Os rescaldos das primeiras informações sobre o escândalo que abate a Casa da Moeda de Santo André, no caso o Semasa, autarquia de água e esgoto, são implacáveis: a classe média conservadora que ajudou a eleger o médico Aidan Ravin em surpreendente segundo turno começa a apear de vez do candidato à reeleição. Outra classe média, agora mais homogênea e sólida, de São Caetano, observa com atenção o caso porque o superintendente do Semasa, Ângelo Pavin, também médico, é um dos fiadores da campanha eleitoral do peemedebista Paulo Pinheiro, dissidente da Administração José Auricchio após desconfiar de que perderia, como perdeu, a preferência sucessória para a médica Regina Maura Zetone.
Embora as informações do Diário do Grande ABC transmitam a sensação de que se pisa num tapete de ovos, depreende-se das duas reportagens e principalmente dos contatos que mantive com fontes muito antes da denúncia ter vazado que a situação da Administração Aidan Ravin é tão confortável quanto a dos corinthianos emboscados ontem nas ruas próximas da Vila Belmiro. Há perspectivas de mais complicações no horizonte do petebista porque os três anos de Administração foram uma combinação de voluntarismo e pantagruelismo.
O isolamento da Administração estaria chegando às raiais da loucura. Até a escolha do líder do governo no Legislativo, Ailton Lima, saiu de uma equação de encalacramento como única e última opção para tentar costurar o que muitos consideram mais que inviável, quase impossível: acertar os ponteiros do Executivo na Casa.
Quem provavelmente está se divertindo com os acontecimentos
Um estado de quase desespero começa a tomar conta do primeiro escalão de Aidan Ravin. Os aliados abandonam o barco. O prefeito procura saídas mas já teria percebido que o especialista no assunto foi-se há mais de 30 dias e está em campanha eleitoral para sucedê-lo ou para, quem sabe, compor chapa com o PT de Carlos Grana.
Sem surpresa alguma
O desempenho do Semasa como caixa forte da Administração Municipal
Sei que não é tarefa fácil, até porque os envolvidos nas irregularidades apontadas e em tantas outras que o Ministério Público poderia levantar (caso do Residencial Ventura, por exemplo, denunciado por este jornalista e que jamais foi aprofundado fora destes textos) são especialistas em determinadas questões, mas há situações mais graves que as páginas do Diário do Grande ABC não conseguiram revelar porque os textos foram burocráticos, cautelosos, inquietantes.
Como escrevi, sinto um excesso de cuidado que não se verificou na atuação do jornal em tantas outras questões menos escandalosamente denunciadas. O que se passa com o Diário do Grande ABC? A conversão da denúncia em manchete jornalística é uma etapa quase compulsória, porque cópia do material encaminhado ao Ministério Público foi repassada àquela publicação. Estaria o jornal eticamente constrangido porque apoiou despudoradamente a eleição de Aidan Ravin em 2008? E as outras publicações, como farão a cobertura do caso, o mais grave da Administração Aidan Ravin? Preferirão dar destaque às bobagens de um assessor econômico que destila informações fantasiosas?
Também causa estranheza a omissão aos desdobramentos da denúncia publicada na edição de domingo do jornal: houve uma orquestração para a compra em massa de exemplares em bancas de jornais
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15/10/2024 SÃO BERNARDO DÁ UMA SURRA EM SANTO ANDRÉ