O vereador tucano Paulinho Serra quer que quer tomar o lugar do ex-secretário de Comunicação de São Bernardo, Raimundo Salles, como terceira via nas eleições à Prefeitura de Santo André no ano que vem. Mais que isso: dependendo do andar da carruagem que pode comprometer a candidatura do prefeito Aidan Ravin, Paulinho Serra espera até mesmo disputar pau a pau o Paço Municipal com o petista Carlos Alberto Grana.
O jovem parlamentar tucano diz que vão quebrar a cara todos aqueles que duvidarem de que é para valer a presença dele na disputa majoritária. Ele manda um recado principalmente para Raimundo Salles, com quem mantém rusgas indisfarçáveis nas notícias de jornais.
Decidido a fazer da candidatura uma jornada de crescimento constante do eleitorado, principalmente de classe média convencional de Santo André, Paulinho Serra promete não abrir mão de ampla transparência no encaminhamento e nas decisões que balizarão a emaranhadíssima Cidade Pirelli. Confesso admirador de Celso Daniel e latente crítico de Aidan Ravin, Paulinho Serra espera que os desdobramentos da desativação da Cidade Pirelli sejam os fios condutores de medidas saneadoras.
Sem entrar em detalhes do que realmente pretende, numa iniciativa que deverá ter o apoio de outros parlamentares, Paulinho Serra afirma que a sociedade tomará conhecimento de todas as nuances. O que foi feito do projeto Cidade Pirelli, quem se beneficiou das mudanças de uso e ocupação do solo, quem está devendo contrapartidas — eis algumas das questões que Paulinho Serra promete destrinchar com aliados de sempre ou circunstanciais.
O tucano que tem relações muito próximas com o deputado estadual e líder do governo na Assembléia Legislativa, Orlando Morando, não perde de vista a missão inicial de provar mais qualificações técnicas e traquejo interpessoal que Raimundo Salles para inserir-se como terceira via na disputa à Prefeitura.
Independentemente de juízo de valor de virtudes e defeitos de Paulinho Serra e de Raimundo Salles, muitas vezes porque subjetividades interpretativas podem ter peso proporcional muito maior que factualidades, o que separa indelevelmente os dois concorrentes é a característica individual: o tucano trabalha eleitoralmente com a certeza de que é mais afável e conciliador que Raimundo Salles.
Mesmo com relação à administração Aidan Ravin, Paulinho Serra é um crítico contido. Prefere reticências a frases contundentes. Já Raimundo Salles é especialista em atingir a jugular do gerenciamento público do petebista que quer reeleger-se.
Para chegar à polarização com a candidato Carlos Grana, do PT, Paulinho Serra e Raimundo Salles correm na mesma raia de expectativas de que as fortes ondas de idiossincrasias que colocam a gestão de Aidan Ravin no mesmo patamar de intervenções nos Paços de Campinas e Taubaté se traduziriam de fato em realidade. Há forte disseminação de que não faltariam agentes da Polícia Federal em território andreense numa operação que outros municípios sofreram e viraram manchetes da mídia. Um recente assalto a mão armada no estacionamento da Secretária de Obras, na Rua Catequese, seria apenas a cereja do bolo de irregularidades já detectadas por agentes policiais.
A situação estaria tão preta para os lados de Aidan Ravin que a debandada já se teria iniciado. Cada vez mais o atual prefeito contaria com menos aliados. Resta saber se tudo isso não passa apenas de fogo adversário e mesmo de aliados inconformados, embora haja convergência quase insana de informações de bastidores. Até cenas de sexo explícito no Semasa recheariam o bolo de um escândalo que só perderia em repercussão na história política de Santo André para a morte de Celso Daniel.
Paulinho Serra não entra em bola dividida, mas quem o conhece sabe que jamais esteve tão decidido a apostar numa disputa majoritária, entre outras razões porque os riscos seriam maiores caso reforçasse apoio à reeleição de Aidan Ravin. Que riscos? Além da boataria do esgotamento da credibilidade do prefeito atual, fugir da raia da disputa majoritária o colocaria em desvantagem diante de novas opções que se apresentam ao eleitorado, perdendo a capacidade de conquistar os benefícios da chamada memória eleitoral, que beneficia os bons concorrentes.
Paulinho Serra não suporta mais a ideia de vir a ser chamado de Lenildo Magdalena de Santo André. Lenildo Magdalena foi vereador em São Bernardo durante quase uma dezena de legislaturas. Paulinho Serra garante que está cansado do Legislativo, instância que se traduziu, segundo afirma, em ótima experiência, mas que já teria se esgotado como missão pública.
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19/11/2024 PESQUISAS ELEITORAIS ALÉM DOS NÚMEROS (24)