Entrevista Indesejada

Sem praticamente nada a oferecer,
Bigucci também foge de entrevista

DANIEL LIMA - 30/09/2010

Como era de se esperar de um dirigente classista que praticamente nada oferece de realizações ao longo de mais de duas décadas no comando de uma instituição que supostamente atua em Santo André, São Bernardo e São Caetano, o empresário Milton Bigucci também fugiu do contraditório proposto por CapitalSocial. Seguindo exemplos de Ronan Maria Pinto, Valter Moura e Walter Sebastião dos Santos, Milton Bigucci preferiu o silêncio à transparência, o desdém calculado ao confronto produtivo de informações. Seria demais esperar comportamento diferente.


Milton Bigucci dirige a Acigabc (Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC). A denominação é tão incorreta quanto pretensiosa, porque Grande ABC designa o conjunto de sete municípios da região. Os limites dos parcos dados de mercado da Acigabc restringem-se a Santo André, São Bernardo e São Caetano.


A expectativa de que Milton Bigucci encenaria descaso ao questionamento de CapitalSocial se confirmou. Entretanto, não faltam indicativos de que o empresário está agastado, tanto quanto os demais que se recusaram a participar desse trabalho jornalístico. A interlocutores mais próximos ele procura passar informações muito distantes da realidade. Tentaria, segundo fontes, passar-se por vítima. Como se alguém que dirige uma entidade de atividade tão importante pudesse pretender blindagem da Imprensa.


CapitalSocial age com tanta transparência diante de 120 mil leitores cadastrados que, contrapondo-se a argumentações extra-oficiais de Milton Bigucci, oferece-lhe outra oportunidade para sair do casulo corporativo em que se meteu: este jornalista se coloca à disposição para um debate diante, principalmente, de público formado por pequenos e médios empreendedores imobiliários do Grande ABC. A sugestão, que pode ser vista também como desafio, poderia ter mediador escolhido de comum acordo. Bastaria marcar hora e lugar.


Milton Bigucci é frondoso galho de uma imensa árvore de barulhentos protagonistas da vida econômica e social do Grande ABC que nada fazem ou pouco fazem para mudar a realidade regional. Deve-se reconhecer, entretanto, que, como vários outros, Milton Bigucci é bom de marketing. Sobremodo porque mesmo à falta de carisma e empatia pessoal carrega gorda conta publicitária da MBigucci, vitoriosa empresa que fundou e dirige em São Bernardo.


A apatia institucional dos construtores e incorporadores de imóveis na região, principalmente das pequenas e médias empresas, está explicitada nos quadros de integrantes da Acigabc. As reuniões são esporádicas. Reúnem apenas alguns parceiros de negócios do empresário Milton Bigucci, não propriamente os poucos associados preocupados com carregada pauta que a atividade exige mas é descartada por conta de estrutura muito aquém da importância do setor.


Já há movimento para enfrentar Milton Bigucci nas urnas, mas a tarefa, segundo oposicionistas, bate de frente com dificuldades para obter informações estratégicas de suporte à sensibilização do eleitorado.


Entre o enfrentamento nas urnas e o distanciamento completo da entidade, a maioria dos empreendedores do mercado imobiliário da região prefere a segunda opção. Até porque para os próprios representantes do setor a Acigabc não conta com prestígio suficiente que desperte interesse de movimento vigoroso de representatividade.


Os questionamentos formulados por CapitalSocial e também por leitores, principalmente por agentes imobiliários do pelotão de frente de críticas à atuação da entidade que os representaria, deixaram Milton Bigucci encalacrado. Afinal, como responder às questões se a Acigabc é de fato um arremedo institucional sobre o qual giram dúvidas de todos os tipos, inclusive quanto à flacidez dos dados estatísticos que divulga com alguma frequência mas que, no fundo, não servem para tomada de decisões importantes?


Esforço não faltou a Milton Bigucci nos últimos meses para dar retoques de maquiagem à Acigabc. Depois de tomar conhecimento de que seria um dos entrevistados de CapitalSocial, decidiu atualizar o até então medíocre site da entidade.


Bigucci foi informado da ação jornalística antes da Copa do Mundo. Correu para contratar uma empresa especializada em reconfiguração do endereço digital. Também adotou algumas ideias que saltaram das páginas virtuais de CapitalSocial nos questionamentos não respondidos por Valter Moura, presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), com quem rivaliza longevidade à frente de entidade empresarial no Grande ABC.


Mesmo com a corrida em busca de respostas que pudessem neutralizar as críticas de CapitalSocial, Milton Bigucci não conseguiu mais que dourar a pílula.


A Acigabc é duramente criticada por dirigentes de empresas que deixaram o quadro de associados. Ironicamente, alguns dizem que a entidade não passa de quintal do presidente Milton Bigucci. Tanto dele como literalmente de meia dúzia de amigos que se reúnem para estabelecer planos que não superam as próprias fronteiras de interesses das empresas que dirigem.


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