O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), seção de Santo André, Fábio Picarelli, confirmou expectativa e fugiu da Entrevista Indesejada de CapitalSocial. Fábio Picarelli recebeu o bloco de perguntas em 11 de novembro último. A omissão não surpreende. Fábio Picarelli faz parte de uma confraria que cultiva gosto por festinhas e colunas sociais, mas não coloca as instituições a serviço da sociedade. Basta verificar, entre outros pontos de estrangulamento da cidadania, a farra do mercado imobiliário que tumultua a mobilidade urbana.
Recentemente Fábio Picarelli arrematou por R$ 500 uma camisa do craque Neymar num leilão beneficente. No fundo, tudo não passa de marketing pessoal. Como Sérgio De Nadai, empresário que também fugiu de Entrevista Indesejada. Metido no Escândalo da Merenda Escolar, Sérgio De Nadai autoproclama-se benemerente ao participar do chamado Natal do Bem, de incluídos sociais da Capital.
CapitalSocial entende que Ordem dos Advogados do Brasil não pode se limitar às próprias estranhas, ignorando a movimentação das pedras sociais e econômicas de uma região que passou por profundas transformações nos últimos 20 anos.
O silêncio de Fábio Picarelli é sintomático de uma inócua política de boa vizinhança não só das unidades da OAB da Província do Grande ABC como também de outras entidades classistas. Existe espécie de pacto de mediocridade, que consiste em perpetuar voyeurismo pouco responsável da cena regional. Compadrios com membros dos Paços Municipais são o lugar-comum dos relacionamentos.
Faz-se, no caso do gerenciamento da OAB de Santo André, um certo estardalhaço em relação a questões corporativas que atazanam a vida dos profissionais de Direito, mas tudo não passa mesmo de tentativa de dar legitimidade à diretoria eleita.
Responsável editorial por CapitalSocial, este jornalista se sente à vontade para assumir a condição de criador desta seção. Entrevista Indesejada tem o lastro de quem, entre outras ações de transparência na condução dos veículos de comunicação, planejou, organizou e deu posse ao Conselho Editorial do Diário do Grande ABC, em fevereiro de 2005, quando estava diretor de Redação daquela publicação. O organismo foi desativado logo após a saída deste profissional daquela publicação. Eram 101 membros da sociedade.
Também durante 15 anos, como coordenador-geral do Prêmio Desempenho, estruturei, organizei e ampliei sistematicamente a representação da sociedade no Conselho Editorial da revista LivreMercado. Essa instância foi durante todo o tempo responsável pela definição da grade de vencedores daquela premiação. Não bastasse isso, duas empresas de auditoria externa fiscalizavam as planilhas de notas atribuídas pelos conselheiros editoriais.
Ainda recentemente, inquirido por leitores e principalmente pelo Conselho Editorial de CapitalSocial, respondi a todas as perguntas de Entrevista Indesejada.
Fábio Picarelli se junta ao time de fujões que conta com os empresários Ronan Maria Pinto, Milton Bigucci, Walter Sebastião dos Santos, Valter Moura e Sérgio De Nadai. A sociedade civil, no entender desse grupo de assemelhados, não merece contar com informações que vão muito além das operações lambe-lambes que invariavelmente os colocam no pedestal de um caricato comprometimento social.
Veja as perguntas endereçadas a Fábio Picarelli:
CapitalSocial -- Sua gestão na OAB de Santo André está moralmente comprometida como instrumento crítico em defesa da sociedade por conta das informações que colocam os atuais ocupantes do Paço Municipal, de forma informal, como financiadores da campanha que o levou a vitória? O senhor de fato tem relações próximas da gestão municipal?
Fábio Picarelli --
CapitalSocial -- O senhor entende, como CapitalSocial, que a OAB de Santo André está moralmente devedora na praça por conta de dois escândalos denunciados e sobre os quais não se moveu uma palha sequer para colocar tudo em pratos limpos, no caso as irregularidades que marcaram o lançamento do condomínio Residencial Ventura e a construção do Viaduto Cassaquera, durante o governo petista de João Avamileno?
Fábio Picarelli --
CapitalSocial -- Seriam as relações pessoais do senhor com o senhor Sérgio De Nadai, um dos responsáveis pelo Residencial Ventura, uma das razões para a omissão da OAB de Santo André?
