Política

Nem Miriam, nem João, nem Ivete,
nem Siraque: PT vai de Carlos Grana

DANIEL LIMA - 03/06/2011

Esqueçam a ministra Miriam Belchior, joguem para escanteio o ex-prefeito João Avamileno, invalidem a opção da ex-vice-prefeita Ivete Garcia e descartem o ex-deputado estadual Vanderlei Siraque: o nome que o PT trabalha intensamente entre militantes e filiados para disputar a Prefeitura de Santo André no próximo ano é o de Carlos Alberto Grana, deputado estadual eleito com 127 mil votos, dos quais perto de 25 mil em Santo André.


Carlos Alberto Grana dirigiu a Confederação Nacional dos Metalúrgicos e atua na mesma frequência de Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo. Que, por sua vez, está tão próximo do ex-presidente Lula da Silva que, em cerimônias públicas ou encontros em restaurantes, mesmo um atirador de elite disposto a cometer uma bobagem correrá o risco de errar o alvo. Se for Lula, como é mais provável, acertaria Marinho e possivelmente Grana.


Há imagens escrachadas que definiriam melhor do ponto de vista popular o que significa a intimidade entre Lula, Marinho e Grana, mas convém deixá-las para lá, porque esse é um espaço de respeito. Os exageros populares não precisam necessariamente ser transpostos aos leitores.


Para alguns oportunistas que vivem à sombra do Poder Público sem o menor pudor, a escolha de Carlos Alberto Grana é péssima notícia. Eventualmente eleito, o petista poderia quebrar uma correia de transmissão que lubrifica uma engrenagem espúria de marchas e contramarchas que tornam o andar da carruagem algo subjetivo demais.


Escrevi com certo hermetismo os últimos parágrafos de forma proposital. Há situações que exigem dos leitores um pouco mais de profundidade à leitura das entrelinhas.


Esse ex-integrante do Fórum da Cidadania do Grande ABC, dos bons tempos do Fórum, não tem por hábito ceder a pressões que o coloquem em posição de subserviência inesgotável. O tempo e a experiência o tornaram ainda mais maleável, mas não se pode confundir diplomacia com fraqueza. Grana é duro na queda. Fala grosso quando preciso. O relacionamento com os metalúrgicos o colocou na cara do gol da população mais obreira. Mas também tem fair-play com coturnos mais graduados da sociedade.


A candidatura do deputado estadual ainda está sendo costurada nos bastidores do poder petista, assim como entre os filiados, mas a perspectiva é de que não será preciso recorrer a prévias para consagrá-lo concorrente de Aidan Ravin ao Paço Municipal de Santo André. As lições do passado, de um PT dividido que acabou perdendo eleições praticamente homologatórias, não são esquecidas.


Corre nos bastidores petistas a mensagem que teria sido repassada tanto por Luiz Marinho quanto por Lula da Silva: Carlos Alberto Grana é o candidato preferencial da dupla e, portanto, com todo o respeito que os demais merecem, é melhor não entrarem em bola dividida. Há, claro, cuidados com possíveis desvios que inviabilizem aproximações internas indispensáveis. Não se pretende enfiar Carlos Alberto Grana goela adentro dos demais concorrentes petistas.


Não contabilizem Miriam Belchior, porque não passa de especulação tardia a possível candidatura da ministra de Planejamento. Miriam foi apenas delicada na semana passada quando não disse sim nem não à possibilidade de renunciar ao governo Dilma Rousseff. Há determinadas questões que não merecem mais que uma piscadela de atenção. E foi o que fez Miriam Belchior naquele encontro.


O que mais pesa a favor de Carlos Alberto Grana, além da aproximação com caciques locais, regionais e nacionais do PT paulista, é a capacidade de aglutinação de forças. O que atrapalha Carlos Alberto Grana é a excessiva marca sindical. Nada, entretanto, que não possa ser corrigido, garantem idealizadores de sua candidatura.


A participação de Grana no Fórum da Cidadania, aliás, é um dos elementos históricos de sensibilização dos contrários. Ele foi um dos líderes daquele movimento social, gestado em meados da última década do século passado.


O envolvimento do então sindicalista soa natural nestes tempos em que os contrários se encontram. Naquela etapa da vida regional, rescaldo dos tempos de embates entre capital e trabalho, um representante dos trabalhadores integrando-se a movimentos de instituições conservadores era algo extraordinário. Uma novidade e tanto.


Carlos Alberto Grana é um nome forte à Prefeitura de Santo André. Como seria Miriam Belchior, Vanderlei Siraque, João Avamileno e Ivete Garcia. A diferença a seu favor é que além de nome forte é amigo do homem que é amigo do homem.


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