Deu nos jornais: William Dib e Alex Manente almoçaram num restaurante badalado em Santo André, onde todos adoram ser vistos, e fecharam acordo; vão concorrer ano que vem com as respectivas camisas partidárias à Prefeitura de São Bernardo. Uma notícia desagradável ao prefeito Luiz Marinho. Agora a tendência é de esticar-se a disputa ao segundo turno. Também Orlando Morando, peessedebista como William Dib, não deve ter reagido bem ao noticiário, porque fica numa sinuca de bico de composição da chapa com o ex-prefeito ou perda da potencialidade de atualizar e aumentar a memória eleitoral.
Trata-se de arranjo estadual com forte influência federal a conjunção de interesses para o lançamento das candidaturas do deputado federal William Dib e do deputado estadual Alex Manente. PSDB e o PPS estão ligadíssimos na preparação de uma cilada para o petista Luiz Marinho. Dib e Manente reconhecem a importância de separarem os trapos para levar a disputa ao segundo turno, e que nesse novo turno, ao juntarem os trapos, podem construir um enxoval e tanto. Há quem sustente que com segundo turno o jogo começa do zero. Aidan Ravin é prova viva em Santo André.
O que intriga quem desconhece as mumunhas da política é a reviravolta no cenário em São Bernardo. De algo que parecia praticamente encaminhado à entrega das faixas da reeleição a Luiz Marinho, eis que saem da cartola da cartomancia eleitoral dois presentes de gregos: William Dib e Alex Manente vão correr em raias separadas. E também monitorados para se organizarem contra um alvo em comum: o candidato do Paço. Tudo para evitar que Luiz Marinho obtenha 50% dos votos mais um.
Há quem desdenhe da iniciativa e trate a combinação como jogo de cena. Alex Manente voltaria aos braços petistas, como o fez no segundo turno das eleições de 2008. Mas é justamente na experiência vivida que está o pulo do gato do jovem deputado. Ele sabe o quanto de vantajoso é somar votos num primeiro turno, independentemente de chegar ao returno. Seus votos, como em 2008, podem contribuir muitíssimo para a definição final do eleitorado.
Uma pergunta que ninguém fez publicamente é como fica a situação do tucano na Assembleia Legislativa? Seria Morando o companheiro de chapa de William Dib, com quem poderia firmar acordo com vistas a eventual futuro apoio do Paço de São Bernardo em caso de triunfo da oposição peessedebista? Ou Orlando Morando preferiria mesmo continuar a vida de deputado, depois de derrotado em 2008 à chefia de Executivo em São Bernardo por diferença muito menor do que imaginava o vencedor Luiz Marinho?
Talvez Morando opte mesmo por compartilhar a companhia de William Dib, com quem já manteve relações muito melhores. Falaria mais alto o instinto de sobrevivência da oposição em São Bernardo. Dib precisa dos votos de Orlando Morando. Provavelmente até da companhia, como vice. Resta saber se os acertos com Alex Manente incluem eventual veto à participação direta de Morando na chapa de William Dib.
Orlando Morando sabe que para chegar ao Paço Municipal sem a pressa que a juventude lhe respalda não pode se ausentar de uma disputa majoritária, mesmo que como candidato a vice-prefeito. Memória eleitoral é algo mais que precioso às disputas seguintes. Ainda mais que seu maior adversário em São Bernardo, o igualmente jovem Alex Manente, já decidiu colocar as cartas na mesa. Manente vai estar nas urnas eletrônicas no ano que vem e qualquer que seja o resultado, sem Orlando Morando na disputa acabará avançando na conquistado do eleitorado não alinhado com o PT.
A projeção de que Luiz Marinho nadaria de braçadas parece abortada com a iniciativa dos dois deputados. O simbolismo do PT em São Bernardo teria sido a pedra de toque à conversão de contrários. William Dib e Alex Manente perceberam ou foram convencidos por terceiros que a omissão os fragilizaria tanto quanto incomodaria os oposicionistas ao governo federal. Faltava o suporte dos respectivos partidos para interromper os ímpetos de comemorações antecipadas dos petistas.
Alex Manente teria se cansado das dificuldades de manter relações cooperativas com Luiz Marinho. Sem perspectiva de contar com apoio petista à eventual sucessão de Luiz Marinho em 2016, o deputado estadual arrisca um lance ousado. Seja qual for o resultado do primeiro turno do ano que vem, Manente sempre terá disponível uma decisão que mais lhe aprouver. A confirmação do apoio de William Dib caso vá ao segundo turno com Marinho, a confirmação de apoio a Dib caso chegue em terceiro no primeiro turno ou mesmo novo e mais interessante mergulho nas águas petistas.
Certo mesmo é que, mantidas as duas candidaturas, em vez de uma disputa homologatória que se desenhava, o que teríamos no ano que vem seria um grande embate. Vida dura mesmo espera por Orlando Morando. Quem conhece o deputado sabe que ele encontrará uma saída que não comprometeria o sonho de chegar ao Paço Municipal no mais tardar em 2016.
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01/11/2024 PESQUISAS ELEITORAIS ALÉM DOS NÚMEROS (20)