Em resposta à ação que o empresário Milton Bigucci encaminhou à Justiça para impedir que este jornalista escreva sobre suas atividades na Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC), CapitalSocial decidiu dar a melhor e mais democrática resposta: produziu nova bateria de perguntas, encaminhando-a ao endereço eletrônico do dirigente e também pelos Correios.
O material reforçará a defesa deste jornalista caso Milton Bigucci decida mesmo seguir em frente com a medida judicial. A Justiça de São Bernardo negou a Milton Bigucci a suspensão de todo o material relativo à Acigabc postado nesta revista digital. O juiz da 4ª Vara Civel agiu com sensibilidade e responsabilidade ao determinar um encontro conciliatório do qual este jornalista não participará. A missão que se descortina agora é provar que o dirigente da Acigabc age com deliberada intenção de amordaçar um veículo de comunicação porque busca a consagração burra da mídia que lhe estende o tapete vermelho de subserviência ditada por investimentos publicitários.
O que Milton Bigucci pretende, em resumo, é que CapitalSocial simplesmente ignore o mercado imobiliário da Província do Grande ABC, no qual a Acigabc, formada diretivamente por um grupinho de amigos que praticamente nada produzem, navega em águas plácidas da consagração da inutilidade.
A força econômica da Acigabc e dos empreendimentos dos dirigentes que giram em torno de Milton Bigucci já desencadeou espécie de ditadura de comunicação na região. A maioria da Imprensa ignora completamente o fosso entre a entidade e a grande maioria das empresas que atuam no setor, além do alheamento às questões de responsabilidade social.
Ao elaborar o questionário que segue abaixo, CapitalSocial complementa ação divulgada em 13 de setembro do ano passado, quando encaminhou série de perguntas ao presidente da Acigabc. Jamais obteve qualquer resposta. Isso significa que a Acigabc nega-se à democracia do contraditório. Prefere construir aberrações interpretativas e encaminhá-las à Justiça na tentativa de obter unilateralmente uma violação ao direito à informação que este veículo digital desempenha tendo como único patrão o interesse dos leitores.
Em relação aos questionamentos formulados há quase um ano, CapitalSocial incorporou novas perguntas e também reformulou algumas questões, atualizando-as. A gênese desse trabalho é evidente: este jornalista defende completa reformulação estrutural e conceitual da entidade que supostamente representa os empreendedores do setor imobiliário na Província do Grande ABC.
O conjunto de indagações não foge da base doutrinária deste veículo de comunicação, que, por sua vez, é resultado de várias décadas de atuação profissional deste jornalista: a necessidade de a sociedade como um todo aplicar novos dispositivos de atuação para atenuar os efeitos do rebaixamento da qualidade de vida, principalmente nos grandes centros urbanos.
Agora, as perguntas a Milton Bigucci.
CapitalSocial – Quais são as razões que justificariam o fato de o senhor comandar a Acigabc há duas décadas? Falta representatividade no setor que favoreça a rotatividade diretiva? O senhor se sente confortável em manifestar-se sobre a longevidade do regime militar quando, guardadas as devidas interpretações, repete o perfil como dirigente de classe?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Os indicadores do mercado imobiliário da região anunciados sempre com muito entusiasmo pelo senhor são comprovadamente falhos, imprecisos, inconsistentes, entre outros motivos porque não reúnem gama razoavelmente respeitável de dados. Ultimamente, passou a incorporar alguns dados de Diadema e de Mauá, mais propriamente do projeto do governo federal Minha Casa, Minha Vida, cujos números são tratados como do conjunto daquelas cidades. O senhor não se sente constrangido quando anuncia à imprensa supostos dados estatísticos do Grande ABC, sabendo-se como se sabe que nem a entidade-matriz do setor imobiliário, na Capital, conta com informações seguras para quem deseja tomar conhecimento e decisões? Por que a entidade que dirige não abre a metodologia e os dados a uma avaliação mais precisa e recorre a especialistas para organizar números mais confiáveis?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O senhor é acusado por ex-integrantes da entidade de não atuar democraticamente. Daí a explicação para o quadro de associados restringir-se a alguns amigos pessoais. As reuniões da classe não passam de encontros informais. É verdade que nos últimos tempos, por força de questionário que lhe enviamos em setembro do ano passado, houve clara disposição para incorporar novos associados, mas ainda o quadro geral está muito abaixo da representação esperada, sem contar que políticas internas de imersão na realidade regional são praticamente inexistentes. O que teremos nos próximos tempos?