O deputado estadual Orlando Morando, um dos nomes de destaque da política regional e líder da bancada do PSDB na Assembléia Legislativa, defende-se da possibilidade de constar da lista de suspeitos de irregularidades no escândalo das emendas que está sendo investigado pelo Ministério Público depois de abafado pelos parlamentares. Numa correspondência eletrônica à revista digital CapitalSocial, Orlando Morando explica sua atuação.
Antes de repassar integralmente o e-mail enviado pela assessoria de imprensa de Orlando Morando, CapitalSocial antecipa aos leitores (são mais de 75 mil cadastrados que recebem regularmente chamadas das principais matérias publicadas a cada edição) que está produzindo trabalho profundo sobre as emendas parlamentares na Assembléia paulista. Principalmente sobre o desempenho dos deputados da Província do Grande ABC.
Diferentemente de outras publicações que não noticiaram uma linha sequer sobre o assunto ou, como o Diário do Grande ABC, que foge do principal eixo temático, que é tomografia das ações dos deputados estaduais num contraponto a denúncias de irregularidades, CapitalSocial decidiu penetrar no âmago da questão.
A tarefa está sendo facilitada pela exposição na Internet de todas as emendas parlamentares liberadas pelo governo do Estado desde 2007.
Há manancial informativo bruto que exige diligência, dedicação, empenho e liberdade para transformar-se em texto jornalístico isento. Se a mídia não metaboliza esses insumos em forma de responsabilidade social aos consumidores de informação possivelmente há duas explicações que se entrecruzam: não pretende ferir interesses que possam atrapalhar movimentos comerciais e financeiros que permeiam o negócio chamado Imprensa ou as denúncias do deputado Roque Barbieri, formuladas há três meses, e as investigações do Ministério Público, não têm a contrapartida de gente qualificada no jornalismo para dissecá-las.
Quem apostar na primeira versão estará mais próximo dos fatos. Agora, o comunicado enviado pela assessoria de imprensa do deputado Orlando Morando:
Da mesma forma que não fui consultado no momento que foi realizada essa matéria, gostaria de ter o meu direito de resposta assegurado e que as minhas considerações sejam publicadas. Gostaria de esclarecer que claramente não integro nenhuma lista de suspeitos sobre as denúncias das emendas parlamentares. É importante destacar que todas as emendas que encaminhei para o Grande ABC e também para outras cidades do Estado, os recursos já foram ou estão sendo usados. Sendo assim, as minhas emendas podem e devem ser fiscalizadas pelo Tribunal de Contas ou por qualquer outro órgão de controle ou fiscalização.
Pela minha história, pela transparência do meu mandato e por todas as justificativas acima, não posso concordar com os termos que o senhor colocou nesta matéria, onde faz afirmações que não são procedentes.
A matéria do Diário do Grande ABC, também publicada nesta quarta-feira, mostra o volume dos pedidos feitos pelos deputados entre 2007 e 2011. Vale lembrar que, do valor total das minhas emendas R$ 8,1 milhões (R$2 milhões por ano), encaminhei R$2,9 milhões para o Grande ABC. Fui o deputado da região que destinou verba para a maioria das cidades, sendo para seis das sete cidades.
E quero lembrar que só não encaminhei mais recursos do Governo do Estado para a região porque conforme o próprio Diário do Grande ABC publicou no ano passado, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, não apresentou projeto para a construção de uma creche, que eu tinha encaminhado emenda no valor de R$500 mil. Por causa disso, tive que designar os recursos para outro município.
Finalizando, quero lembrar, que meu trabalho não se limita a emendas parlamentares para a região. Tanto é verdade que muito bem colocado pelo senhor, fui chamado de Missionário do Rodoanel e assim quero ser lembrado por outros trabalhos que venho desenvolvendo para o Grande ABC.
Tenho votos em diversas cidades do Estado de São Paulo e, nada mais justo do que como deputado estadual, devolver essa confiança em forma de muito trabalho e não apenas em minha base eleitoral.
Considero a matéria de hoje injusta e espero ter a minha resposta acolhida dentro da ética que lhe é peculiar. Outro detalhe, me orgulho deste Governo, mas não sou seu líder, sou líder da bancada do PSDB na Assembleia Legislativa.
Contraditório é fundamental
A exposição integral da manifestação do deputado Orlando Morando não é exceção, mas a regra de CapitalSocial. Diferentemente da maioria das publicações que se fecham ao contraditório, CapitalSocial abre sempre as janelas, as portas e tudo o que for preciso para contemplar os leitores com eventuais multiplicidades informativas. São, entretanto, raros os casos de informações que geram contrapontos dos personagens dos textos.
A manifestação de Orlando Morando é legítima, mas nem por isso está blindada a novo contraditório. Só não vamos nos estender agora porque antes mesmo de desembarcar em meu computador a mensagem eletrônica do deputado, já estávamos tomando medidas para dissecar o desempenho da chamada Bancada do ABC na Assembléia Legislativa.
E é o que estamos procedendo. Possivelmente na edição desta sexta-feira, mas mais provavelmente na edição de segunda-feira próxima, apresentaremos estudo completo, acreditamos, para mostrar o que se passou com nossos deputados e o escândalo das emendas.
O fato de termos escrito que Orlando Morando é um dos suspeitos de constar da lista de irregularidades se baseia em informações de fontes especialíssimas. Não é um chute a esmo para atingir deliberadamente a honra do deputado estadual. Esse não é o perfil de CapitalSocial.
A constatação de que Orlando Morando, assim como muitos outros deputados, se enquadra na definição de anormalidades legislativas descritas pelo denunciante Roque Barbieri, não se configura a descoberta da pólvora. Não há nada de excepcional nisso.
Contrapondo à sugestão de Orlando Morando de que a apuração das denúncias caberá ao Tribunal de Contas ou a qualquer outro órgão de controle ou fiscalização, vamos apresentar no trabalho especial um outro tipo de proposta que tornaria a questão muito mais transparente, menos sujeita, diríamos, a perseguições ou protecionismos. E definitivamente capaz de eliminar dúvidas sobre a atuação dos deputados da região no caso das emendas.
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