As prévias eleitorais do PT de Santo André vão pegar fogo neste domingo, quando a verdade das urnas vai acabar com prognósticos que conferem o milagre da multiplicação de votos a ponto de instalar Vanderlei Siraque e Ivete Garcia no pódio da vitória. Um dos dois vai dançar, isso é certo.
Por conta das prévias de domingo, resolvi contrariar mandamento de liberação de matérias da revista LivreMercado para o site de LivreMercado: antes que possivelmente todos os leitores tenham lido o texto no papel, colocamos, nesta sexta-feira, o texto na Internet.
Sou visceralmente contrário ao canibalismo editorial que a Internet impõe ao papel.
A reprodução pura e simples em tempo real ou mesmo com alguma defasagem temporal, quando não até se antecipando à impressão, desrespeita assinantes e anunciantes.
Sem contar que é um tiro no próprio pé. Tanto no Brasil quanto no mundo, salvo exceções, as publicações dependem do faturamento, do prestígio e da credibilidade do produto de papel.
A transferência do agregado desses insumos do papel para a Internet está conectada à própria marca da companhia editorial convencional. Há ainda muito preconceito com relação ao que se encontra gratuitamente na Internet porque não faltam oportunistas metidos a besta que se imaginam jornalistas de verdade e tornam a plataforma uma armadilha. Depositam-se lixos em forma de informação.
Abri a janela da exceção de levar rapidamente para a Internet a Reportagem de Capa deste novembro de LivreMercado porque as prévias do PT são neste domingo. Preferi a antecipação em nome da cidadania informativa. Mas, se não o fizesse, se deixasse para depois das prévias a transferência daquela matéria para a rede de computadores, não estaria equivocado.
Afinal, o tom que procurei imprimir naquele texto visou principalmente solidificar informações que pudessem, de imediato, dar um drible circunstancial nas prévias.
Para os leitores terem idéia mais precisa de alguns pontos cardeais que decidem a escolha de uma Reportagem de Capa, pesa sobremodo a longevidade das informações. Mais do que qualquer outro veículo, uma revista de circulação mensal não pode perder a perspectiva de que deve comportar Reportagem de Capa que resista ao tempo e, conjuntamente, que desafie o lugar-comum. Talvez por força desse hábito seja tão intolerante com a média do jornalismo diário impresso, cuja precariedade informativa chega ao paroxismo de antecipar-se à própria veiculação.
Como, então, escolhi para Reportagem de Capa o que aparentemente era inconciliável, ou seja, as prévias do PT de Santo André quatro dias depois de distribuída a revista de papel?
Optei, com minha equipe, após quebrar a cabeça e considerar que, além de questões inevitavelmente relacionadas às prévias, era providencial traçar perspectivas que, mesmo resultados definidos, levassem os leitores a se interessar pelo texto. Foi o que fizemos.
Duvido, portanto, que, passadas as prévias, a Reportagem de Capa que tem Siraque e Ivete cara a cara não seja avidamente procurada e que, mais que isso, não evoque, passe o tempo que passar, interesse renovado de leitura.
Querem exemplo prático do quanto é possível algo aparentemente pontual tornar-se perpétuo? Nas prévias do mesmo PT de Santo André, em 1992, nem LivreMercado nem qualquer outro veículo de comunicação da região foram a fundo na disputa entre José Cicote e Antonio Carlos Granado. O confronto acabou por provocar rupturas no partido e levou um Newton Brandão tão mais jovem quanto seus eleitores à vitória.
Daqui a duas décadas, três décadas, qualquer que seja o tempo, quando alguém quiser recuperar a contenda petista que definirá o concorrente às eleições municipais do ano que vem, terá na revista LivreMercado leitura obrigatória.
Aliás, foi por essas e outras que recomendei que se entregassem pelo menos 100 exemplares da publicação na noite de terça-feira última, durante o lançamento do livro da candidata Ivete Garcia, na Pizzaria Vero Verde. Solicitei que os exemplares fossem devidamente acondicionados em envelopes fechados com uma etiqueta dotada da seguinte frase:
“Leitura para quem tem cérebro”.
Pouco estou ligando para eventuais críticas. Não se trata de esnobismo, de exibicionismo, de arrogância, de nada disso. É apenas marketing fundamentado na história editorial da região. Outras mídias fazem marketing sem consistência alguma e nem por isso são descredenciadas.
Talvez adote a partir da próxima edição esse novo “slogan” na melhor publicação regional do País, embora, francamente, goste muito do utilizado já há tempos: “Uma publicação em defesa do capital social”.
“Uma publicação em defesa do capital social” é defesa prévia contra simplistas que enxergam na marca LivreMercado doutrina fundamentalista de capitalismo selvagem.
Qualquer dia desses procurarei explicar a alguns extremistas simplificadores qual é o significado de “LivreMercado”. Escolhi também a marca “Capital Social” como eventual novo produto editorial e salvaguarda ideológica diante de ataques precipitados de quem costuma ver pêlo em ovo.