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Que tal o senhor colocar no site da entidade que dirige tanto essas perguntas quanto as respostas que daria aos questionamentos, inclusive com eventuais adendos desta revista eletrônica, como sugerimos em setembro do ano passado? O senhor quer tentar manter esses questionamentos longe dos representantes do setor imobiliário, mesmo informado de que CapitalSocial conta com toda a relação dessas empresas, as quais recebem diariamente chamadas de nosso conteúdo?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Entre as várias questões que empreendedores de pequeno e médio porte colocam de forma crítica à atuação da Acigabc constam privilégios nos escaninhos públicos, atuando em favor de sua empresa. Há exagero nessa avaliação ou o fato notório de que o senhor é visto nas Prefeituras locais como uma mistura de Acigabc e MBigucci não significa vantagem concorrencial?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – A empresa MBigucci, da qual o senhor é acionista principal, ganhou uma licitação realizada na administração de William Dib. A área pública vai-se transformar em condomínio residencial e comercial, segundo informações. Está localizada na esquina da Avenida Vergueiro com Avenida Kennedy, em São Bernardo. Não lhe parece que por conta da atuação institucional à frente da Acigabc, a transparência e a publicidade daquela licitação deveriam ter sido enfatizadas? Mais que isso: a retirada de dezenas de árvores, ainda recentemente, para a construção do empreendimento, também não deveria ter tido uma preocupação maior com a divulgação das contrapartidas?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Por que a entidade que dirige há tanto tempo não faz qualquer ação institucional de responsabilidade empresarial ligada às áreas ambientalmente contaminadas? A Acigabc jamais se manifestou criticamente sobre irregularidades apontadas no Residencial Barão de Mauá e, igualmente, jamais fez qualquer movimento no sentido de contribuir na apuração das denúncias de anormalidades de lançamento, venda e ocupação do Residencial Ventura, em Santo André. O corporativismo da entidade fala mais alto que a responsabilidade social?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Não seria uma boa ideia, inserida no padrão de responsabilidade ambiental que a Acigabc poderia assumir, colocar no site da entidade todos os endereços dos terrenos contaminados que constam do banco de dados da Cetesb? Mais que isso: por que a entidade que dirige não dá o devido destaque a cuidados que os interessados em adquirir imóveis deveriam conhecer para não tornarem novas vítimas de empreendedores inescrupulosos?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Em alguma oportunidade ao longo da presidência algum representante da Cetesb foi convidado a fazer palestra sobre questões ambientais?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Como o senhor interpreta o que chamamos de absurdo ético — para não dizer outra coisa – o fato de construtoras e incorporadoras contratarem empresas privadas supostamente especializadas em expedir laudos autorizativos de obras em terrenos com histórico de contaminação ambiental? O senhor também entende que essa configuração técnica, que retira a efetividade da Cetesb de ações práticas no campo de testes, é uma avenida aberta à irregularidades? O senhor compraria um terreno cujo laudo de qualidade ambiental foi assinado por uma empresa que em larga escala depende dos recursos financeiros do vendedor?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Quais são as relações do senhor com o empresário Sérgio De Nadai, um dos responsáveis pela construção irregular do Residencial Ventura?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Por que o mercado imobiliário não estabelece algumas regras preventivas a situações como a que tivemos no Residencial Ventura, ao apertar o cerco contra investidores eventuais que, como no caso da família De Nadai, têm amplas relações com autoridades públicas graduadas?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O senhor tinha conhecimento de que o terreno onde foi erguido o Residencial Ventura, antes ocupado por uma indústria química, apresentava laudo de contaminação do solo quando os empreendedores lançaram oficialmente o empreendimento?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O senhor acredita que a entidade que dirige vai ficar na história do Grande ABC como organismo vivo a ser respeitado pelas futuras gerações quando se promoverem algo como uma arqueologia institucional para aferir o quanto se preocupou de fato com o futuro da sociedade?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O senhor aceitaria um convite de estudantes para discorrer sobre ética no mercado imobiliário do Grande ABC ou se limitaria a falar de sua empresa que, conforme anúncios publicitários, se preocuparia com o meio ambiente?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O senhor aceitaria um debate público com este jornalista, com regras previamente consensuadas, para tratar exatamente destes e de tantos outros pontos relativos ao mercado imobiliário e sua importância econômica e social?