Levemente fora do prazo estipulado — mas nem por isso fora do tempo útil que o assunto merece — os representantes do Esporte Clube Santo André responderam conjuntamente, num único documento, ao questionamento de CapitalSocial sobre a privatização do futebol do Ramalhão, equipe que disputa a Série B do Campeonato Brasileiro. As perguntas foram enviadas ao presidente do Esporte Clube Santo André, Celso Luiz de Almeida, ao ex-presidente Jairo Livolis e ao presidente do Conselho Deliberativo, Duílio Pisaneschi. Jairo Livolis e Celso Luiz de Almeida participaram diretamente da privatização do Ramalhão. Entenda-se como privatização do Ramalhão a passagem do controle diretivo da equipe do Esporte Clube Santo André, uma associação esportiva, para o Saged (Santo André Gestão Empresarial e Desportiva), empresa criada para administrar o futebol da cidade e que é presidida por Ronan Maria Pinto.
CapitalSocial não contrapõe neste texto qualquer interpretação às respostas da direção do Esporte Clube Santo André. A decisão de transferir para texto específico, que será publicado amanhã neste espaço virtual, dialoga com a iniciativa de não intervir diretamente no processo de questões formuladas e questões respondidas. Nada melhor, acredita-se, que a decantação das respostas por pelo menos 24 horas para que os leitores possam tirar suas próprias conclusões. E nada melhor, também, que uma intervenção jornalística às declarações dos dirigentes para que os mesmos leitores compreendam as razões que moveram este site a incluir o Ramalhão no rol de preocupações sociais.
Sim, em resumo, CapitalSocial expressa inquietações da sociedade regional em vários aspectos. O futebol, manifestação esportiva que vai muito além dos gramados, das arquibancadas e dos vestiários, é um dos pontos importantes dos objetivos de CapitalSocial.
Repassamos na sequência as perguntas formuladas à direção do Esporte Clube Santo André e as respectivas respostas.
Capital Social – Há informações de que o Saged fez prestação de contas inadequada em relação aos padrões contábeis. Trata-se muito mais de um relatório sucinto do que algo que possa ser comparado à documentação que consubstancie dados relevantes. As contas do Saged vão passar por auditoria do Esporte Clube Santo André, que detém um quinto das ações da empresa que administra o futebol do Ramalhão?
Resposta – O Esporte Clube Santo André não tem recebido a prestação de contas por parte do Saged. Conforme contrato firmado, o Esporte Clube não tem autonomia para solicitar auditoria junto à Saged.
CapitalSocial – Como analisa o fato de o Esporte Clube Santo André não ter participação efetiva no Saged? Seria demais sugerir que a administração do Saged deveria ser paritária com o Esporte Clube Santo André, dada a responsabilidade implícita que o clube terá em eventuais prejuízos financeiros?
Resposta – A estrutura do Saged é composta por uma Diretoria e um Conselho Consultivo. O Esporte Clube Santo André está representado por membros no Conselho. Por contrato celebrado entre as partes, compete ao Saged inteira responsabilidade pela administração do futebol, suas receitas, despesas e eventuais superávits ou déficit.
CapitalSocial – O déficit do Saged ao final de 36 meses de gestão do Ramalhão, a se completarem em dezembro próximo, chegaria próximo a R$ 12 milhões. O senhor está preocupado com o que isso pode representar para o Esporte Clube Santo André, já que a jurisprudência nocauteia a argumentação de que empresa e clube seriam territórios legais diferentes?
Resposta – O Esporte Clube Santo André desconhece o real déficit do Saged. O contrato mencionado prevê que Empresa, Diretores, Conselheiros respondem solidariamente pelos prejuízos que gerarem na administração.
CapitalSocial – Acredita que é pedir demais para o presidente do Saged, Ronan Maria Pinto, participar de uma reunião com dirigentes e conselheiros deliberativos do Esporte Clube Santo André para prestar contas?
Resposta – A questão deve ser resolvida entre as diretorias do Saged do Esporte Clube Santo André.
CapitalSocial – A convocação de uma assembléia geral da diretoria do Esporte Clube Santo André com membros do Conselho Deliberativo seria boa iniciativa para buscar saídas à situação atual?
Resposta – O contrato celebrado entre as partes dá total autonomia ao Saged na administração do futebol.
Capital Social – Que tipo de relacionamento o senhor tem com a direção do Saged, como representante do Esporte Clube Santo André?
Resposta – Relacionamento restrito às exigências contidas no contrato firmado entre as partes.
CapitalSocial – Como observa a atuação da presidência do Esporte Clube Santo André na relação com a direção do Saged? Estaria havendo omissão? E a direção do Conselho Deliberativo do Esporte Clube Santo André em relação ao Saged?
Resposta – É uma relação presa às condições contratuais.
CapitalSocial – Até que ponto o fato de o presidente do Saged ser o dono do Diário do Grande ABC atrapalha, inibe ou ameaça as relações entre o Esporte Clube Santo André e o comando da gestão empresarial do Ramalhão?
Resposta – Questão subjetiva sobre a qual não nos reportaremos.
CapitalSocial – Está satisfeito ou insatisfeito com os resultados administrativos da Saged?
Resposta – Os dirigentes do Esporte Clube Santo André não estão totalmente satisfeitos com os resultados administrativos do Saged no que tange à prestação de contas.
CapitalSocial — Fala-se na possibilidade de o Saged ser substituído por algo como o Grêmio Santo André, retirando-se o Esporte Clube Santo André de qualquer responsabilidade fiscal e trabalhista. Essa é a melhor solução?
Resposta – Esta possibilidade inexiste devido a impedimentos de ordem jurídica, pois o contrato com o Saged é de administração e gestão do futebol. Além disso, jamais aceitaremos perder as tradições e glórias obtidas ao longo dos 43 anos com uma solução desta natureza.
CapitalSocial – Como avalia o fato de o Ramalhão chegar ao título de vice-campeão paulista e estar em má situação na Série B do Campeonato Brasileiro, sob ameaça de rebaixamento?
Resposta – A gestão do futebol é inteiramente do Saged sendo certo que os méritos e deméritos são da Diretoria do Saged.
CapitalSocial – Como analisa o fato de o presidente do Saged, Ronan Maria Pinto, fugir de indagações que constam de nossa revista digital?
Resposta – Este questionamento não diz respeito a diretoria do Esporte Clube Santo André.
CapitalSocial – Se tivesse a oportunidade de reavaliar os resultados da decisão de transferir o Ramalhão do Esporte Clube Santo André para o Saged, que recomendação daria?
Resposta – O objetivo era dar ao futebol solidez de qualidade idêntica à do Poliesportivo. Concordamos que os resultados não estão acontecendo como imaginávamos e gostaríamos.
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21/11/2016 O que Bigucci tem a dizer sobre organização criminosa?