Administração Pública

Uma vaquinha para Sérgio De Nadai,
Rei da Merenda e das Quentinhas

DANIEL LIMA - 28/02/2012

Não, não é apelação jornalística não senhores e senhoras, porque esse não é meu ofício, para desgraça daqueles que têm como esporte preferido desclassificar os críticos. Estou me referindo às declaração que Sérgio De Nadai, principal controlador da De Nadai Alimentação, empresa que está em concordata judicial. O que ele disse está na reportagem que a revista Época, da Globo, publicou com destaque no final desta semana sobre da Máfia da Merenda, da qual Sérgio  De Nadai é um dos comprovadamente participantes.


 


Demorou para uma revista de circulação nacional avançar o sinal de comodismo sobre esse que é um dos maiores escândalos gestados em combinação de administradores públicos vorazes e empresários sem o menor pudor. Antes de chegar onde quero chegar, ou seja, à declaração de Sérgio De Nadai e à conclusão de que é preciso que todos juntemos esforços e as últimas economias para socorrê-lo em horas tão difíceis,


reproduzo vários trechos da matéria de Época. Vale a pena informar-se mais sobre um assunto sobre o qual coloquei minhas lupas críticas várias vezes. Sob o título "A gula do cartel da merenda", Época escreveu:


 


 Um prato com arroz, feijão, pedaços de carne ou frango e um legume, combinado com uma fruta e um suco. É a rotina de milhões de estudantes de escolas públicas. Para as crianças, a merenda é uma refeição importante do dia. Após quatro anos de investigação, o Ministério Público do Estado de São Paulo afirma que esse pequeno prato tem um valor igualmente imenso – mas de outra natureza -- para uma organização criminosa que funcionou nos últimos dez anos em 57 cidades do Estado de São Paulo. Seis fornecedoras de merenda são acusadas de superfaturar contratos -- e políticos e funcionários públicos, de receber propinas. Essas empresas são acusadas de, para obter lucro, cobrar caro e, em muitas ocasiões, servir aos alunos comida de pior qualidade. De acordo com as acusações, ofereciam alimentos mais baratos, como cubos de carne de frango, em vez de coxa e ante coxa. Os legumes, que deveriam ser cortados frescos, já chegavam picados. Em São Paulo, o contrato com a prefeitura especificava o fornecimento de maçã "tipo A". Mas a maçã fornecida era do tipo "C", de pior qualidade. As merendeiras eram orientadas a servir porções menores. Enquanto o contrato mandava servir uma maçã de sobremesa, as escolas paulistanas serviam meia.


 


 As empresas acusadas são: SP Alimentação, Nutriplus, Geraldo J. Coan, De Nadai/Convida, Sistal e Terra Azul. Elas foram denunciadas pelo Ministério Público do Estado de São Paulo por formação de cartel -- prática em que há um acerto para combinar preços e estratégias -- fraude a licitações, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. De acordo com a investigação dos promotores Silvio Antonio Marques e Arthur Pinto de Lemos Júnior, as empresas renunciaram à concorrência, combinaram o jogo e passaram a ganhar contratos superfaturados, pagando propina a prefeitos e secretários municipais. Segundo a ação, as empresas podem ter distribuído até R$ 400 milhões em propina. Isso equivale a 10% do que faturaram -- o negócio de merendas movimentou cerca de R$ 4 bilhões. Trata-se de um cartel que ajudou prefeitos e secretários no desvio de uma enorme quantidade de dinheiro público", afirma o promotor Marques. "Esse cartel não só provocou um enorme prejuízo aos cofres públicos, como também prejudicou milhões de crianças, que receberam durante vários anos refeições de péssima qualidade". O promotor Arthur Lemos preferiu não se manifestar.


 


 (...) Segundo a investigação do MP, o grupo formado pelas empresas SP Alimentação, Geraldo J. Coan, De Nadai e Nutriplus pagava propina de 7% dos valores dos contratos a integrantes da gestão Marta (Suplicy). Os promotores obtiveram amostras disso a partir de uma operação de busca e apreensão realizado em julho de 2010 na casa de Silvio Marques (homônimo de um dos promotores que investigam o caso). Funcionário da SP Alimentação,  Marques era encarregado da parte financeira do esquema de corrupção. Para sorte da Justiça -- e azar dos envolvidos -- ele mantinha os registros dos negócios sujos em pen drives.


 


 (...) Segundo a investigação, a propina que chegava às mãos dos destinatários equivalia, na verdade, a 5% do valor do contrato -- não a 7%. Eloizo (Durães, presidente da SP Alimentação) é acusado de embolsar a diferença de dois pontos percentuais. A investigação sustenta que os companheiros de Durães descobriram o desvio e, em 2005, o dinheiro passou a ser entregue por um diretor da De Nadai/Convida.


 


O leitor provavelmente quer sabe onde entra a vaquinha em favor de Sérgio De Nadai, Rei da Merenda e das Quentinhas (do sistema penitenciário de São Paulo). A resposta está quase no final da reportagem da revista Época. Leiam:


 


 A De Nadai não respondeu ao pedido de entrevista. No ano passado, numa festa, Sérgio De Nadai, sócio da De Nadai/Convida, deu entrevista a um programa de celebridades. Disse que desistira de negócios com governos, por ter levado


calotes.


 


Leiam também:


 


Máfia da Merenda leva De Nadai à beira de nocaute econômico


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