Política

Estrutura eleitoral de Marinho vai
dar suporte à campanha de Grana

DANIEL LIMA - 08/11/2011

A mesma estrutura que levou Luiz Marinho ao comando do Paço Municipal de São Bernardo e que lhe dá toda sustentação administrativa já está atuando em favor da candidatura de Carlos Grana à Prefeitura de Santo André. Nada mais natural. Ganho de escala não é expressão exclusiva do mundo empresarial. Também na política partidária e, principalmente em disputas eleitorais, racionalidade temperada com astúcia, duas das virtudes do mundo capitalista, entram em campo com especialistas em tirar leite de pedra e de tantas outras fontes menos insólitas na industrialização de votos.


Ganhar as eleições na Província do Grande ABC de lavada, preferencialmente de 6 a 1, com o gol de honra do indicado do prefeito petebista de São Caetano, José Auricchio Júnior, é o mantra petista. Ambicioso, como se sabe, mas não impossível. Sem o governo federal e sem a consagração de Lula, mas contando com o fracasso regional das políticas econômicas de Fernando Henrique Cardoso, o PT fez 5 a 2 em 2000.


Carlos Grana não é tão próximo de Lula da Silva quanto Luiz Marinho, mas aí também seria pedir demais. O prefeito de São Bernardo antecedeu-o na irmandade lulista nos tempos de metalúrgico. Mas isso não significa que o sindicalista Carlos Grana tenha nível de apelo pessoal com Lula da Silva que não seja intestinal. A diferença é que Luiz Marinho um está um pouco mais acima, no centro do coração.


Luis Fernando comanda


Quem está cuidando de detalhes que darão impulso quântico para a alavancagem da candidatura de Carlos Grana em Santo André é o advogado Luiz Fernando Teixeira, sempre com o suporte do também advogado Edson Asarias e de outros poucos íntimos do poder em São Bernardo.


Luiz Fernando Teixeira, presidente do São Bernardo Futebol Clube e irmão do deputado petista Paulo Teixeira, líder do partido na Câmara Federal, também estaria cotado para formar a chapa situacionista com Luiz Marinho na próxima temporada, após a desistência do atual ocupante do cargo, o cantor Frank Aguiar. Uma desistência, aliás, muito mal contada. Até porque não conviria ser bem contado.


Sabe-se que Luiz Fernando vive dividido quando lhe acenam ou mesmo quando cede à tentação de sonhar em ser vice de Luiz Marinho. Se trabalhar intensamente pela indicação, sairá do quintal pouco combatido do esporte e se meterá na sala de vistas de idiossincrasias internas e externas. Se preferir cuidar exclusivamente dos atletas que formam uma das equipes mais promissoras da Série B do próximo Campeonato Paulista, acabará por adiar por mais algum tempo o que dizem ser o curso natural do rio de suas pretensões — ou seja, abraçar de vez a política partidária.


Um grande supermercado


Quem imagina que a dúvida o paralisa cai do cavalo da simplicidade analítica. O comando do Quartel General Financeiro que fará de Carlos Grana candidato competitivo para valer em Santo André amplia os tentáculos de Luiz Fernando Teixeira. Por mais que São Bernardo seja imenso supermercado de poder, o qual Luiz Fernando integra com discrição externa e muita ciumeira de gente próxima do prefeito, não há como desdenhar uma filial do porte da vizinha Santo André.


O planejamento petista para a Província do Grande ABC está voltado para uma cirurgia que esculpiria um modelo regional de macrocoordenação política centralizada na equipe de especialistas de Luiz Fernando Teixeira. A engenharia partidária interna para alcançar esse objetivo é complexa.


Potentados municipais do partido resistem à eventual subalternidade em várias questões sobre as quais têm completo domínio. Há quitandeiros que não suportam a ideia de perder o poder enquanto o discurso de convencimento dirige-se à formação de um grande conglomerado de suporte partidário.


O que possivelmente poderia fazer os opositores internos a mudar de ideia seriam os resultados que Carlos Grana alcançaria em Santo André e, também, a consagração do conceito de que é melhor dividir um caminhão de alimentos do que tomar conta de uma simples garrafa de conhaque vazia.


A linguagem econômica que Luiz Fernando e seus mais próximos assessores utilizam para sensibilizar Carlos Grana e outros interlocutores do Partido dos Trabalhadores na Província do Grande ABC é algo inédito no ambiente político.


Os custos de investimentos que visam a dinamizar as campanhas eleitorais dos petistas seriam submetidos a uma dupla vantagem de tratamento: primeiro porque é possível com comando centralizado baratear os inúmeros quesitos que determinam as fontes de despesas e de acordos políticos; segundo é possível também com centralidade gerencial e estratégica auferir melhores receitas no marketing arrecadatório. Não haveria fontes de financiamento que não se impressionariam com uma ação no atacado, cuidadosamente exposta em termos de custo-benefício. O conceito de grande varejista, sempre muito mais apto a negociar preços com os fornecedores, é a lógica petista de Luiz Fernando Teixeira.


Sedução e resistência


Apesar de tudo isso há resistências municipalistas, principalmente onde o PT já é governo, casos de Mauá e Diadema. Quem tem o poder e sabe usufruir das relações que o poder enseja não se sente atraído a abrir espaços a novos parceiros, imaginando-os desnecessários. Onde o jogo petista é de oposição e, portanto, carece de infraestrutura compatível com os sonhos de vitória, a oratória tem poderes miraculosos. Santo André, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra fazem parte da lista.


Já em São Caetano o que o PT pretenderia inicialmente era fazer uma casadinha com o PMDB do dissidente Paulo Pinheiro e com isso tentar atrapalhar os planos de Regina Maura Zetone, a mais que provável indicada de José Auricchio Júnior. O problema é que se chegou à conclusão que mesmo assim a matemática ajudava.


Quanto mais se multiplica o número de concorrentes em São Caetano, mais a porção situacionista se acomoda num patamar de vitória iminente. E quando se enxuga o número de adversários, a porção situacionista segue praticamente intocável.


Como ainda não inventaram uma alquimia aritmética que contemple mais que 100% do bolo eleitoral, e o situacionismo de José Auricchio Júnior permanece com filão prevalecente de votos em vários cenários diagramados, a última cartada petista em São Caetano possivelmente se dará com o cumprimento formal da tabela.


Por isso o grupo de suporte logístico liderado por Luiz Fernando Teixeira prefere mesmo a cartografia eleitoral que afastaria São Caetano de movimentos dispendiosos na equação empresarial que dará sustentação à empreitada regional no ano que vem. O PT se dará feliz com o 6 a 1, porque será uma vitrine e tanto do prefeito Luiz Marinho, candidatíssimo ao governo do Estado até o final desta década.


É claro que um 7 a 0 seria esplendoroso para os petistas, mas aí entra em campo outra vez a previsão orçamentária e eleitoral: por que aplicar recursos numa batalha praticamente perdida e deixar de direcioná-los a redutos mais suscetíveis à tomada do poder?


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