Uma má notícia para o PT do presidente Lula da Silva, morador sazonal mais importante de São Bernardo: há informações seguras que colocam o ex-prefeito Maurício Soares e o deputado estadual Orlando Morando na mesma chapa situacionista que vai tentar ampliar o controle do Paço Municipal conquistado em 1996.
Mais informação: o anúncio oficial da dobradinha que deverá provocar congestão na candidatura petista do ministro Luiz Marinho seria divulgado ainda hoje.
Um dos principais articulistas do acerto de contas de passivos e ativos entre Maurício Soares e Orlando Morando foi o secretário de Comunicação Raimundo Salles. O prefeito William Dib se desdobrou para aparar as arestas. Outros bombeiros trataram de impedir que o fogaréu de idiossincrasias se propagasse de forma inconciliável. O também ex-sindicalista Osmar Mendonça, homem de confiança de Maurício Soares e preferido do triprefeito para o cargo de vice-prefeito, terá função proeminente na possível gestão do ex-petista, responsável pela única vitória do partido do presidente da República no Município, em 1989.
Ganhar a Prefeitura de São Bernardo é questão de honra para o governo Lula da Silva. Para tanto, ofereceu-se recentemente inclusive um cargo de ministro a Maurício Soares. Falou-se em Previdência Social, em Defesa, contrapôs-se que poderia haver acordo se Maurício Soares fosse guindado a embaixador no Vaticano, ele que é católico praticante.
Enquanto o governo federal movimentava-se para retirar o espinho de Maurício Soares da garganta eleitoral de Luiz Marinho, o Paço Municipal se mobilizava para impedir a defecção que, segundo avaliações, seria irrecuperável. Sem Maurício Soares o barco situacionista afundaria. Orlando Morando é visto como jovem inteligente, atuante, decidido, com personalidade inclusive até incômoda para alguns, mas ainda não teria lastro eleitoral para vôo da envergadura de dirigir um dos endereços mais importantes do País.
Com a definição de Maurício-Orlando, os governistas quebram as pernas da suspeição de que São Bernardo poderia eleger um prefeito de passado no mínimo nebuloso em matéria de saúde física. Como se sabe, Maurício Soares afastou-se do cargo de prefeito dois anos antes de completar o terceiro mandato por conta de complicações de saúde. O jovem Orlando Morando, de 33 anos, oferece a garantia de que na eventual ausência do eleito o comando não sofrerá avarias.
É possível que fervam os bastidores depois da divulgação desse encontro das águas entre Maurício e Morando. O PT poderá voltar à carga para separá-los. O alvo é mesmo Maurício Soares, analisado como um osso duro de roer porque tem origem sindical como o PT, tem parte eclesiástica a lhe dar suporte, como o PT, mas envereda pela classe média que não engole o PT. Mesmo com Luiz Marinho tendo imagem pública menos sindical que o antecessor de derrotas em São Bernardo, o sempre chorão Vicentinho Paulo da Silva.
É claro que o jogo não está decidido em São Bernardo, que o governo federal tem bala para gastar, tem Bolsa Família para distribuir, mas a união entre Maurício e Morando é um chute na canela das pretensões petistas de aproximar-se celeremente de índices de sucesso eleitoral. Vencer é possível, mas as perspectivas se desaceleraram. Pelo menos até que se anunciem novas investidas com o ainda cauteloso apoio federal.