Política

Quem vai ser o próximo vice de Luiz
Marinho pelo Paço de São Bernardo?

DANIEL LIMA - 28/12/2010

Convido o leitor a ler de novo o título deste artigo. Leia mais uma vez. Tente uma terceira. Uma quarta. Reparou o leitor no duplo sentido do enunciado? Insisto. Reflita um pouco depois de uma leitura calma, parcimoniosa, mastigada. Nada de leitura fastfoodiana que a Internet praticamente impõe. Conseguiu captar? Se não conseguiu, vou explicar: o título quer dizer duas coisas em uma. A primeira é que o prefeito Luiz Marinho precisa de um candidato a vice nas eleições de 2012. A segunda é que esse vice seja potencialmente o candidato ao Paço, pelo PT, em 2016 e, possivelmente, antes disso, em 2014, substituto de Luiz Marinho, que se afastaria para concorrer ao governo do Estado. Explicado? Tão simples, não é verdade?


Mas, muito mais que a armadilha semântica do título em questão, o que quero mesmo é antecipar um nome que ganha força, se robustece e pode aparecer sim na disputa pela vaga de vice-prefeito que o cantor forrozeiro Frank Aguiar praticamente viu derreter-se após o fracasso na tentativa de manter-se deputado federal, atingido em cheio como tantos outros assemelhados pelo efeito-Tiririca.


É mais que improvável a manutenção de Frank Aguiar na chapa de Luiz Marinho, candidatíssimo à reeleição. Tudo porque enxerga-se o cargo como trampolim à sucessão de Marinho. Não necessariamente, é verdade, mas um vice afinado programaticamente reduz os riscos de o PT sofrer convulsões nas eleições seguintes.


Frank Aguiar foi muito importante na força-tarefa que ajudou a eleger Luiz Marinho em 2008. Seus acordes reduziram a carga pesada de hostilidade cultural nos ambientes periféricos de São Bernardo, por conta de movimentos grevistas de ganhos e perdas.


Agora Frank Aguiar já não tem tanta serventia, entre outros motivos porque se vê que Luiz Marinho não é nenhum bicho papão. Muito pelo contrário, a julgar pela persistência com que se dedica à periferia. Bem mais que à própria imagem que demora a engatar uma segunda marcha na classe média, que cobra mais intelecto e menos transpiração.


Longe de ser no passado um Tiririca de Luiz Marinho, capaz de adocicar ingenuamente uma disputa ao lhe fazer companhia, Frank Aguiar entrou para a coluna de neutralidade que mata qualquer possibilidade de composição. Não há nada pior em política, sobretudo em disputa eleitoral, que um candidato morno. Frank Aguiar entrou em banho-maria depois do pesadelo Tiririca.


Sem mistérios, o vice dos sonhos de Luiz Marinho, segundo contam os mais próximos, seria o presidente do São Bernardo Futebol Clube, o advogado Luiz Fernando Teixeira. Também sentiria o cheiro da brilhantina de possibilidades um dos principais executivos do Paço Municipal, o sindicalista Tarcísio Secoli.


Entre os dois, garantem fontes, a visibilidade de Luiz Fernando Teixeira, fruto de bem estruturada organização esportiva, está muito adiante. Há projeção de instalar o São Bernardo na Série A do Campeonato Brasileiro antes que Luiz Fernando Teixeira saia candidato a prefeito em São Bernardo e também antes que Luiz Marinho decida concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. Tudo por volta de 2014.


A cronologia fortalece a projeção. O São Bernardo já consta da relação dos 20 times da Série A do Campeonato Paulista. E mais: faz ação de capilarização de torcida inédita na história do Grande ABC. Cada torcedor na arquibancada do Estádio de Vila Euclides e cada gol na competição vão significar o fortalecimento do cacife de Luiz Fernando Teixeira. Como se não bastasse o fato de integrar o grupo de orquestração petista de São Bernardo muito antes da definição oficial da candidatura de Luiz Marinho. Ou seja: Luiz Fernando é um artilheiro político escalado para atuar nos campos esportivos cujos resultados reforçam o credenciamento de gestor de qualidade.


É claro que a vida não é uma equação matemática, mas sem planejamento não se vai nem mesmo à próxima esquina.


São múltiplas as alternativas de que dispõe o comando estratégico do Paço Municipal para as eleições de 2012. Luiz Fernando Teixeira é observado com lentes de aumento. O presidente do São Bernardo seria o fio condutor de segurança como parceiro de chapa de Luiz Marinho. Em seguida, catapultaria sucessão do titular, cujo destino está previsto da seguinte forma: se desincompatibilizaria dois anos depois da reeleição para concorrer ao cargo de governador. Sem Luiz Fernando Teixeira, o padrão do material de segurança político-eleitoral que poderia ser adotado com algum aliado resultaria em risco de rompimento. O material de empatia e confiabilidade com alguém menos afinado ideológica e partidariamente seria menos flexível do que recomenda a cautela petista de sustentar uma cidadela simbólica do partido.


A cúpula petista de São Bernardo, agora reforçadíssima com a chegada do presidente Lula da Silva, não engoliu a revolta patrocinada pelos Manentes, pai e filho, que, associados a opositores ligados ao ex-prefeito William Dib, deram um chega-pra-lá no Legislativo. A maioria petista na Câmara Legislativa parecia jogo fácil para as duas próximas temporadas que anteciparão a disputa pela Prefeitura. A reviravolta mostrou que a oposição está vivíssima e os aliados não são tão aliados assim.


Petistas mais céticos com relação aos parceiros interpartidários ganharam força internas na interpretação dos fatos e na obstrução dos boatos. Agora potencializou-se a possibilidade de sustentar candidatura extremamente confiável relacionada ao partido.


Luiz Fernando Teixeira é essa alternativa mais saliente. Até porque, exceto Tarcisio Secoli, não há entre sindicalistas locais quem seja palatável à classe média de São Bernardo. Mesmo ao se considerar que a classe média de São Bernardo é diferente da classe média de Santo André e de São Caetano. A classe média de São Bernardo é egressa do chão das montadoras em proporção maior do que a classe média de Santo André e de São Caetano, mais de gabinete, mais de bancos escolares, mais de profissões liberais.


Como sempre ocorre, haverá desmentidos às projeções que colocam Luiz Fernando Teixeira na linha de frente das possibilidades eleitorais. Até os petistas mais empedernidos começam a admitir que a ideia é interessante. Luiz Fernando é habilidoso e suficientemente inteligente para parecer descentralizador, quando, de fato, tem os cordéis sempre sob controle rígido.


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