Não adianta tapar o sol com a peneira por conta de suposta neutralidade, porque neutralidade é o pior dos males do jornalismo, porque enseja a omissão de ficar em cima do muro: a escolhida do Paço Municipal de São Caetano para concorrer nas próximas eleições, Regina Maura Zetone, espécie de supersecretária social da Administração José Auricchio Júnior, está a cavalgar rumo à vitória, conforme pesquisa do prestigiado Instituto Vox Popular, contratado pelo jornal ABC Repórter.
O adversário Paulo Pinheiro, dissidente do governo Auricchio e apoiado por alguns caciques do PMDB estadual, tem prestígio, tem experiência de cinco mandatos de vereador, mas provavelmente lhe faltarão pernas e fôlego. Tudo isso, lógico, dentro de quadro de normalidade de disputa.
Os números da pesquisa do Vox Populi estão recheadíssimos de preocupação para o peemedebista e de esperança sólida para Regina Maura Zetone. Mesmo os dados que apontam Paulo Pinheiro em situação aparentemente mais confortável. Por exemplo: no apontamento do candidato preferido em respostas estimuladas, quando se apresenta o cartão com os nomes dos concorrentes, Paulo Pinheiro supera Regina Maura por 30% a 26%. Nesse caso, os demais concorrentes são o petista Gilberto Costa (17%), aliado de Regina Maura, o petista Edgar Nóbrega (6%), o advogado Eder Xavier (1%) e Fernando Turco, do PSOL (0%).
O percentual de respostas estimuladas é um pouco melhor ainda para Paulo Pinheiro quando o cenário apresentado aos entrevistados pelo Instituto Vox Populi suprime Gilberto Costa e o candidato do PSOL. Agora, a vantagem do peemedebista sobe para seis pontos percentuais ante Regina Maura (34% a 28%), enquanto o petista Edgar Nóbrega vai a 7%.
Exposição mais forte
O estoque de boas notícias se esgota aí para Paulo Pinheiro. Ainda na pesquisa estimulada, embora esteja à frente, a cronologia deixa Regina Maura em situação de certa tranquilidade, porque na pesquisa realizada em novembro último estava 24 pontos percentuais atrás do peemedebista (34% a 10%) e também abaixo de Gilberto Costa (18%).
Como a mais recente pesquisa do Vox Populi foi realizado no final de fevereiro, detecta-se sem subjetividades que Regina Maura passou a ter exposição mais forte. Mais que isso: os novos números refletem série de ações associadas à companhia mais que compreensível do prefeito José Auricchio, inclusive a confirmação oficial de que é a candidata da situação.
Contar com o suporte de José Auricchio é algo para São Caetano muito mais valioso do que o empurrão contínuo que Dilma Rousseff contou de Lula da Silva na campanha presidencial que a levou à Brasília.
Primeiro porque Auricchio tem aprovação maior do que a acumulada por Lula da Silva durante a campanha eleitoral e também ao final do governo de oito anos: são 91%. Mais que o governador Geraldo Alckmin (86%) e que a própria Dilma Rousseff (89%).
A potencialidade de se traduzir o apoio de Auricchio em votos à candidata escolhida para ocupar o Palácio do Cerâmica também emergiu de uma das questões. Entre os que votariam com certeza na candidata apoiada pelo prefeito (18%) e os que admitiram que poderiam votar, dependendo do indicado (39%) chega-se a 57% de influência. Não é pouca coisa, como se observa. Aliás, é muita coisa. A transferência de votos a Regina Maura em elevado índice só não se daria se os marqueteiros do Palácio da Cerâmica passassem por lavagem cerebral dos oposicionistas.
São Caetano é muito menos conflitiva ideologicamente, muito menos problemática economicamente, muito menos contraditória culturalmente e muito menos desigual socialmente que o Brasil. Ou seja, os embates restringem-se em larga escala a condicionalidades políticas e administrativas locais. Tanto é verdade que o PT não encontra terreno fértil na cidade. Dilma Rousseff extrapola a imagem padrão do PT no País quando observada sob a ótica de São Caetano, assim como na maioria dos territórios de eleitorado conservador.
Trajetória ascendente
Dificilmente a evolução numérica do Vox Populi deixará de convergir a uma reviravolta no placar que antecederá a disputa propriamente dita quando a bateria da escola de samba de apoio a Regina Maura e as alegorias de logísticas de adensamento da imagem de executiva pública rigorosa ganharem as ruas, sempre com o prefeito Auricchio como mestre-sala.
Uma das questões formuladas pelo Instituto Vox Populi deixa esse horizonte bem clarificado, quando trata do grau de conhecimento dos pré-candidatos à Prefeitura: em abril do ano passado Regina Maura não contava com mais que 26%, saltou para 35% em novembro do ano passado e para 38% em fevereiro último. Paulo Pinheiro oscilou entre 73% em abril do ano passado, 66% em novembro e 58% em fevereiro último. Regina Maura é desconhecida ou os eleitores têm poucas informações sobre ela num total de 12%, ante 11% de Paulo Pinheiro. Isso tudo em fevereiro agora, já que em abril do ano passado Regina Maura era um nome estranho para 57% dos eleitores pesquisados, enquanto Paulo Pinheiro não ultrapassa a 13%. Conclusão: a candidata do Paço está em processo acelerado de visibilidade, que combinará, no futuro próximo, com maior grau de criticidade dos eleitores. Criticidade tem duas faces, evidentemente. Aí é que a operacionalidade da campanha no campo de batalha faz a diferença.
O maior grau de exposição de Regina Maura repercute, na pesquisa de fevereiro, no enraizamento cognitivo dos eleitores porque sobe a intenção de voto pelo critério espontâneo. Sem indução técnica do cartão, a petebista supera Paulo Pinheiro por quatro pontos percentuais (12% a 8%). Paulo Pinheiro lhe passa à frente, como mostramos, mediante a mostra do cartão. Uma lógica determinada pela memória eleitoral de cinco candidaturas vitoriosas ao Legislativo. Regina Maura jamais disputou votos, a exemplo da então virginal Dilma Rousseff.
A resistência dos eleitores a Regina Maura e Paulo Pinheiro não tem importância significativa como obstáculo a ser cuidadosamente tratado. Apenas 6% não votariam de jeito nenhum na candidata do prefeito, segundo os dados de fevereiro, enquanto 4% fugiriam de Paulo Pinheiro.
Semasa contaminará?
Há expectativa do Paço de São Caetano que converge para um jogo cujas dificuldades maiores já foram superadas e que novas arremetidas não podem pecar por excesso de confiança e escassez de medidas que coloquem o desenvolvimento do Município sempre em primeiro lugar. A perspectiva para Paulo Pinheiro já foi melhor, porque a compulsoriedade de avanço da oponente, por conta das ações de campo que lhe dão respaldo do governo municipal, elimina gradualmente o entusiasmo que os primeiros números de pesquisas não oficiais provocavam.
Tudo isso se refletiria nos orçamentos de campanhas. A arrecadação costuma minguar aos adversários de governantes bem avaliados e que se utilizam de instrumentos confiáveis para definir quem será colocado na raia para prosseguir com os rumos da administração supostamente sem solavancos -- como é o caso
Uma
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19/11/2024 PESQUISAS ELEITORAIS ALÉM DOS NÚMEROS (24)