O presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) se comprometeu ontem a receber os prefeitos do Grande ABC para ouvir e discutir os problemas da região. A garantia foi dada pelo próprio tucano ao prefeito Luiz Tortorello (PTB), de São Caetano, presidente do Consórcio Intermunicipal.
O prefeito disse que há três meses pedia, sem sucesso, uma audiência com Fernando Henrique Cardoso. “Hoje (ontem), o presidente ratificou o encontro pessoalmente. Agora é só uma questão de data, que será acertada pelo gabinete dele”, afirmou o petebista.
Tortorello afirmou quais são as questões que a região pretende tratar com o presidente: a instalação de uma agência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o fornecimento de orientação e matéria-prima para fomentar a indústria do plástico no Grande ABC e a criação de uma estratégia de segurança pública que envolva as polícias militar e civil, além das guardas municipais.
Tortorello esteve em Brasília para receber o prêmio de Gestão Fiscal Responsável, concedido pelo Conselho Federal de Contabilidade, por cumprir a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal). A cerimônia foi realizada na manhã de ontem e contou com a presença de Fernando Henrique.
Nunca uma comitiva de prefeitos do Grande ABC esteve em Brasília na gestão de Fernando Henrique Cardoso. A promessa do presidente da República a Luiz Tortorello jamais foi cumprida. Já era de se esperar, porque FHC e o Grande ABC mantiveram relações nada amistosas durante seus oito anos de mandato. Fernando Henrique esteve uma única vez na região como presidente, durante inauguração da fábrica do veículo Ka da Ford, em São Bernardo. Foram momentos tensos de hostilidade explícita dos metalúrgicos da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicentinho Paulo da Silva à frente. FHC foi vaiado e mal pôde discursar.
O antagonismo entre o governo de FHC e o Grande ABC, diagnosticado nas relações tempestivas com o sindicalismo vinculado ao Partido dos Trabalhadores, traduziu-se na formulação de uma política econômica que desbaratou a correlação de forças entre o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e as montadoras de veículos, na esteira da abertura econômica descontrolada. O sindicalismo regional viveu anos críticos, em intensidade semelhante à degringolada socioeconômica de uma região movida a indústria automotiva.
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01/04/2003 Quando a guerra fiscal está à sombra de tudo