Administração Pública

Nem Aidan nem PT acertam passo
sobre fracasso da Cidade Pirelli

DANIEL LIMA - 27/01/2012

Com o oportunismo de quem quer recuperar um terreno lastimavelmente perdido e com uma imprecisão de quem busca justificativa para a omissão, o prefeito Aidan Ravin e o PT de Santo André traduziram muito mal o episódio igualmente mal explorado pelo Diário do Grande ABC.


 


Tudo começou com o artigo que o prefeito de Santo André escreveu dias depois de homenagens prestadas por petistas no 10° ano da morte de Celso Daniel. Aidan Ravin, que negou o uso do Teatro Municipal para a cerimônia mais importante da agenda, utilizou as páginas do Diário do Grande ABC para dar o troco ao PT, que soube explorar o descaso do titular do Paço Municipal. Disse Aidan Ravin, em represália, que seu governo dá continuidade à Cidade Pirelli, um dos principais legados de Celso Daniel. Ou seja: o prefeito que não organizou qualquer agenda respeitosa à primeira década da Província do Grande ABC sem Celso Daniel, de repente se apresenta como legítimo sucessor daquele que revolucionou as relações regionais e deixou programas sociais que ajudam a explicar o sucesso de Lula da Silva na presidência da República.


 


O artigo do prefeito Aidan Ravin é pura bobagem. Bobagem pura. Para começo de conversa, e os leitores podem constatar em detalhes os equívocos ao ler as perguntas endereçadas a um dos secretários do prefeito, Frederico Muraro, a Cidade Pirelli morreu faz tempo. Morreu de morte matada pelas mãos do PT. Morreu durante a administração petista de João Avamileno, sucessor de Celso Daniel. E foi enterrada na gestão de Aidan Ravin. Um coveiro que pretende ressuscitar o morto, vejam só. Não só ressuscitá-lo, mas embelezá-lo, condecorá-lo e utilizá-lo como plataforma eleitoral.


 


Abusando dos leitores


 


Não pode prefeito algum, de qualquer lugar que seja, abusar da credibilidade dos leitores e dos eleitores. A Cidade Pirelli, repito, morta com Celso Daniel, não pode ser enganosamente utilizada como grife no projeto da Incorporadora Brookfield. Aliás, a própria empresa afirma através de sua direção que não adotará a marca deixada por Celso Daniel. Primeiro porque o projeto foge completamente daquele figurino. Segundo porque não quer assumir responsabilidades de passivos definidos quando da aprovação do projeto Cidade Pirelli, em 1998.


 


Teria razões de sobra o prefeito Aidan Ravin, e daí a legitimidade de explorar um marketing político-eleitoral dentro das regras éticas, se os investimentos da Brookfield fossem um pedaço dos investimentos da Cidade Pirelli. Mas não são. Apenas um quarto da área reservada para o projeto original será ocupada. Fragmentaram de tal maneira os quase 200 mil metros quadrados preparados para absorver o sonho de Celso Daniel que não se sabe exatamente o tamanho do rombo no casco desse navio de improvisações. Sobre isso, aliás, estamos aguardando posicionamento do secretário Frederico Muraro.


 


Uma outra história


 


Por mais que os investimentos da Brookfield sejam importantes (e são de fato), nada pode ser comparado ao projeto Cidade Pirelli. Nesse ponto, o que a Administração Aidan Ravin comete é a usurpação de uma denominação. Decisão que certamente vai constranger a área jurídica da Prefeitura porque a iniciativa mantém ainda mais viva a carga de contrapartidas às quais os beneficiários da série de medidas legislativas que redundaram na aprovação do projeto Cidade Pirelli terão de se submeter. O projeto Cidade Pirelli é uma conta que não fechou. Se o Ministério Público não se pronunciar com rigidez, não vejo em quem mais confiar. Trata-se de um assalto aos cofres públicos sob o mutismo estranho mas mais que justificado da bancada de vereadores do PT.


 


O mesmo PT do ex-prefeito João Avamileno que, na tentativa de justificar o fracasso na condução do projeto deixado por Celso Daniel, transfere a responsabilidade dos investimentos aos supostos parceiros da Pirelli, conforme estabeleceu rigorosa aprovação do projeto pelo Legislativo Municipal. De fato, caberiam aos parceiros da Pirelli não só os investimentos como também um pool de recursos financeiros para dar conta das contrapartidas ao setor público, entre as quais a construção de um viaduto que, inaugurado e batizado com o nome do pai do prefeito João Avamileno, foi integralmente pago pelos cofres públicos. Mas tudo isso não isenta a Prefeitura de monitorar aquela proposta, impedindo intervenções que desfiguraram a iniciativa de Celso Daniel. Como a ocupação de um dos prédios da Pirelli por uma empresa de call-center.


 


Tudo isso deixou de ser publicado pelo Diário do Grande ABC porque existe uma confluência de desinteresse por matérias que exijam pesquisas e, portanto, requerem textos relativamente mais bem elaborados. Torna-se mais fácil colher declarações daqui e dali, atirá-las no computador e levá-las à impressão. Assim se dá com tantas questões, por que a Cidade Pirelli seria diferente? E por que a Cidade Pirelli seria diferente se toda a mídia regional morre de medo de transmitir aos leitores, telespectadores e ouvintes as mais que sólidas e fundamentadas informações de CapitalSocial? Ora, é desnecessário explicar.


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