Política

PTB reage com Campos Machado
para manter vice com Frank Aguiar

DANIEL LIMA - 21/01/2011

Pegou fogo no boné do guarda da sucessão eleitoral a possibilidade de o vice-prefeito e ainda deputado federal Frank Aguiar ser excluído da chapa de Luiz Marinho à reeleição em São Bernardo. O PTB do presidente estadual Campos Machado mobilizou-se nas últimas semanas para pressionar o Paço Municipal, aproveitando-se do vácuo das férias do titular do cargo. A mensagem que apareceu no noticiário de jornal parece direcionar a algo inquestionável: não é porque Frank Aguiar se danou na busca da reeleição, detonado pelo fenômeno Tiririca, que será ejetado da gestão Marinho. O PTB, aliado natural do PSDB no Estado de São Paulo, poderia virar a casaca petista de acordo federal.


Também tem importância nas articulações que já se fazem na cúpula petista de São Bernardo a ponderação que leva a questão do companheiro de chapa de Luiz Marinho a arbitramento de peso menos decisivo. Tradução: o indicado não necessariamente seria candidato à sucessão do ex-sindicalista, previsto para meados do eventual mandato, de modo que o titular pudesse concorrer ao governo do Estado.


O problema todo é que fica muito difícil acreditar na avaliação de que o vice de Luiz Marinho não seria tão importante assim e que não alimentaria expectativa de concorrer ao Paço Municipal em 2016. Afinal, Frank Aguiar pode ser prefeito de complementação do mandato de titular e, com isso, ganharia fôlego para concorrer à reeleição. Algo que ocorreu com William Dib, vice-prefeito de Maurício Soares que assumiu na metade do mandato do titular e depois, vencedor das eleições municipais seguintes, governou por mais quatro anos.


A distância entre um caso já consagrado e outro ainda especulativo é que no primeiro o então prefeito Maurício Soares não era candidato a coisa alguma quando decidiu se afastar. E se afastou do cargo por razões e especulações que dariam para preparar texto de ficção para alguns e da mais pura realidade para outros.


Há duas certezas circunstanciais que poderão virar estruturais envolvendo o espaço reservado ao companheiro de chapa de Luiz Marinho às eleições de 2012:


A primeira é que Frank Aguiar está distante do poderio bélico-eleitoral de dois anos atrás, quando ajudou a derreter as muralhas de preconceito contra o passivo sindical sempre sujeito a controvérsias.


A segunda é que eventual ascensão de Luiz Fernando Teixeira, presidente do São Bernardo Futebol Clube, não seria do agrado de gente graduada tanto no Paço Municipal como nas esferas sindicais, de peso considerável na gestão do petista protegido pelo ex-presidente Lula da Silva.


Atribuem a Luiz Fernando Teixeira ares de independência acima da medida partidária que o PT de São Bernardo suporta.


Sempre que se fala em PT de São Bernardo há peso sobressalente de conotações. Trata-se de agremiação que não consegue escapulir do controle sindical, embora nos últimos anos, depois do afastamento de Vicentinho Paulo da Silva do portal de candidatura a prefeito e da aproximação de Luiz Marinho, tenha-se tornado mais palatável. Está distante do PT de Santo André, por exemplo, mais eclético na governança entre sindicalistas, acadêmicos, profissionais liberais e funcionários públicos.


É evidente que há ciumeiras contra Luiz Fernando Teixeira, vitorioso no planejamento e na execução do modelo de clube empresarial que após sucessivos acessos agora disputa a Série A do Campeonato Paulista. E também porque Luiz Fernando Teixeira pertence à cúpula da cúpula da administração municipal de São Bernardo.


A um ano e meio das eleições municipais o PT não está, portanto, muito diferente dos oposicionistas que encontram em William Dib e Orlando Morando, com ameaças de bandeamento do pai e do filho Manentes, um sarapatel de interesses de medição de forças para ver quem vai assumir a condição de titular de uma empreitada por demais salgada: vencer o filho dileto de Lula da Silva em seu próprio campo.


Quem entende o jogo de xadrez eleitoral em São Bernardo aposta que há uma carta na manga da camisa do PT para liquidar com qualquer tipo de desagregação entre os partidos que dão sustentação ao governo municipal: o secretário de coordenação de secretarias, Tarcisio Secoli, seria talhado para resolver o impasse. Egresso do sindicalismo mas com habilidade de ourives, Tarcisio Secoli trabalha em silêncio como supersecretário.


Leiam também:


Quem vai ser o próximo vice de Luiz Marinho pelo Paço de São Bernardo?


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