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Por que a entidade que o senhor dirige não apresenta trabalhos técnicos que eventualmente tenha feito para destrinchar o genoma do mercado imobiliário do Grande ABC em várias vertentes, entre as quais a realidade do setor industrial, que sofreu sérias transformações ao longo das duas últimas décadas? A Acigabc sabe quanto de estoque de terra para ocupação industrial existe na Província do Grande ABC? Qual é o preço médio? Que ações de marketing poderiam ser realizadas em função disso para atrair investimentos à região?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Por que a Acigabc se distanciou tanto dos debates e, principalmente, de posicionamentos sobre o trecho sul do Rodoanel? Por que, ao contrário desta revista digital, a Acigabc jamais estudou os impactos do trecho oeste no Rodoanel no universo da Província do Grande ABC? Enfim, por que a Acigabc é tão ausente em questões que dizem respeito não só a seus parcos associados, mas, principalmente, à comunidade econômica e social do Grande ABC?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O senhor, como presidente da Acigabc, tem informações que possam ser catalogadas como explosivas quando se trata de privilégios que teriam sido usufruídos por conta da definição do traçado do trecho sul do Rodoanel?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O site da Acigabc apresentava até o primeiro bloco de questionamento que realizamos, em setembro do ano passado, uma pobreza franciscana de conteúdo, próprio da baixa produtividade da entidade. Em seguida, houve reformulação mas, mesmo assim, substantivamente, pouco mudou. Basta acessar o endereço eletrônico da entidade para constatar essa realidade. Até mesmo os chamados “editoriais” seguem o ritmo de outras entidades igualmente pouco efetivas, com pronunciamentos esparsos. O senhor acredita que é esse modelo de interatividade com o quadro associativo que deveria servir de exemplo como ação institucional?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Há informações seguras de que o senhor não reside mais na Província do Grande ABC. Se essa informação é realidade, a pergunta que segue é a seguinte: se residindo na região o senhor encontrou muitas dificuldades para agregar valor à entidade, e, mais que isso, provocou deserções irreversíveis, o que esperar de quem não vive mais na região?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O senhor tem intenções de estender-se no comando da Acigabc nas próximas eleições ou entende que já chegou a hora de mudanças, convocando os associados e também os não-associados a se mobilizarem para novos rumos da entidade?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O senhor não acha que presta desserviço à Província do Grande ABC e, principalmente, pode provocar grandes perdas aos cidadãos que investem no mercado imobiliário, quando, em entrevistas, vem a público com informações incorretas sobre a realidade econômica regional? Persistentemente o senhor desfila números incompatíveis com a realidade histórica. Chegou a afirmar que o PIB da Província do Grande ABC cresceu 40% em três anos. Isso tudo não significa espécie de brincadeira com algo tão sério, como é o caso de investimentos imobiliários?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Recentemente o senhor escreveu um artigo defendendo o que os mais renomados especialistas latino-americanos chamariam de estupidez. Avocou o senhor maior densidade da verticalização dos centros urbanos. Chegou a sugerir que edifícios residenciais e comerciais que contam com até 20 pavimentos poderiam ter até quatro vezes mais altura, quadruplicando, portanto, o número de apartamentos e escritórios comerciais. O senhor seria capaz de repetir essa proposta num debate sério ou entende que se descuidou na proposta, imaginando-se no Primeiro Mundo, onde as condições de infra-estrutura pública são incontestavelmente melhores, e, a bem da realidade, os espigões são combatidos por conta do caos viário?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O senhor admitiria nos quadros consultivos da entidade que dirige a formação de uma espécie de comissão de ética, cujos integrantes seriam convidados não por indicação individual ou coletiva da Acigabc, mas por entidades da região que têm interesse em disciplinar o mercado imobiliário?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Por que a Acigabc não conta com uma instância de avaliação ética dos associados e não-associados, independente da possibilidade de uma instância formada por representantes da sociedade civil? Não seria o caso de a entidade participar ativamente do esclarecimento do assalto ao carro pagador, como denominamos o roubo no estacionamento da Secretaria de Obras de Santo André, ainda recentemente, com possíveis repercussões na gestão de Aidan Ravin? Não lhe parece que esse tipo de notícia afeta a credibilidade dos representantes do mercado imobiliário? Por que o silêncio da Acigabc? O Conselho Regional de Medicina não tem esse padrão de atuação quando se trata de integrantes da classe. Tampouco a Ordem dos Advogados do Brasil, entre outras categorias.
