A Administração Aidan Ravin e aliados não têm feito outra coisa nos últimos dias senão chorar o leite derramado por Nilson Bonome, primeiro-ministro dos três primeiros anos de governo que não só decidiu exonerar-se do cargo como acaba de lançar candidatura à sucessão municipal pelo PMDB do vice-presidente da República, Michel Temer. Por que chora Aidan Ravin e seus próximos? Porque Aidan Ravin sofre com os efeitos do estremecimento de governabilidade e ainda não encontrou o rumo, quando faltam apenas oito meses às eleições municipais.
Primeiro quem esperneou acusando as dores do afastamento de Nilson Bonome foi o deputado estadual Campos Machado, presidente do PTB, partido de Aidan Ravin. O que disse Campos Machado? Que "alguns petistas estão muito felizes" com o rompimento de Bonome com o prefeito de seu partido, segundo relatou o jornal ABCD Maior. Ponto para Bonome, um verdadeiro desfalque da Administração Aidan Ravin, segundo avaliação do presidente estadual da agremiação que dirige Santo André.
Um ponto e tanto, porque foi reforçado pelo posicionamento do prefeito Luiz Marinho, petista de São Bernardo: "O Campos (Machado) fala muito. É meu amigo, o respeito, mas tem de dar uma justificativa. Ele não poderia dizer que é por incompetência do governo de Santo André, que está começando a perder aliados", disse Marinho.
Motoniveladora estadual?
O estoque de ativos de Nilson Bonome aumentou nos dias subsequentes. O ABCD Maior confirmou o que o Diário do Grande ABC dera no dia anterior: Aidan Ravin disse existir disposição dos vereadores José de Araújo e Sargento Juliano, presidente e vice do PMDB local, de disputarem dentro do partido a vaga de candidato a prefeito contra o ex-primeiro ministro Nilson Bonome. Da base política aliada de Aidan Ravin, José de Araújo e Sargento Juliano receberam a benção do prefeito para atrapalhar a vida de Bonome. Pelo menos nas páginas de jornais. O que não necessariamente se aplica na prática partidária. O diretório municipal encaminha-se para o controle de fato e de direito de Nilson Bonome. Não bastassem as articulações locais de Bonome, o peso do diretório estadual equivaleria a uma motoniveladora.
Na mesma matéria do ABCD, uma informação que o Diário do Grande ABC só publicou ontem: Aidan Ravin não acredita que o vice-presidente da República, Michel Temer, tenha conhecimento da decisão do Diretório Estadual de lançar candidatura própria
Levando para o campo político-eleitoral mas em contexto diverso e autodestrutivo uma marchinha carnavalesca que fez muito sucesso, Aidan Ravin seguiu em frente com o "quem não chora não mama" ao declarar ao Repórter Diário exatamente o seguinte: "Se eu tenho um aliado meu que quer ser candidato é porque ele acredita no governo. Como um aliado que ficou três anos comigo vai para rua e fala mal do governo? (...). Ele vai falar o que na rua? Mudar o quê? Algo que ele ajudou a construir" -- questionou o prefeito, segundo o Repórter Diário.
Rescaldos da perda
Uma análise rápida e não necessariamente profunda da declaração de Aidan Ravin evidencia certo desespero pela perda do primeiro ministro. Primeiro porque Nilson Bonome não está batendo na Administração que acaba de deixar. Segundo porque sua candidatura pelo PMDB é a negação do pressuposto de Aidan Ravin, ou seja, de que acredita no governo municipal. Se acreditasse, não teria deixado a Administração. Terceiro porque o fato de ter sido aliado três anos do governo não é um obstáculo intransponível às críticas de Nilson Bonome porque, embora poderoso e versátil, não tinha influência em vários setores da Administração Municipal. Por exemplo: a pífia Secretaria de Desenvolvimento Econômico jamais foi de sua alçada. E Aidan Ravin também voltou a relacionar o afastamento de Bonome a possível coalização com o PT, como se tem dado entre peemedebistas e petistas no cenário nacional. Nada que seja pecaminoso.
Para completar o festival de saudade de Nilson Bonome patrocinado pela Prefeitura de Santo André, o ABCD Maior de anteontem publicou matéria que identifica as mudanças na Administração Aidan Ravin por conta da saída do primeiro ministro. Por enquanto -- é possível que outros nomes e pastas sejam elencados -- já foram recrutados três reforços para dar conta do que Nilson Bonome cuidava: Euclides Valdomiro Marchi, ex-superintendente da Craisa (Centro Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) já faz a intermediação entre os secretários, além de ajudar o prefeito em algumas atribuições de seu gabinete; a vice-prefeita Dinah Zecker virou articuladora política do governo e Fabiana de Cássia Bozzella atuará como secretária do Gabinete. Tudo isso anteriormente sob o controle e a operacionalidade de Nilson Bonome. Daí não haver exagero algum quanto ao apêndice de primeiro ministro e tampouco às razões da choradeira no Paço Municipal. Mas que poderiam disfarçar, convenhamos, bem que poderiam.
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19/11/2024 PESQUISAS ELEITORAIS ALÉM DOS NÚMEROS (24)