Devido à inadequação de seu terreno para a atividade agrícola, a região hoje conhecida como Grande ABC teve no setor secundário seu principal vetor de crescimento. Como exemplo, vale notar que relatório dos padres beneditinos encontrado no Mosteiro de São Bento, datado de 1758, já indicava a existência de duas olarias onde hoje é o Município de São Caetano.
No início do século XX, a Vila de São Bernardo mantinha 60 fábricas de carvão, 11 engenhos, seis moinhos de fubá, seis olarias, cinco oficinas de carpintaria, três funileiros, dois fabricantes de bebidas, dois fabricantes de charutos, uma marcenaria, uma pedreira e uma empreiteira de obras. Em Santo André (então Bairro da Estação) existiam duas indústrias têxteis, sendo que uma produzia casimira, além de uma fábrica de cadeiras. Em São Caetano (na época Vila da Paz), além das olarias, destacavam-se uma fábrica de formicida, uma de pólvora, uma de vinho e uma de sabão e graxa. Em Pilar, atual Mauá, o destaque era para as pedreiras e olarias.
Na década de 20, no calmo cenário da região, podia-se notar a presença de crescente contingente de indústrias importantes que aqui se instalaram motivadas por fatores como:
n Existência da estrada de ferro São Paulo Railway, inaugurada precariamente em fevereiro de 1867;
n Construção da Usina Henry Borden, que viria a garantir o abastecimento de energia elétrica;
n Existência de mão-de-obra mais qualificada, constituída pelo grande contingente de imigrantes que havia começado a se transferir para a região entre os anos de 1882 e 1891;
n Localização privilegiada, entre a Serra do Mar e a Bacia do Tamanduateí, com fácil acesso ao Porto de Santos e à cidade de São Paulo;
n Ocupação e valorização dos terrenos nos bairros da Luz, Brás, Água Branca e Mooca, primeiros núcleos industriais da Capital paulista;
n Facilidade para recepção de mercadorias e distribuição dos produtos acabados, posteriormente ampliada pela inauguração da Via Anchieta (e mais recentemente a Rodovia dos Imigrantes).
Para identificar essa vocação industrial, constata-se que em 1937 as 20 maiores indústrias instaladas no Grande ABC empregavam 10.866 trabalhadores, dos quais 48,8% no ramo têxtil, com predominância da produção de seda, 14,3% produziam louças, 9,6% atuavam nas indústrias metalúrgicas e 8,1% na única montadora de então, a General Motors. Os 19,2% restantes estavam distribuídos por empresas de fios elétricos (6,3%), pentes e botões (4,5%), cartuchos (2,2%), móveis (2,2%), máquinas (1,6%), química (1,3%) e cimento (1,1%). Em 1949, a região apresentava 741 estabelecimentos industriais.
Somente na década de 50 as montadoras de automóveis passaram a exercer papel de importância para a região. Motivados por essa presença, instalaram-se muitos estabelecimentos industriais do ramo de autopeças, também responsável pelo significativo desenvolvimento econômico regional gerado por esse conjunto denominado indústria automobilística. A tríade responsável por essa expansão econômica completa-se com a implantação do Pólo Petroquímico, em 1972.
A instalação de importantes indústrias nacionais e estrangeiras já contribuía para formar a imagem de núcleo dinâmico de trabalho que ainda hoje identifica o Grande ABC. Porém, as características urbanas vigentes estavam distantes de propiciar padrão de vida correspondente ao desenvolvimento industrial que se notava. Um setor terciário anêmico fazia com que as necessidades relativas ao comércio, educação e cultura tivessem de ser satisfeitas fora da região.
Essa rápida retrospectiva está longe de pretender ser referencial histórico, o que já foi feito com muito mais competência por inúmeros historiadores, mas se faz necessária para evidenciar que os momentos gloriosos da economia regional foram resultantes de evolução espontânea, sem que houvesse algum esforço organizado para que ocorressem. Desde sua origem, não há relato histórico de nenhuma ação planejada na região que apresentasse sinais de preocupação com as decorrências futuras. Essa ausência de planejamento resultou numa histórica falta de políticas públicas adequadas às pessoas, às épocas e aos lugares, o que significou para a economia regional caminhar todo o tempo ao sabor dos ventos. Todos ficaram sempre embevecidos e anestesiados com a idéia de que a opulência dos meados do século seria eterna. E sentaram-se nas varandas de suas casas esperando o tempo passar. O tempo passou e veio uma nova economia, que penalizou muito o Grande ABC.