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Há sérias complicações envolvendo a chamada Cidade Pirelli, projeto criado no final dos anos 1990 pelo então prefeito de Santo André, Celso Daniel. Há sérias possibilidades de recursos carimbados nas chamadas outorgas onerosas não terem sido devidamente utilizados às finalidades previstas. Por que o silêncio da Acigabc?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Por que a Acigabc demorou tanto para se posicionar sobre o trabalho infantil denunciado pela Imprensa na distribuição de panfletos principalmente em faróis, a ponto de o senhor ser chamado pelo Ministério Público? Como se explica que até então tanto o senhor como a entidade que dirige não terem tido sequer um único estudo sobre a temática, com possibilidades, em função disso, de somar esforços para dar uma solução socialmente responsável às crianças? Aliás, por falar nisso, o que o senhor, à frente da Acigabc, efetuou de prático para contribuir às saídas que a questão exige?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Como o senhor analisa a proposta desta revista digital de criação de um ranking regional de avaliação das dificuldades burocráticas impostas pelas Prefeituras para a aprovação de investimentos imobiliários? A metodologia que suportaria essa avaliação poderia ser retirada da experiência prática dos empreendedores do setor, definindo-se os pontos-chave que, em algum momento, desaceleram o ritmo de aprovação. O senhor entende que essa inovação poderia impedir privilégios de associados ou não associados cujas relações mais próximas com o Poder Público se traduz em vantagens concorrenciais?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Quais são as dificuldades que a Acigabc encontraria para inovar o relacionamento com instâncias públicas que se ocupam do sistema de tráfego na Província do Grande ABC caso decida criar um grupo de trabalho que acompanharia a movimentação dos veículos nas áreas mais complexas?
Explicamos: por que a Acigabc não efetiva estudos com parceiros estratégicos da região para estruturar um mapeamento completo do sistema viário da Província do Grande ABC de forma a favorecer os usuários de transporte individual e coletivo e também o planejamento de investimentos imobiliários em áreas menos onerosas à qualidade de vida?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Por que a Acigabc não desenvolve estudos para analisar com absoluta segurança a realidade do custo de morar e investir na Província do Grande ABC tendo como referencial o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), um dos pontos de fragilidade regional quando se trata de competitividade locacional?
Estariam os valores individuais de residências, estabelecimentos comerciais e estabelecimentos industriais da Província do Grande ABC compatíveis com a realidade socioeconômica dos municípios?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – Seria demais sugerir à Acigabc a realização de cursos de formação ética dos empreendedores do setor, chamando-se palestristas renomados que jamais deixarão de considerar os pontos frágeis do setor?
Milton Bigucci –
CapitalSocial – O senhor também entende, como esta revista digital, que o mercado imobiliário integra a cesta básica de responsabilidade social porque trata de uma das questões essenciais da sociedade, principalmente nestes tempos de crédito farto e fácil por conta de medidas administrativas do governo federal para aquecer a economia e reduzir o déficit habitacional de um País que ficou praticamente duas décadas paralisado na atividade?
Milton Bigucci –-
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