Fábio Picarelli --
CapitalSocial -- O senhor entende também que, não bastassem as irregularidades apontadas no caso do Residencial Ventura, o fato de Sérgio De Nadai, um dos empreendedores daquela obra, estar comprovadamente metido na Máfia da Merenda, agrava ainda mais o desconforto com relação àquela construção?
Fábio Picarelli --
CapitalSocial -- O senhor fez algum movimento no sentido de buscar informações oficiais sobre os desvios que marcam o projeto Cidade Pirelli, confrontando-os com as informações de CapitalSocial, para pretender tomar alguma posição a respeito? Será que o fato de dinheiro público ter sido manipulado sem o mínimo de cuidado não é suficiente para a OAB embrenhar-se nesse mato de desvios?
Fábio Picarelli --
CapitalSocial -- O senhor entende que a OAB de Santo André e as OABs de maneira geral devem mesmo ficar à margem de questões sociais e econômicas, que ditam o presente e o futuro das localidades, ou precisam se reciclar para pegar a unha o touro das transformações, como, por exemplo, a fome pantagruélica dos empreendedores imobiliários, em larga escala desinteressados de qualquer iniciativa que vise a colocar no mesmo trilho a riqueza material dos investimentos e contrapartidas de qualidade de vida?
Fábio Picarelli --
CapitalSocial -- O senhor entende que há compatibilidade entre o comando de uma instituição importante como a OAB de Santo André e objetivos político-partidários de seu comandante? O senhor é filiado a algum partido político? Será candidato a algum cargo?
Fábio Picarelli --
CapitalSocial -- Qual será a postura da OAB de Santo André nas eleições municipais do ano que vem, caso o senhor esteja à frente da entidade?
Fábio Picarelli --
CapitalSocial -- Não existe algo de errado na condução de uma entidade do lastro da OAB quando seu presidente aparece mais insistentemente em colunas sociais do que no noticiário dos grandes problemas locais e regionais?
Fábio Picarelli --
CapitalSocial -- O senhor entende que a OAB de Santo André e as demais subseções da região não têm que se meter, por exemplo, na ineficiência funcional das quase duas dezenas de piscinões construídos para minimizar os efeitos das enchentes?
Fábio Picarelli --
CapitalSocial -- Não caberia à OAB de Santo André e também às demais OABs da região engrossarem o caldo de cultura de conhecimentos e experiências pessoais de seus representantes quando se discute, por exemplo, o caos no sistema viário regional, e, principalmente, em encontros do Clube dos Prefeitos que tomam decisões quanto a restrições de uso de caminhões, entre outras iniciativas?
Fábio Picarelli --
CapitalSocial -- O senhor entende que a imprensa da Província do Grande ABC cumpre a contento seu papel crítico ou, na maioria dos casos, atua em forma de vassalagem programada para agradar aos poderes de plantão?
Fábio Picarelli --
CapitalSocial -- Que tipo de acompanhamento os representantes da direção da OAB de Santo André fazem sobre a atuação de diversas comissões ligadas diretamente ao Executivo de Santo André, com participação pelo menos teórica da sociedade local?
Fábio Picarelli --
CapitalSocial -- Sinceramente, o senhor acredita na eficiência de uma entidade, como a Associação dos Construtores do Grande ABC, entre tantas outras, cujo mote gerencial e administrativo se funda na perpetuidade de seus dirigentes?
Fábio Picarelli --
CapitalSocial -- O que se ouve mais recorrentemente é que tanto a OAB de Santo André quanto das demais cidades da Província do Grande ABC não têm lastro representativo para defender a categoria e muito menos atualizar-se em termos de participação social, fundamentada nos princípios de CapitalSocial, porque o quadro de associados está muito aquém dos números gerais desfraldados para impressionar o distinto público. Quantos associados tem a OAB de Santo André? Quantos profissionais de Direito estão
Fábio Picarelli --
CapitalSocial -- Seus opositores corporativos, inclusive muitos que constam da relação de atuais dirigentes da OAB de Santo André, afirmam que racionalidade de projetos e comprometimento com prazos de execução estão completamente divorciados. Ou seja: dizem que sua administração é danosa quando se colocam questões como projetos e realizações, mesmo em níveis estritamente corporativos, já que, em termos de sociedade, suas ações não passariam por qualquer corredor que tenha o cheiro de compromisso com o amanhã.
Fábio Picarelli --
Leiam também:
De Nadai foge de entrevista como Bigucci, Moura, Ronan e Walter
Total de 34 matérias | Página 1
21/11/2016 O que Bigucci tem a dizer sobre organização criminosa?