Valeu a pena ter gravado o programa Roda Viva da TV Cultura e acompanhar a surra a que se impôs Bruno Daniel Filho, irmão do prefeito Celso Daniel. Preconceituoso, reticente, repetitivo, desconexo, frágil na estruturação do pensamento, até porque pensamento embotado pelo desconhecimento é moradia de vacilações, Bruno Daniel Filho passou maus bocados com a bancada comandada pelo excelente jornalista Mário Sérgio Conti. Vou destrinchar o evento jornalístico na edição desta quarta-feira desta revista digital, mas não resisti e no começo da madrugada desta terça-feira escrevi estas poucas linhas. Bruno Daniel Filho deveria ser chamado pelos advogados de Sérgio Gomes da Silva para atuar como testemunha de defesa
Perguntará o leitor por que razão não assisti ao vivo o Roda Viva. Porque não resisto à ideia de perder a novela das nove e tampouco aqueles 30, 40 minutos, do Big Brother Brasil. Podem dizer o que quiserem, mas costumo responder que tenho crédito de carbono intelectual para mergulhar tanto no folhetim das nove com os extraordinários Marcelo Serrado e Cristiane Torlone, entre outros, como nas aventuras de Fael e a turma do bem contra os bandidinhos do BBB. São momentos de descontração a que todos ou boa parte dos leitores que cumprem com o dever durante o dia, incluindo os deveres de informação e análise dos fatos do dia, deveriam se dar ao desfrute. Mas disso trato outro dia.
O que quero dizer sobre o Roda Viva é que adorei o programa entre outras razões porque senti na bancada de jornalistas senão um conhecimento profundo sobre o caso Celso Daniel, ao menos fundamentação séria e equilibrada. O melhor de todos, sem dúvida, foi Mário Sérgio Conti. Ele não tratou o entrevistado com a benevolência dos bons anfitriões, um vício horroroso do jornalismo de mesuras.
Bom anfitrião em jornalismo é quem encara a responsabilidade social de atender aos desejos dos leitores, telespectadores ou ouvintes. Mário Sérgio Conti deu o tom nesse sentido. Se Bruno Daniel Filho esperava um grupo de jornalistas baba-ovos, como Andrés Sanches encontrou no debate com o pessoal do UOL, ainda recentemente, caiu do cavalo. E como caiu, porque estava completamente despreparado para o embate.
O Ministério Público possivelmente não foi o bloco unido de treinamento argumentativo inspirador ou o professor Bruno Daniel Filho é um péssimo aluno. Não fez outra coisa senão repetir sem brilho, sem carisma, sem conteúdo, sem convencimento, velhos clichês sentenciais que, como cansei de escrever, estão muito distantes dos fatos que tornaram Celso Daniel a vítima mais famosa da insanidade do estado de segurança pública daquele começo de anos 2000 na Região Metropolitana de São Paulo coalhada de sequestros.
Mas vamos tratar de tudo isso na matéria que prepararei durante esta terça-feira. Escrever sobre o caso Celso Daniel é sempre um ramal da paixão jornalística que me leva a me meter computador adentro neste começo de madrugada de terça-feira e produzir este texto em 15 minutos.
Vou esmiuçar todas as principais declarações do entrevistado-suicida do Roda Viva desta segunda-feira.
Total de 193 matérias | Página 1
11/07/2022 Caso Celso Daniel: Valério põe PCC e contradiz atuação do MP