Entrevista Especial

Sérgio Guedes é econômico, mas
esclarecedor sobre São Caetano

DANIEL LIMA - 25/06/2010

Nesta Entrevista Especial com o técnico Sérgio Guedes, que está preparando o São Caetano para conquistar um dos quatro primeiros postos na Série B do Campeonato Brasileiro, com direito ao acesso à Série A do ano que vem, os leitores vão ser surpreendidos. Pela primeira vez este trabalho geralmente realizado por e-mail apresenta característica diferenciada: o volume de caracteres das indagações formuladas ao entrevistado é maior que o total de caracteres de respostas. Isto mesmo: Sérgio Guedes foi extremamente econômico, quase monossilábico, nas declarações.


A explicação para essa inversão de densidade, porque geralmente as respostas ultrapassam em até quatro ou cinco vezes o total de caracteres das perguntas, é que Sérgio Guedes não se dá com a tecnologia da informação. Internet não é a praia desse ex-goleiro de carreira discreta que se tornou técnico de relativo sucesso. Tanto que levou a Ponte Preta de Campinas ao vice-campeonato paulista de 2008.


O São Caetano que está entre os oito primeiros colocados na classificação geral da Série B depois de sete rodadas, a apenas três pontos do primeiro colocado, é a nova esperança de Sérgio Guedes voltar a constar da lista de treinadores mais promissores do País. Ele apanhou a equipe em má situação na tabela e, mais que isso, voltada demais à defesa, e a colocou próximo da ponta. Está aproveitando o quarto escuro em que foram metidos os times brasileiros durante a Copa do Mundo para preparar os holofotes que iluminarão os caminhos da equipe na temporada que reserva outras 31 rodadas.


Ao contrário do que transparece nas respostas nesta Entrevista Especial, Sérgio Guedes é extensivo nas respostas após treinamentos e jogos. É um dos técnicos que mais sabem elaborar raciocínios táticos e técnicos. Fala com fluência. Dá-se muito bem com a Imprensa exatamente porque jamais transparece excessos de vaidade e clareia veredas nem sempre perscrutadas pelos jornalistas.


Apontado por profissionais de diversas comissões técnicas com os quais atuou como exemplo de dedicação à moldagem de grupo de jogadores, Sérgio Guedes confirma que está condicionado a valorizar o conjunto, não individualidades. Aliás, deixa evidenciado que as individualidades devem estar a serviço do coletivo.


Por mais que esta Entrevista Especial com Sérgio Guedes pareça exotismo jornalístico, já que, repetimos, é extremamente escasso na quantidade, o valor deste material está no conteúdo profundo, embora bastante discreto. Sérgio Guedes transmite mais microconceitos do que informações detalhadas.


Para quem é do ramo esportivo, não há complexidade alguma em avaliar o perfil do treinador do São Caetano. Para quem não é tão versado na linguagem futebolística, esta Entrevista Especial parecerá extremamente hermética. Para esses, a melhor tradução do modelo Sérgio Guedes como treinador é que ele não acredita mesmo em sucesso sem disposição de ir à luta, e valoriza comprometimento e dedicação de todos os jogadores. E respaldo de dirigentes.


Prepare-se, portanto, para uma leitura mais meticulosa das respostas de Sérgio Guedes. O que eventualmente ganhar contornos de reticências significará de fato algum grau de dificuldade para compreender a filosofia que o treinador adota. Algo que pode ocorrer, de fato. O antídoto é a análise mais estrutural das respostas, fugindo-se, portanto, do pontual da respectiva microresposta.


Você acredita que conseguirá, nesse período de preparação proporcionado pela Copa do Mundo, dar ao São Caetano o equilíbrio tático que faltou nas últimas temporadas? Será o time capaz de mostrar consistência defensiva e ofensiva no mesmo grau, já que, anteriormente, o sistema defensivo sempre foi melhor?


Sérgio Guedes – Com uma equipe comprometida certamente terá uma evolução substancial.


O que faz um bom time de futebol jogar o que sabe jogar: as individualidades acima do conjunto ou o conjunto sobrepondo-se às individualidades?


Sérgio Guedes – Um bom conjunto com certeza propicia momentos de individualidade.


Você é adepto da formação com três zagueiros, dando liberdade aos alas, ou prefere mesmo o convencional de quatro defensores em linha?


Sérgio Guedes – Depende muito da característica adversária.


Você prefere um centroavante com mais habilidade técnica, capaz de participar do conjunto, ou entende que um matador do estilo Washington é imprescindível?