No mundo todo notam-se cidades, regiões e países que apresentam sintomas de degradação econômica e suas consequências. Nos Estados Unidos, cerca de 60% dos Estados e 75% das cidades encontravam-se com sérios problemas econômicos e financeiros em 1991. Essa constatação não pretende servir de consolo, mas evidenciar que estamos diante de um fenômeno comum, acima de tudo previsível e muito frequente em períodos que se sucedem aos de desenvolvimento acelerado. Portanto, a única coisa a fazer é identificar as causas, arregaçar as mangas e envolver-se em ações concretas que revertam esse quadro, tal qual tantas outras regiões já fizeram.
Períodos de crescimento sempre terminam, pois o próprio crescimento deixa sementes para sua destruição. Imaginemos uma região qualquer que seja muito atraente e próspera. Novas indústrias instalam-se e passam a existir muitas oportunidades de emprego. Enfim, a qualidade de vida passa a ser muito boa. Certamente, ocorrerá migração interna de novos negócios e investimentos, tanto quanto de novos moradores e visitantes. Naturalmente, os custos dos imóveis aumentarão, assim como o custo de vida em geral. A infra-estrutura será pressionada, tornando-se insuficiente, e as demandas sociais crescem. As grandes empresas são afetadas por essa nova situação e algumas se mudam; as que ficam têm custos aumentados. O desemprego aumenta. Os outros negócios também são afetados. Aumenta o déficit orçamentário das cidades. A infra-estrutura sofre um colapso. Os bancos passam a ser muito mais exigentes para conceder créditos, agravando a situação das empresas. Agravam-se, também, as necessidades sociais e a criminalidade. A imagem da região deteriora-se. Para as autoridades, normalmente políticos competentes mas governantes nem tanto, restará muito pouco a fazer depois que esse quadro estiver instalado.
Qualquer semelhança entre essa situação e o Grande ABC não é simples coincidência. Trata-se do processo dinâmico de crescimento e decadência de qualquer país, Estado, região ou cidade cuja administração pública não se preocupa com o planejamento. Se os governantes forem frágeis, indispostos a enfrentar a situação por não desejarem melindrar pessoas ou grupos de interesse, esse processo acelera-se e atinge a comunidade na qualidade de vida e na auto-estima.
Em qualquer circunstância, independentemente das condições econômicas existentes, a evolução natural dos acontecimentos acaba por criar novas situações. Ciclos de crescimento e declínio motivados por fatores específicos de uma região, que podem ser chamados internos, ou por fatores resultantes do impacto de forças externas incontroláveis, são normais e previsíveis. Alguns revertem-se, outros perpetuam-se, dependendo da intervenção realizada pelas autoridades instituídas ou pela sociedade organizada.
Os avanços tecnológicos, por exemplo, são típicos fatores incontroláveis que afetam drasticamente a vida das cidades e das pessoas e provocam situações ambíguas: quanto mais a tecnologia aprimora-se, permitindo sensíveis aumentos de produtividade e de competitividade das empresas, mais cresce o desemprego. Essa situação, frequentemente transformada no argumento utilizado pelos governantes para justificar os índices de desemprego, também não é nova. Corresponde ao que o economista Joseph Schumpeter chamou de destruição criativa, exemplificada pela invenção do automóvel que tornou obsoletos os cavalos, seus tratadores, os ferreiros, as carruagens e seus fabricantes. Porém, fez surgir estradas e vários outros serviços como postos de combustível, restaurantes e os relativos à manutenção das vias e dos veículos.
Assim, do ponto de vista macroeconômico, a evolução tecnológica não pode ser apresentada como grande vilã, responsável pela eliminação de postos de trabalho. Na realidade, elimina alguns e cria outros. Cabe a cada região perceber as tendências de mudança em âmbito global e identificar entre as novas oportunidades econômicas que surgem quais são compatíveis com sua vocação e adaptar as condições existentes. Ou viabilizar novas para que possa aproveitá-las.
