Nada disso, nada disso. Não estou insinuando nada, nadinha, sobre as eleições
do ano que vem em Santo André. Vanderlei Siraque é um dos chamados
pré-candidatos do PT, que concorre com a vice-prefeita Ivete Garcia no diretório
municipal. Não vou meter a mão nessa cumbuca.
Siraque avança é no caso Celso Daniel, a pedido deste jornalista.
Lembram-se os leitores que escrevi ainda recentemente sobre o pedido que fiz
tanto ao deputado estadual Vanderlei Siraque quanto ao senador Eduardo Suplicy
para que o inquérito policial da morte do sequestrador Dionísio de Aquino Severo
fosse retirado da clausura de segredo de Justiça? Sim, é preciso acabar com essa
proteção que de fato só obstrui a consagração da verdade de que o empresário
Sérgio Gomes da Silva é a segunda maior vítima da intervenção de bandidos na
noite de 18 de janeiro de 2002.
Numa primeira investida, Vanderlei Siraque encaminhou solicitação apenas a
uma autoridade policial do Estado. Mandou-me um fax. Respondi que havia
necessidade de incluir outros dois nomes, além da recomposição do texto. Ele se
referiu ao inquérito que apurou a morte de Celso Daniel, não de Dionísio Severo.
Siraque e sua assessoria reformularam o texto e completaram a listagem. Cópias
foram encaminhadas ao secretário de Segurança Pública do Estado, Ronaldo
Marzagão, ao diretor do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa),
Domingos Paulo Neto, e ao delegado Geral da Polícia Civil, Mário Jordão de
Toledo Leme.
O interessante no ofício assinado pelo deputado petista que tem na
criminalidade paulista uma das bandeiras de atuação é que ele se equivocou de
novo na solicitação. Ele escreveu o seguinte: “Cumprimentando-o cordialmente,
solicitamos suas providências no sentido de que nos seja encaminhada, com
urgência, uma cópia do relatório final do Inquérito Policial que apurou a morte
do Sr. Dionísio de Aquino Severo, sequestrador do Sr. Celso Augusto Daniel,
assassinado em 2002, Prefeito de Santo André à época dos fatos”.
O que está equivocado mas paradoxalmente correto na solicitação de Vanderlei
Siraque? É que verdade, verdade, Dionísio de Aquino Severo, conforme conclusão
daquele inquérito policial, não participou de qualquer fragmento do caso Celso
Daniel. Foram os promotores criminais de Santo André que introduziram o
sequestrador no enredo, por estranha e providencial (no sentido de culpabilidade
de Sérgio Gomes) participação do delegado Romeu Tuma Júnior. A conclusão do
inquérito que correu à parte do caso Celso Daniel é evidente sobre o
desgarramento de Dionísio de Aquino Severo da operação iniciada nos Três
Tombos.
Pelo menos até agora o senador Eduardo Suplicy, um dos integrantes da tropa
de choque da CPI dos Bingos que investigou o crime com a mesma desenvoltura com
que este jornalista ingressa num avião da TAM ou de qualquer companhia, ainda
não se manifestou. Por vias das dúvidas, decidi lhe encaminhar cópia do
documento de Vanderlei Siraque.
Espero que o senador petista, perfilado durante todo o tempo com os
promotores criminais numa ação estrategicamente política de preservação de
imagem, também se mobilize para obter dos canais de Segurança Pública do Estado
os insumos que precisam ser colocados à disposição de todos. Inclusive da
Imprensa tergiversadora que, com o rabo entre as pernas de ter apostado numa
tese furada de crime político, resolveu se fazer de morta.
Aguardo as próximas novidades. Não há razão alguma para o segredo de Justiça
da morte de Dionísio. Exceto a desconfiança de que há forças policiais paulistas
se deixando levar por forças político-partidárias. Bem diferente das forças
operacionais da mesma polícia paulista que, mesmo durante o mandato de Geraldo
Alckmin em São Paulo e de Fernando Henrique Cardoso em Brasília peitaram a
politização do caso Celso Daniel.
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19/11/2024 PESQUISAS ELEITORAIS ALÉM DOS NÚMEROS (24)