirem, quero esse mesmo princípio para a Universidade. Santo André possui área fabulosa, ali onde ia ser o Hospital Regional de Clínicas, uma colina linda em frente ao Shopping ABC. Já há inclusive uma estrutura arquitetônica instalada e trata-se de área municipal, ou seja, não precisa pedir nada para ninguém.


O senhor já demonstrou esse interesse à Prefeitura?


Kasinski – Claro. Não brinco em serviço. Assim que tiver uma área, em um ano estou iniciando a primeira turma de estudantes.


Num artigo de despedida da Cofap, redigido de próprio punho, o senhor disse que sempre colocou sua porção de vendedor acima da de empresário. Como o senhor fez tanto sucesso sendo um vendedor, que perfil traçaria como ideal do empreendedor para os tempos futuros? O vendedor sempre será aquinhoado por bons resultados ou desponta um novo paradigma de empresário?


Kasinski – Chamo de vendedor aquele que sabe de tudo que acontece no mercado, até o último grau. O empresário é aquele que não sabe sequer onde a mercadoria vai parar. Eu sou este tipo de vendedor. O melhor vendedor é aquele que está sempre parado na estação ferroviária, esperando o trem parar para entrar e percorrer o mundo. Fui a lojas e retíficas de todos os cantos do Brasil antes de me tornar empresário. A Cofap tem essa filosofia.


Tem 300 vendedores-missionários que promovem os produtos em todo País. Quando me defino assim, é porque tenho de dançar sempre em dois bailes ao mesmo tempo, um do vendedor e outro do empresário. Aquele que faz um saco de milho mesmo juntando quirela. Já passou o tempo de se fazer um saco só com espigas de milho.


Como surgiu a Fundação Abraham Kasinski e qual seu futuro a partir de sua aposentadoria da Cofap? São coisas separadas? Que planos tem para o colégio em termos de não apenas alfabetizar e educar, mas formar os empreendedores que o mundo moderno exige?


Kasinski – Cofap e Fundação são totalmente independentes. A Fundação vai continuar existindo, tem uma meta a perseguir. Sou seu maior patrocinador, mas já há atividades auto-sustentáveis como o Colégio Barão de Mauá. A Fundação também possui o Parque Florestal Quedas do Rio Branco, uma área de 210 hectares em Lavras (MG) que estamos reflorestando com 200 mil mudas de plantas diversas e espécies animais. É área para uso da comunidade, com trilhas, churrasqueiras, piscina natural e lago. Há também uma fonte de água natural que pretendemos industrializar. Daqui a dois ou três anos o Parque também deve gerar receitas próprias, assim como outras ações que tocamos, porque a idéia é a auto-suficiência financeira para gerar coisas novas. Não pode depender só de mim. E se morro amanhã, pára tudo? Não pode. Seus curadores têm de trabalhar.


A história da Fundação começou quando, ainda na Cofap, pela lei, era obrigado a dar um percentual da folha de pagamento para uma creche. Ficamos surpresos que o local escolhido fazia restrições raciais a crianças de cor. Começamos imediatamente a construir nossa própria creche para abrigar recém-nascidos e mantê-los até 18 meses de idade. Os pais começaram a lamentar que, depois dessa fase, não haveria outra atividade para seus filhos. Na mesma época apareceu a oportunidade de adquirirmos um colégio, que atenderia aos nossos planos de fazer essas crianças terem estudos até pelo menos 18 anos, e estudo profissionalizante.


Temos lá Química, Eletrônica, Administração de Empresas e Processamento de Dados, as melhores aparelhagens em laboratórios e recursos de ensino e vamos agora construir um pólo esportivo e um centro aquático. Quero preparar a futura geração. Espero 10, 15 anos, não importa. A Universidade do Trabalhador vem na esteira de formar técnicos especializados em cada matéria.


Sua paixão pelo trabalho é uma notoriedade. Quais seus planos para continuar na ativa? Com seus conhecimentos, vários Conselhos de Administração devem se ávidos por suas idéias. Ou tocar negócio próprio é mais reconfortante e desafiador?


Kasinski – Alguém se enganou ao dizer que penduraria as chuteiras. Tenho 50 mil projetos na cabeça. Costumo dizer que sou uma usina de sonhos. E quero sonhar bastante para poder realizá-los. O mercado de água mineral experimenta crescimento enorme. Vamos industrializar, produzindo, inclusive, as garrafas.


Conhece-se também sua paixão por orquídeas. O que originou o CTPB (Centro Tecnológico de Pesquisas Biológicas)?


Kasinski – A paixão por orquídeas iniciou-se em Bremen, na Alemanha, onde a senhora de um grande amigo meu, químico, para não ficar presa a prendas domésticas, dedicou-se ao cultivo dessas flores e conseguiu um desafio que chamo de fabuloso. Porque é desafiar a natureza induzir as plantas a florescerem em pleno inverno, ainda mais sendo uma flor de país tropical. Esta senhora teve inclusive ganhos altos com a proeza, que certamente lhe foi passada por osmose pelo marido.


A partir deste fato, me despertou uma grande vontade de criar orquídeas, não como orquidófilo, mas como profissional. O Centro Técnico de Pesquisas Biológicas tem hoje cerca de 98 mil plantas e busca constantemente novas formas e cores. O CTPB fica em Santo André. Não darei o endereço, senão vai chover gente lá… (risos)


O coração ainda está partido com a saída da Cofap?


Kasinski – Seu eu disser que é mentira, não é verdade. Nunca houve uma compra empresarial como a feita com a Cofap. Deixei a empresa com US$ 760 milhões em caixa de faturamento em 1996, sem dever um tostão a banco, que coloca seus produtos em 98 países e com unidades na Argentina, Alemanha e Portugal, além de deixar prontos três projetos grandiosos – importante, com verba garantida – que dariam em dois anos um salto de 50% na arrecadação da Cofap. Não posso divulgar, por estratégia de negócios, mas estão prontos para serem tocados.


Modéstia à parte, foi uma pena terem me perdido. Não é questão de cargo, nem de salário ou de posição na hierarquia. É questão de conhecimentos. Me usem! Estou à disposição. Me telefonem, me peçam uma opinião, me convidem para almoçar para fazer perguntas. Não quero remuneração, não quero ser dono de nada. Quero ser usado.


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