As cidades ou regiões que apresentam involução econômica e social podem reagir de inúmeras formas. Algumas não fazem nada por falta de liderança ou por comodismo e passividade. Outras, a maioria, buscam formas de aumentar a arrecadação por acreditarem que dinheiro resolve tudo. Algumas implantam regime de contenção de despesas, inclusive privatizando serviços públicos para economizar dinheiro. Muitas procuram atrair novos investimentos produtivos que possam incrementar a oferta de empregos, estimular a economia local e, em decorrência, aumentar a arrecadação. A versão mais agressiva dessa busca incessante por incrementar a economia local é representada por aquelas regiões que fazem concessões de todo tipo, doando terrenos, abrindo mão de impostos, investindo em infra-estrutura. Visam, assim, tornar-se mais atrativas a novas empresas. Todas essas maneiras de reagir aos problemas econômicos regionais têm frequentemente em comum a falta de esforços para conhecer os motivos que levaram as localidades a regredir. Ou seja, ainda que resolvam momentaneamente o problema, fatalmente haverá recaída, pois atuam sobre efeitos e não sobre causas desconhecidas.
Os problemas que afetam a saúde de uma cidade ou região vão muito além do que apenas medidas fiscais ou econômicas possam resolver. Além dos aspectos quantitativos dos orçamentos e da economia local, as regiões representam lugares que contêm pessoas, culturas, história, patrimônio físico e oportunidades. A escolha de um lugar para se instalar ou visitar é decorrente de complexo processo de seleção que leva em conta inúmeros fatores, que vão da análise da qualidade de vida à infra-estrutura logística. Vale lembrar que toda escolha implica em uma renúncia, isto é, se uma região pretende ser escolhida entre várias outras, não basta ser considerada um bom lugar para morar, visitar ou instalar uma fábrica. É necessário ser percebida pelas pessoas que integram seu público-alvo como melhor do que as outras. É preciso que essas pessoas renunciem a outras localidades. Quando alguém procura um lugar para morar, visitar ou implantar empresa, normalmente está atrás de algo novo e altivo e fará grande esforço para se afastar do que seja triste, rançoso, deprimente.
Muito poucas regiões reagem à crise elaborando sério planejamento estratégico voltado para o mercado. Estamos falando de marketing, atividade que tem por finalidade administrar processos de troca visando sempre maximizar a satisfação das partes envolvidas. Na realidade, a essência da questão do desenvolvimento regional reside em gerenciar bem um processo de troca entre a região e seus diversos públicos ou mercados-alvo. Essa troca é, em tudo e por tudo, comparável ao que acontece, por exemplo, com empresas que trocam os benefícios que seus produtos ou serviços possam oferecer a um determinado segmento de mercado pela remuneração decorrente da venda do mesmos produtos e serviços.
O fenômeno conhecido por globalização, característico da nova economia mundial, faz com que todas as regiões necessitem competir com as outras para obter vantagens econômicas. As localidades não devem se considerar simples cenários onde se ambientam atividades empresarias. Muito além disso, as comunidades devem aceitar uma mudança importante: transformar-se em vendedoras de produtos, serviços e idéias; em promotoras dos produtos fabricados em seu território e do valor de sua localidade. Os países, os Estados, as regiões e as cidades devem identificar com clareza quais são as expectativas de benefício que seus clientes têm e quanto o que podem oferecer os satisfaz. Uma classificação preliminar e genérica desses clientes remete-nos a cinco tipos de públicos-alvo ou segmentos de mercado:
n Moradores
n Visitantes
n Empresários e empreendedores locais
n Investidores potenciais
n Habitantes de outras localidades em âmbitos nacional e internacional, com as quais a região mantém relações.
