Estará o corpo do PSDB de São Bernardo estendido no chão de uma derrota vexatória na próxima temporada eleitoral para o PT do prefeito Luiz Marinho ou os opositores locais vão ouvir o conselho do presidente estadual dos tucanos, deputado estadual Pedro Tobias?
Li nas páginas eletrônicas do Diário Regional a advertência do tucano que deve ter chegado aos ouvidos locais ao menos com uma certa força hierárquica. O que disse Tobias ao jornal? Reproduzo vários trechos para seguir em frente:
”Há três forças anti-Marinho na cidade — o deputado federal William Dib (PSDB) e os estaduais Orlando Morando (PSDB) e Alex Manente (PPS). Se não botarem juízo na cabeça dos três e saírem divididos, o Marinho ganha no primeiro turno, alertou o dirigente tucano. (…) Como em Santo André, o partido fará levantamento em março do próximo ano, a fim de avaliar o nome mais viável para enfrentar o prefeito. “Precisamos aglutinar as três forças e nos despir de vaidades. Se falarmos com o fígado vamos perder” — avisou o dirigente.
Tobias repetiu o discurso do antipetismo entoado na semana passada, ressaltando que os candidatos oposicionistas não podem trair a confiança da população, e reiterou que a aliança entre PSDB e PPS seria o ideal para a polarização do pleito. “Os eleitores querem isso. Os que não votam no PT desejam que os grupos se unam”, disse. Tobias também destacou que o tucanato de São Bernardo não pode temer as prévias. “A disputa interna não significa que o partido vai rachar, mas escolher a formação da chapa”.
Manente acredita que a polarização da eleição no primeiro turno pode encurtar o caminho da vitória. “Em São Bernardo existem várias forças políticas que, juntas, são mais fortes do que o governo. Se unir tudo isso (a oposição), o que não é fácil, conseguiremos vencer”.
Dib também defendeu a antecipação da união de forças para o primeiro turno, devido à dificuldade para realizar campanha eleitoral sem transmissão local de rádio e TV. “Somos diferentes de outras cidades, como Ribeirão Preto e Campinas, porque a estratégia política inclui sistema midiático próprio. No ABC, a mídia falará de São Paulo”, lembrou. “Como imaginar que, em três semanas (intervalo entre o primeiro e o segundo turnos), sendo uma perdida para entender os resultados e duas para fazer campanha, é possível falar para 580 mil eleitores?”, questionou Dib.
Morando, por sua vez, desconversou quando perguntado sobre o cenário eleitoral de 2012. O tucano preferiu adotar cautela e dizer que, apenas em 2012 vai se manifestar. “Como não vou discutir política (municipal) neste ano, não tenho como avaliar a conjunta e explicar como o PSDB deve agir em São Bernardo”.
Retomando a bola
Muita água vai rolar sob a ponte das eleições municipais em São Bernardo, mas há algo de tão sólido nas probabilidades de reeleição de Luiz Marinho que é impossível deixar de correlacionar a perspectiva dos resultados e o estado de ânimo dos oposicionistas. Há um certo desespero dos tucanos.
Tanto que tem plena razão o dirigente paulista do PSDB. A polarização antes refutada em São Bernardo, dada as condições pouco amistosas entre Orlando Morando e Alex Manente, com William Dib toureando vaidades, ambições e qualificações de ambos, transforma-se em alternativa possivelmente única, a julgar pelo encaminhamento quase unânime dos três supostos concorrentes mais fortes a combater Luiz Marinho.
Tudo está teoricamente bem arrumado para que a oposição se coloque diante de Luiz Marinho como força organizada e capaz de oferecer resistência, quem sabe evitar uma derrota contundente e, num lance de sortilégio que a política pode oferecer, saltar de volta ao Paço Municipal.
Só que é indispensável amarrar o guizo da convergência de interesses e vantagens no pescoço do gato do ajuntamento prático e uníssono de forças.
Quem vai fazer Orlando Morando e Alex Manente entenderem que, qualquer que seja a composição nominal da chapa oposicionista sonhada pelos tucanos, será sempre a mais indicada para tentar superar Luiz Marinho?
Alex Manente aceitaria Morando de vice? Morando aceitaria Manente de vice? William Dib aceitaria uma terceira via interna e iria à luta, encabeçando consensualmente a chapa?
São formulações que deverão consumir a paciência e possivelmente poderão afrontar o bom senso até que se chegue ao melhor denominador. Principalmente porque, em princípio, não se sabe ainda o que é bom senso nominal nestas alturas do campeonato. William Dib na cabeça de chapa é bom senso? Alex Manente seria? Ou Orlando Morando?
Como se observa, a oposição em São Bernardo está encalacrada. E isso preocupa o tucanato de alta plumagem paulista porque muita gente vê a disputa com Luiz Marinho como a batalha da ponte a disputas subsequentes, principalmente ao governo do Estado.
Marinho reeleito com fartura de votos no primeiro turno ganharia credenciais populares que alimentaria um marketing estadual de peso.
Talvez daqui a pouco os tucanos até aceitem perder o jogo, desde que não seja de goleada. É o que parece, hoje, mais sensato. Com qualquer combinação nominal dos adversários.
Paulinho Serra e Salles
Para complementar, eis que surge uma nova interrogação: se a estratégia eleitoral de polarização defendida pelos tucanos vale para a função de oposição que exercerão em São Bernardo, valerá também para a manutenção de Aidan Ravin na Prefeitura de Santo André?
Seria o PTB de Santo André, irmão siamês do PSDB, beneficiado pela retirada da candidatura do tucano Paulinho Serra de forma a conduzir, como se pretende, a disputa a um único turno?
Seria isso mesmo suficiente como mecanismo para liquidar a fatura em turno único quando se sabe que concorreria como terceira via auxiliar do PT um candidato que gasta sola de sapatos e muita saliva, como é o caso de Raimundo Salles, fiel depositário de 70 mil votos nas eleições de 2008, algo que seria suficiente para forçar uma nova rodada de votos?
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01/11/2024 PESQUISAS ELEITORAIS ALÉM DOS NÚMEROS (20)