Política

Manente já escolheu suposta
fragilidade da gestão Marinho

DANIEL LIMA - 09/05/2012

Está numa entrevista ao jornal Tribuna do ABC (e vou produzir este texto longe da página que selecionei, porque a esqueci em casa) um trecho que me chamou a atenção sobre a disputa eleitoral em São Bernardo. O que disse o candidato Alex Manente, parceiro de Marinho nas eleições de 2008 e agora do outro lado do ringue? Que a Administração petista é partidarizada e por isso mesmo frustrou a expectativa daqueles que, como ele, se lançaram numa disputa que acabou por retirar do poder o grupo do então prefeito William Dib, agora, vejam só, mentor intelectual e orgânico da candidatura do mesmo Alex Manente. Entenda-se por partidarização o desdém das forças vivas da sociedade.
 
Não li em outro veículo impresso ou digital da Província do Grande ABC um conceito tão profundamente inquietador para a Administração Marinho. Independentemente de cristalizar-se uma verdade, algo que pode render muitos debates, a assertiva imprime uma condicionalidade subjetiva que perpassa o centro cognitivo da psique dos eleitores.
 
Afinal, considerar um governo municipal mais partidarizado que comunitário, sendo este governo municipal petista, por excelência corporativo mesmo, mais que qualquer outro, não é uma constatação qualquer, dessas que passam batidas como algo sem o mínimo de fundamentação. Se martelada, principalmente se martelada na concretude e na compactação de um slogan, essa ideia-força pode gerar desconforto e abrir brechas reflexivas que colocariam a nocaute, ou sob julgamento mais criterioso de eficiência, a montanha de obras sociais inequivocamente levadas a cabo por Luiz Marinho com suporte do governo federal.
 
Que marqueteiro traduziria em poucas palavras o comentário de Alex Manente sobre o foco partidário da Administração Luiz Marinho a ponto de seduzir parte do eleitorado que já se definiu pelo candidato petista, ou que ainda está em dúvida sobre em quem votar nas próximas eleições ou mesmo doutrinado a votar na oposição de centro-direita, mas ainda sujeito a dobrar à esquerda?
 
Calcanhar atingido?
 
Se o ponto frágil da Administração Luiz Marinho, se o calcanhar de Aquiles de Marinho, for mesmo essa carência de pertencimento da população ideologicamente não-petista, que abrangeria 70% do eleitorado, se tudo isso é verdadeiro, há uma fissura que pode representar senão algo como o desastre centenário do Titanic, pelo menos uma abertura a possíveis desmoronamentos de uma reeleição que até outro dia parecia inquestionável e de uns tempos para cá, desde que a doença de Lula da Silva estimulou a volta de José Serra na Capital, já não é tão certa assim.



Penso com meus botões se o desafio de comprimir tudo isso em uma ou duas frases breves me fosse entregue. Como dedicar-me à síntese se lido com a reflexão mais extensa, mastigada, elaborada? Sim, porque a diferença entre escrever um artigo semelhante a este e carimbar um slogan, qualquer slogan, é a mesma que planejar uma partida de 90 minutos com determinada estratégia e ter de correr atrás do prejuízo nos cinco minutos finais, já que o programado foi para a cucuia. O que vou fazer para traduzir em poucas palavras o discurso de Alex Manente de suposta discriminação municipal em favor do partidarismo petista?
 
Na medida em que vou escrevendo sinto que me imponho uma solução. Acho que estou ficando paranóico porque não era assim que pretendia traçar estas linhas. Não passou pela minha imaginação qualquer coisa que confluísse para a síntese. Uma síntese desafiadora, convenhamos. Tomo o impulso de chamar por socorro de Washington Olivetto, alvinegro como eu, mas desisto.
 
Quatro sugestões
 
O leitor que acompanha estas linhas provavelmente sente certa obrigação solidária de me socorrer, mas como estou off-line em meu escritório, cuidando deste texto entre quatro paredes para, sim, depois, lançá-lo ao mundo da Internet, nada poderá fazer. Vou respirar um pouco mais profundamente, vou botar a cabeça para funcionar em nova dimensão, numa dimensão múltipla, a fim de tentar encontrar uma saída para a arapuca em que me meti voluntariamente. Vou experimentar algumas sentenças, como se estivesse treinando. Quem sabe alguma salte dessa cabeça maluca, insana.
 
 Vote Manente para São Bernardo voltar a ser de São Bernardo.


 Quem vota Manente vota na São Bernardo de todos.


 Com Manente prefeito, São Bernardo volta a ser de todos.


 Tenha São Bernardo de volta. Vote Manente.
 
Acho que como sugestões atrevidas de quem não costuma seguir a manada da mesmice, como ideia geral, como mote central, como qualquer coisa que estaria conectada com as observações de Manente (insisto em dizer que não se trata necessariamente de juízo de valor deste jornalista), tudo isso que está aí em cima precisa ser avaliado pelo grupo de William Dib. Fosse marqueteiro dos oposicionistas, ficaria com a quarta sugestão. É curta e grossa e envolve verbetes indispensáveis, casos de São Bernardo e Manente. Em todas há a subjacente discriminação petista, proclamada pelo candidato filtrado pelas forças de oposição.
 
Independentemente do uso eleitoral e sempre levando em conta que as frases de Alex Manente à Folha do ABC sobre a partidarização de São Bernardo pelo Partido dos Trabalhadores refletem o sentimento do grosso da população não alinhada com a Administração Luiz Marinho, o mote deveria gerar um conjunto de filhotes cujas diretrizes estariam ligadas ao conceito, porque marketing de verdade é a convergência de medidas a partir de um núcleo organizacional que começa e termina com a centralidade de uma expressão-força baseada nos anseios dos consumidores de ideias, produtos e serviços. Será esse mesmo o caso de Luiz Marinho?


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