Eis o que disse o deputado estadual Vanderlei Siraque durante almoço entre pré-candidatos do PT em Santo André com o prefeito João Avamileno, conforme reportagem do Diário do Grande ABC:
“Temos de tratar os concorrentes como adversários e não como inimigos. Até porque, depois das prévias, precisaremos da união de todos”.
A declaração seria perfeita e irretocável, dentro de ambiente de disputa eleitoral democrático e civilizado, se não se tratasse de medição de forças entre partidários da mesma agremiação. Estivesse Siraque se referindo ao adversário do PT no ano que vem, concorrente é mesmo adversário, não inimigo.
Já em se tratando de corrida de obstáculos interna, para conquistar voto dos filiados partidários, a declaração de Vanderlei Siraque deveria ser a seguinte:
“Temos de tratar os adversários como concorrentes e não como inimigos. Até porque, depois das prévias, precisaremos da união de todos”.
Possivelmente Vanderlei Siraque tenha cometido um ato falho na formulação do conceito da briga que mantém principalmente com a vice-prefeita e secretária municipal Ivete Garcia. Nada que a recíproca não seja verdadeira, ou seja, que Ivete Garcia não pense o mesmo.
E é exatamente esse o grande problema do PT de Santo André. Os estilhaços das prévias interporiam minas que explodiriam mais adiante, durante a corrida eleitoral provavelmente menos tranquila do que se imagina. Afinal, do outro lado está o incansável Raimundo Salles, vocacionadíssimo para a política, embora inimigos procurem desclassificá-lo por conta da impetuosidade com que se lança ao projeto de virar prefeito de Santo André.
Ainda sobre o almoço, não resta dúvida de que tanto Ivo Martins quanto Claudio Malatesta devem ser relacionados apenas como pesos sobressalentes do quadro de filiados, sem escopo para ameaçar os dois concorrentes claramente apetrechados a vestir a camisa do PT nas eleições do ano que vem. Faz parte da política como do jogo de baralhos blefar e é isso que ambos fazem para se cacifarem internamente.
Assim como não foi o PT que inventou o mensalão, nem Ivo Martins nem Claudio Malatesta inauguram procedimento mistificador. O que sei e que os jornais poderiam detalhar em reportagem é que se somarem os votos dos filiados com direito a decidir a sorte de quem representará o partido nas urnas em 2008, Malatesta e Martins não alcançariam 25% do total, segundo me confia fonte insuspeita.
Nesse caso, os 25% são insuficientes para lograrem êxito individual, mas podem, se juntarem forças, fazer o balanço do navio de votos pender para um dos dois pólos concorrenciais.
Por isso é que se sentaram à mesa com uma raposa da política, que a maioria subestima. É claro que me refiro a João Avamileno.