Tome-se um desses públicos, os moradores, para exemplificar essa relação de troca. Sob a ótica político-social, os habitantes de uma localidade devem ser considerados cidadãos, com todos os direitos e deveres. Porém, no âmbito da gestão pública, as pessoas devem ser consideradas clientes dos serviços públicos. Esses clientes têm problemas e necessidades que dependem desses serviços para serem satisfeitos e, portanto, esperam que a administração pública desempenhe bem seu papel em troca dos tributos e tarifas que pagam. Infelizmente, a maioria das cidades considera os indivíduos reféns e não clientes, residindo aí a grande fonte geradora do desgaste no relacionamento entre munícipes e administradores públicos.
Não se sugerem ações promocionais cosméticas e criativas, que apenas visam anestesiar as pessoas, convencendo-as a comprar o que não querem. Essa visão a respeito do marketing encerra um grande equívoco. Na realidade, o compromisso do marketing é com a maximização da satisfação das partes envolvidas no processo de troca. Isso pode ser bem evidenciado se observarmos as etapas de um Planejamento Estratégico de Marketing de uma localidade, que contemplam:
n Efetuar diagnóstico visando conhecer os pontos fortes e fracos da região como um todo, bem como os aspectos positivos e negativos em relação a cada um dos segmentos de mercado. Um dos aspectos mais importantes dessa etapa é conhecer as expectativas de benefício desses segmentos e identificar a capacidade da região em satisfazê-las.
n Estabelecer objetivos e programas de ação que permitam maximizar as oportunidades e minimizar as ameaças encontradas no diagnóstico.
n Delinear as estratégias do composto de marketing da localidade para cada segmento.
n Identificar os instrumentos de controle que garantam que as ações previstas estejam atingindo os resultados esperados.
n Produzir documento a ser compartilhado entre todos os parceiros envolvidos relatando o conteúdo do plano de marketing.
n O composto de marketing citado entre as etapas do planejamento corresponde aos fatores controláveis pela região. No marketing convencional, contemplaria as estratégias de produto, preço, promoção e distribuição. Quando aplicado às localidades, se configura como:
n Garantir boa prestação dos serviços básicos esperados pelo público de cada segmento e manter infra-estrutura satisfatória.
n Identificar o conjunto de fatores que é percebido pelos segmentos de mercado, como qualidade de vida, e implementar os serviços desejáveis e ainda não existentes, complementando os já oferecidos.
n Divulgar (promover) suas melhorias, seus valores e sua qualidade de vida, buscando posicionar a localidade na mente das pessoas integrantes dos segmentos através da fixação de uma imagem e identidade.
n Obter apoio de todos os cidadãos, líderes, formadores de opinião e instituições para estimulá-los com os objetivos do plano.
A aplicação do ferramental de marketing para auxiliar regiões compostas por diversos municípios a encontrar o caminho do desenvolvimento socioeconômico implica que haja disposição de todas as autoridades municipais em engajar-se por inteiro na atividade de planejamento estratégico de marketing. Vale dizer que o planejamento de cada Município deverá considerar o planejamento regional como referência. Cada cidade terá seu perfil de desenvolvimento definido por meio do diagnóstico, a fim de que possa ser garantida a sinergia entre todos os municípios que compõem a região. Cada qual deverá definir sua vocação, isto é, o conjunto de atividades empresariais que melhor se adequem à sua realidade e, portanto, se dispor a abrigar e oferecer boas condições de desempenho. Por exemplo: São Caetano pode optar por ser reconhecido como núcleo universitário de excelência, devido ao pouco que deveria investir para aprimorar os centros universitários que já possui. Por complementaridade, bem como pelo alto preço das áreas industriais disponíveis, São Caetano pode ser também um núcleo avançado de indústrias de alta tecnologia e serviços, conhecidas como indústrias verticais, devido a pouca área que necessitam. Por seu turno, Mauá, que possui maior oferta de grandes áreas industriais, pode acolher as organizações horizontais, que necessitam de maiores extensões territoriais, bem como de outros serviços inerentes a esse tipo de atividade, como abastecimento de energia elétrica, água, vias de acesso para caminhões pesados e ligação rodoviária com os grandes centros. Assim, cada Município da região deve definir seu perfil de maneira sinérgica. Uma indústria de porte poderá optar por Mauá porque bem próximo, em São Caetano, existe oferta da tecnologia de que necessita e do suporte para operar. Um planejamento regional integrado, voltado para o mercado, tende a agradar a todos.
