Política

Lambança e traição do PT em Mauá
desafiam liderança de Luiz Marinho

DANIEL LIMA - 21/05/2012

A lambança de puro oportunismo do deputado estadual Donisete Braga e do vice-prefeito e secretário de Saúde de Mauá, Paulo Eugênio Pereira, coloca em situação delicada não só o PT de Mauá mas também a imagem de liderança do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, que quer fazer da Província do Grande ABC plataforma ao governo do Estado. Cassar o direito à reeleição do prefeito Oswaldo Dias, como se anunciou ontem, é algo inacreditável. O PT de Mauá endoidou de vez.
 
Com a medida, passível de revertério, a peemedebista Vanessa Damo, mais forte candidata da oposição, deve estar rindo à toa. Afinal, se o próprio PT descredencia Oswaldo Dias, que mais será necessário para desclassificar o prefeito petista? E quem vai acreditar na ética e na responsabilidade social da nova chapa, nascida no berço enlameado de uma traição que instaura ambiente de terrorismo no seio da agremiação?
 
Vejam que o prefeito Oswaldo Dias está sendo cassado pelo próprio PT porque defende o que o ex-presidente Lula da Silva mais cultivou para chegar àquele cargo e mesmo agora, nas composições petistas para somar o maior número de prefeitos. O que quer Oswaldo Dias, a seguir a cartilha lulista? Que a chapa-pura pretendida por uma banda petista seja substituída por uma coalizão que culminaria na escolha de um vice de outra agremiação, o vereador Irmão Ozelito, do PTB, com forte apoio dos evangélicos.
 
Paulo Eugênio e Donisete Braga, que dividem largos estratos dos filiados em Mauá, anunciaram-se os novos concorrentes do PT à Prefeitura, com o deputado estadual na cabeça da chapa. Algo que até outro dia era detestado por Paulo Eugênio, então na expectativa de seguir vice de Oswaldo Dias reeleito e, em seguida, concorrer ao Paço como titular da chapa petista.
 
Confusão à vista
 
É claro que a história não terminará com a simplicidade resolutiva a ser conduzida ao diretório municipal controlado por Donisete Braga, Paulo Eugênio Pereira e Rogério Santana, também membro da confraria que derrubou preliminarmente a candidatura de Oswaldo Dias. Muita água turva rolará sob a ponte de aproveitadores. A crise não se limitará à geografia política de Mauá. Outras instâncias do partido já começaram a se mobilizar.

O PT não é um partido municipalista. É organicamente regional, estadual e nacional. A crise em Mauá e na região será encardida. O que se pergunta é como estará a cabeça do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, a quem se atribui liderança incontestável do PT regional, sempre à sombra do ex-presidente Lula da Silva. Passaram-lhe a perna ou Luiz Marinho participou ardilosamente da passada de perna em Oswaldo Dias? Ninguém melhor que o próprio prefeito para responder. E agir, evidentemente.
 
O que estaria por trás de tamanha traição partidária, além da fome pantagruélica dos grupos controlados por Donisete Braga e Paulo Eugênio Pereira? Até que ponto acordos petistas na Província do Grande ABC, que envolvem um conhecido penetra da mídia regional, alçado à condição de comandante-em-chefe extra-oficial de várias candidaturas, teria influenciado a decisão, como se as bases petistas em Mauá sob a influência de Oswaldo Dias não apitassem coisa alguma?
 
Estaria o Partido dos Trabalhadores de tal forma comprometido com financiamentos de campanhas eleitorais e tratados de bastidores com determinadas faixas da mídia a ponto de negligenciar os riscos de uma aventura patrocinada por dois afoitos correligionários a usurpar senão direitos adquiridos à reeleição, mas o bom senso da candidatura de Oswaldo Dias à reeleição?
 
E Marinho, como fica?
 
É claro que Luiz Marinho, designado por Lula da Silva interventor nas prefeituras petistas e também nas candidaturas petistas, vai ter de se manifestar. O que lhe reservaram de presente de aniversário foi uma surpresa desagradável ou Marinho estava por dentro das tramóias?
 
Alguém será capaz de dizer que o que aconteceu em Mauá não é algo calamitoso para uma agremiação partidária que se pretende comandante dos destinos da Província do Grande ABC ao projetar a conquista de cinco das sete prefeituras?
 
Como acreditar na sustentabilidade de projetos que têm a sociedade com objetivo ante tamanha desfaçatez?



Vanessa de camarote
 
Qualquer marqueteiro que a oposicionista Vanessa Damo venha a contratar para estruturar a campanha rumo ao Paço Municipal de Mauá não terá dificuldade alguma em colocar o PT sob suspeição e, provavelmente, à margem de uma disputa mais acirrada. Basta lembrar os leitores sobre essa calamidade interna que atinge o coração da Administração do Município. Ou a partir de agora a gestão Oswaldo Dias não entra na zona cinzenta do conflituoso, do desmoralizante?
 
Se a candidatura de Oswaldo Dias é sumariamente desclassificada pelos próprios petistas, como a comunidade de Mauá lhe confiaria mais uma vez o voto e um quarto mandato? E se o PT escalou para dirigir a Prefeitura um prefeito que é execrado pelo próprio partido, como pedir ao eleitorado que vote em Donisete Braga sem que se corra o risco de novo engodo?

Mais que isso: votar num Donisete Braga que, até prova em contrário, agiu à moda dos traidores, porque até outro dia, segundo o noticiário dos jornais, pretendia influenciar a Administração Oswaldo Dias em possível reeleição tendo o Irmão Ozelito como aliado estratégico no posto de vice-prefeito e agora não só passa a perna no prefeito do próprio partido como também no pretendido candidato a vice do PTB.
 
Quem teria feito a cabeça de Donisete Braga (até outro dia um deputado estadual comportadíssimo) a dar uma guinada, um cavalo de pau, em sua própria biografia, instalando-a nos calabouços da mesquinharia partidária, assim como Paulo Eugênio Pereira?
 
Quem também deve estar rindo a valer ante tamanhas estultices petistas é o prefeito de Santo André, Aidan Ravin, enredadíssimo com o Escândalo do Semasa. O próprio PT que preparou nos bastidores a teia de complicações em que Aidan Ravin se meteu com a turma de quadrilheiros daquela autarquia de água e esgoto, mais esgoto que água, agora resolveu patrocinar um evento de desajustes internos com repercussão eleitoral no mínimo regional.
 
Ou alguém tem dúvida de que os estilhaços de Mauá atingem a todos os candidatos do PT na Província do Grande ABC, levando-se em conta como se deve levar que o PT é a agremiação nacional cujos tropeços são contabilizados de forma mais duramente coletiva, ampla, generalizada?
 
Paulo Eugênio Pereira, Donisete Braga e os apoiadores da arapuca contra Oswaldo Dias possivelmente receberão títulos de contribuintes eméritos dos partidos adversários, pelos serviços prestados à desmoralização do PT em Mauá.


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