Conforme prognosticou a revista LivreMercado deste outubro, mesmo correndo riscos de 10 dias de defasagem entre a pesquisa e as eleições, o presidente Lula da Silva derrotou o governador José Serra no Grande ABC por 4 a 3.
Houve algumas variações entre os numerais aferidos pelos entrevistadores do Instituto Brasmarket e as urnas, o que é natural, porque, como escrevi acima, são 10 dias que separaram o rastreamento científico e os resultados dos respectivos colégios eleitorais. Mas nada, absolutamente nada, que alterasse o sabor da sopa.
Tanto que estamos preparando texto analítico sobre o trabalho realizado, com fundamentação técnica e arcabouço científico. Gostamos de matar a cobra e mostrar o pau. Especialmente aos prevaricadores éticos que se autodenominam sabe-tudos.
O Instituto Brasmarket, contratado por LivreMercado, mostrou que não deve nada a qualquer outra instituição do gênero. Mesmo os mais badalados.
Para refrescar a memória dos leitores mais precipitados ou curiosos, reproduzo na sequência o “Editorial” de LivreMercado, nos trechos que tratam diretamente da pesquisa do Instituto Brasmarket.
A importância de colocar as peças das informações nos devidos lugares tem objetivo específico: LivreMercado e Instituto Brasmarket não podem ser colocados na vala comum da manipulação, porque não frequentamos essa praia. Vamos ao “Editorial”:
Chegou a hora de
a onça beber água
A franqueza que deve nortear as relações interpessoais não pode faltar na informação jornalística, por mais que os oportunistas de sempre tentem dar um drible da vaca com o uso muitas vezes abusivo da subjetividade. A situação eleitoral está claramente definida no Grande ABC, com nuances que complementam as sínteses.
Primeiro: os candidatos à reeleição, todos na órbita do governador do Estado, José Serra, potencialíssimo presidenciável em 2010, só estão esperando a abertura oficial das urnas para comemorar. A única dúvida de fato é saber qual deles estabelecerá novo recorde de votos válidos na história do Grande ABC, superando os 78,21% dos votos válidos de Luiz Tortorello em 2000, em São Caetano.
Segundo: nos quatro municípios que completam o G-7, onde não há reeleição em jogo, a disputa se encerra no primeiro turno em favor de candidatos sob a influência do presidente Lula da Silva, ou dá uma esticada quase de sobrevida aos concorrentes sob influência de José Serra, com possibilidades senão remotas, pouco consistentes de recuperação.
Essa é a tradução mais simples mas ao mesmo tempo mais sólida dos números aferidos pelo Instituto Brasmarket, contratado por LivreMercado para traçar estatisticamente os rumos das disputas eleitorais no Grande ABC. É a primeira vez que esta publicação, próxima de completar duas décadas de circulação, se mete em pesquisa eleitoral. E o faz, como já dissemos em outra edição, porque a democracia do voto está cada vez mais entranhada no destino do Grande ABC, como de resto do País.
Sabíamos que enfrentaríamos algum grau de maledicência, como outros veículos de comunicação que abrem espaço para o cientificismo eleitoral, mas não será a cara feia de um ou outro, ou a língua comprida dos inconformados, que nos faria recuar da decisão. Já enfrentamos borrascas maiores, mais complexas e também muito mais dilacerantes, com reflexos no enfrentamento autoritário de restrição publicitária.