Sérgio Guedes – No caso atual do São Caetano, uma referência ajuda mais.


Qual é a maior diferença entre contar com um time para a Série A e contar com um time para a Série B do Brasileiro? Você acha que a qualidade técnica sempre faz a diferença, independente da disputa?


Sérgio Guedes – São campeonatos com qualidades distintas, se adequar a ele é determinante.


Everton Ribeiro passou a ter uma nova dinâmica individual e coletiva. Não está mais jogando preso à esquerda. Movimenta-se também pela direita, dando assistência ao ala Arthur. Você é contrário à monotonia de ocupação de espaço ou entende que, por ser canhoto, ele acaba rendendo mais jogando pela direita?


Sérgio Guedes – É um atleta que precisa ser muito participativo; quando isso acontece cria-se um diferencial.


Você entende que conta com um elenco capaz de produzir alternativas táticas num mesmo jogo e também em jogos contra adversários diferentes ou, para chegar a esse ponto, ainda há buracos que precisam ser fechados com contratações?


Sérgio Guedes – O elenco é capaz, treinamento dedicado melhorará os compartimentos.


Dos 20 times que disputam a Série B do Brasileiro, quantos têm realmente condições de disputar os quatro primeiros lugares?


Sérgio Guedes – Hoje, 12 equipes.


O que é mais difícil: chegar entre os quatro primeiros da Série A do Campeonato Paulista ou entre os quatro primeiros da Série B do Brasileiro?


Sérgio Guedes – Por ser mais longo, a Série B dificulta mais.


Há diferenças profundas entre disputar o Campeonato Paulista e o Campeonato Brasileiro da Série B?


Sérgio Guedes – Campeonato mais longo desgasta-se mais, por exemplo, transferências, lesões, suspensões.


Você, mesmo intimamente, com seus botões, tem de cabeça os times que acha que contam com maiores possibilidade de subir para a Série A do Campeonato Brasileiro no ano que vem?


Sérgio Guedes – Depende muito de uma regularidade que nem todos conseguirão manter durante a temporada.


Qual é o seu planejamento de pontos para a disputa do acesso? Você tem um esquema pré-definido, de tantos pontos em tantos jogos, subdivide os compromissos e define o número de pontos que precisam ser feitos ou deixa a bola rolar sem nenhuma preocupação nesse sentido? Traduzindo: você escalona o campeonato em vários torneios com objetivos de pontuação pré-definidos ou observa a competição como um todo?


Sérgio Guedes – Argumentar bem com os atletas, fazendo com que eles entendam que o próximo será mais difícil. Havendo esse entendimento cria-se o equilíbrio.


Se tivesse que definir três pontos vitais sobre os quais se constrói uma equipe para chegar entre os quatro primeiros da Série B, quais você listaria?


Sérgio Guedes – Comprometimento, Transpiração e Inspiração.


É possível, puxando pela memória, afirmar que determinada experiência jamais será repetida por você, porque se mostrou frustrante? Essa situação pode ser exposta, mesmo que seja o caso de preservar os nomes dos envolvidos.


Sérgio Guedes – Sou idealista, fico feliz na vitória, administro decepções, no futebol é assim.


Qual foi a equipe que até agora, sob seu comando, você tem mais orgulho de dizer que deixou suas digitais de trabalho? É possível reproduzir esse sucesso no São Caetano?


Sérgio Guedes – Respeito e confiança recíproca é minha diretriz. Se não confio no sucesso deixo para alguém fazer.


Você é mesmo um técnico que precisa de todo o respaldo diretivo para alcançar os resultados imaginados?


Sérgio Guedes – Isso é determinante, mas na prática é pouco comum.


Você estabeleceria um divisor de águas entre um treinador que tenha sido jogador de futebol e um treinador que não tenha tido essa experiência?


Sérgio Guedes – Não é uma regra, mas traz mais ensinamentos.


Se você não tivesse sido jogador de futebol, no caso goleiro, teria as mesmas qualificações como treinador?


Sérgio Guedes — Provavelmente não.


É bom ou é ruim para uma equipe, como a do São Caetano, e também do Santo André, que também já foi dirigida por você, não contar com a pressão de torcedores? É mais complicado dirigir uma Ponte Preta, por exemplo, equipe pela qual você foi finalista de Campeonato Paulista contra o Palmeiras?


Sérgio Guedes – Para mim não existe maior pressão que a pessoal; amo vencer.


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