Os leitores desta revista digital vão ter a oportunidade, antes de o ano terminar, de acompanhar atentamente os questionamentos que enviamos ao deputado estadual Orlando Morando sobre o chamado escândalo das emendas parlamentares na Assembléia Legislativa de São Paulo, sob investigação do Ministério Público. E também as respostas do deputado.
Independentemente de juízo de valor sobre o encadeamento do uso de recursos financeiros das emendas do deputado, a merecer olhares restritivos mas não necessariamente condenatórios, um ponto deve ser ressaltado: trata-se de um homem público que, até prova em contrário, não tem medo de encarar supostas saias justas da Imprensa.
Ainda não me decidi onde acondicionar editorialmente as questões enviadas a Orlando Morando. Inicialmente pensei em reservar o trabalho à seção “Entrevista Indesejada”. Caberia perfeitamente. Fiz-lhe indagações duras, ardilosas, diria, e o deputado não sonegou nenhuma explicação ou contraposição. Talvez deixe de lado “Entrevista Indesejada” porque não foi com essa embalagem que direcionei carga de questionamentos ao deputado Orlando Morando.
Pensando bem, não acho justo nem eticamente defensável enviar ao parlamentar as perguntas que enviei e, no meio do caminho, ou no fim da linha das respostas, direcionar o trabalho a uma seção que transpira agressividade.
Sim, não nego que “Entrevista Indesejada” é uma porção de certo radicalismo, no bom sentido, de um modelo de jornalismo pouco comum no País. Mas nada disso justifica nem explica o sumiço daqueles pretendidos entrevistados comunicados previamente sobre o espaço que ocupariam.
A entrevista com Orlando Morando, por e-mail, deverá mesmo integrar matéria específica sobre o escândalo das emendas, na seção de “Política”. Para evitar eventuais subjetividades no tratamento das respostas do deputado, o que quebraria o sentido literal com que se manifestou, providenciarei a reprodução de cada uma das perguntas e das respectivas respostas. Não abrirei mão de interpretar o material disponível. Espero não cometer imprudência.
Certo mesmo é que o deputado Orlando Morando dá uma lição a dirigentes que se escondem vergonhosamente de qualquer intervenção jornalística que contrarie seus interesses. Sim, esses personagens querem permanecer na penumbra por acreditar que contam com a proteção do silêncio mesmo em situações em que a omissão configura-se autocondenatória. Casos específicos dos inadimplentes da série “Entrevista Indesejada”.
Orlando Morando certamente teria respondido às questões enviadas por CapitalSocial se previamente fosse caracterizada a seção “Entrevista Indesejada”. Mas nem essa certeza nos remeterá a esse compartimento editorial.
Tomara que o comportamento democrático de Orlando Morando sirva de exemplo a tanta gente que tem sim obrigação de prestar contas à sociedade.
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