É Fernando Gomes, ex-vereador petebista de Santo André, o autor da ameaça de morte que sofri exatamente à zero hora de 3 de outubro de 2004. Naquela oportunidade, dirigia a Redação do Diário do Grande ABC e deveria, segundo determinação da Justiça Eleitoral, publicar um direito de resposta da Frente Andreense do Atraso exatamente na edição daquele domingo de eleições municipais.
No artigo de ontem deste espaço virtual (clique Mistério desvendado) preferi cautelosamente não revelar o nome do responsável pelo telefonema ameaçador da meia-noite, ao qual reagi imediatamente me dirigindo à Delegacia de Polícia mais próxima para providenciar Boletim de Ocorrência. Saí à cata de interlocutores de Fernando Gomes para ter certeza de que o telefone detectado era de fato de uso dele. Não deu outra.
Faço a revelação agora porque disponho de provas suficientes para sustentar que foi o proprietário do Instituto Pentágono de Ensino o integrante da Frente Andreense do Atraso que procurou a todo custo pressionar a publicação daquele material. Fernando Gomes responderá à Justiça, porque o advogado Antonio Russo já solicitou a quebra do sigilo telefônico da linha de aparelho celular que usava à época e que, segundo consta, utiliza até estes dias.
É preciso rastrear todas as ligações telefônicas. Com quem Fernando Gomes conversou naquele sábado, 2 de outubro, data em que aportaram na Redação do Diário do Grande ABC representantes jurídicos da Frente Andreense do Atraso, membros da Guarda Municipal de Santo André e cartorários? Todos tinham o objetivo de fazer publicar um direito de resposta que, conforme garante o advogado Antonio Russo, rompia laços de legalidade. Tanto é verdade que a denúncia do Ministério Público Eleitoral de Santo André acolhida pelo juiz da 306ª Zona Eleitoral foi rechaçada pelo Tribunal Regional de São Paulo e pelo Tribunal Superior Eleitoral em Brasília.
Mesmo assim, estou respondendo a processo na Justiça Eleitoral. Obtive habeas corpus, mais tarde suspenso, contra uma sentença de multa pecuniária e obrigatoriedade de me apresentar no Fórum de Santo André a cada 30 dias. Digo e reafirmo que não acredito que o desdobramento do caso Frente Andreense do Atraso tenha a ver com minha posição em relação ao caso Celso Daniel, um clássico de oposição à fragilidade investigatória do Ministério Público de Santo André. Há, entretanto, quem não tenha dúvidas sobre a correlação.
É inquestionável a autoria do crime por parte de Fernando Gomes. Além da prova material possibilitada pela quebra do meu sigilo telefônico, a meu pedido, diga-se de passagem, aquela voz grave e incisiva que me retirou da concentração em torno da preparação do texto de direito de resposta não sai de minha cabeça. É evidente que jamais correlacionaria aquela voz ao autor se não houvesse a identificação do dono daquela linha de celular cuja identidade numérica foi sonegada em meu aparelho. Agora, entretanto, restaurada a verdade, não há dúvida de que é mesmo Fernando Gomes o agressor do outro lado da linha.
A Frente Andreense do Atraso, como se observa, tinha um legítimo representante para assuntos corporativos.