É fundamental que os segmentos de mercado, particularmente os externos, como os investidores de fora, os visitantes, turistas e habitantes de outras regiões em geral, percebam o Grande ABC como se fosse um todo indivisível, uma só localidade que ofereça pacote de utilidades que se complementam para satisfazer as necessidades, melhor do que qualquer outro local. Só assim será possível conseguir adequado posicionamento de mercado; isto é, conquistar um lugar na mente das pessoas que constituem seu público-alvo de modo a permitir que ocorra associação imediata com os valores positivos da região. Caso não aconteça esse posicionamento de mercado, a tarefa de promoção ficará extremamente prejudicada, tanto quanto a formatação do composto de marketing de localidade. O máximo que se conseguirá realizar serão algumas ações genéricas, institucionais, que, por sua própria natureza, são menos agressivas e persuasivas e, portanto, menos efetivas do que aquelas que podem ser feitas quando se atinge a homogeneidade dos argumentos promocionais.
Essa integração não implica que os municípios percam autonomia ou independência de decisões. Evidentemente, os aspectos internos de cada um serão considerados e tratados pelas respectivas autoridades municipais. Apenas as circunstâncias relativas ao desenvolvimento integrado da região é que deverão seguir diretriz traçada em âmbito regional.
Os principais problemas que atormentam o Grande ABC dependem de ações integradas. Não se concebe que se possam tratar apenas no âmbito dos municípios problemas como os de segurança pública, saúde, transporte, geração de emprego e renda, ensino de nível médio e superior, preservação ambiental e tantos outros que compõem o conjunto de fatores que estabelecem a qualidade de vida oferecida por uma cidade ou região. Portanto, independentemente do fato de ser vital para a adoção de marketing visando o desenvolvimento regional, a integração dos municípios é necessária para que os problemas apontados, como tantos outros, possam ser solucionados e, com isso, garantam o bem-estar da população que reside na região.
Se quisermos de fato reverter as condições negativas que marcam a economia regional, necessitaremos fundamentalmente da integração. Conquistar novos investimentos em novas indústrias, tanto quanto estimular expansões e modernização das empresas já instaladas, é tipicamente um trabalho de marketing e, por isso, implica na adoção de um plano regional elaborado sob a ótica mercadológica.
Quem olha a região à distância tem nítida sensação de que esse problema já foi superado. A existência do Consórcio Intermunicipal de Prefeitos, da Câmara Regional, do Fórum da Cidadania e da Agência de Desenvolvimento Econômico sugere que o Grande ABC superou as barreiras do individualismo e atua de maneira coordenada e complementar. Na realidade, muito já foi feito, mas apenas parte do caminho foi trilhado. Analisando-se o que já foi alcançado, pode-se observar que a integração entre os municípios ocorre quando se trata de pleitear junto a outras instâncias demandas que não impliquem concessão ou os benefícios sejam muito maiores. Nas poucas vezes em que as administrações municipais tiveram de enfrentar situação em que deveriam ceder algo em prol da região, mas que significasse mais do que receberiam de benefício individual, não se chegou a acordo. Exemplo recente foi o impasse criado pela implantação de uma unidade da Febem: nenhum Município ofereceu espaço, embora alguns tivessem áreas disponíveis.
A região vive momento decisivo, do qual poderemos partir para a consolidação da integração efetiva, tão almejada e necessária para o desenvolvimento, ou estagnar e permitir que o futuro flutue ao sabor dos ventos. O primeiro passo a ser dado é assumir que ainda persiste comportamento individualista dos municípios e, com muito desprendimento, encarar de frente o problema. Essa tarefa depende de maturidade e visão estratégica de todas as autoridades. Aqui talvez resida o maior problema: não se trata deste ou daquele prefeito não se alinhar e sim da totalidade aceitar a integração como estratégia de gestão pública. Nesse sentido, será decisivo o papel que a opinião pública se dispuser a exercer, demonstrando aos governantes que valoriza e deseja a integração regional. Resta saber se os munícipes realmente querem essa integração, ainda que possa significar alguma concessão momentânea.
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27/07/2001 Aparelho cultural está desatualizado