Entrevista Indesejada

Ronan Pinto confirma expectativa
e foge de Entrevista Indesejada

DANIEL LIMA - 29/09/2010

Confirmando expectativa de que prefere o monólogo ou encontros longe dos holofotes da informação democratizada, o empresário Ronan Maria Pinto, dono do Diário do Grande ABC e presidente da Saged, empresa que privatizou o futebol do Ramalhão, não respondeu às questões formuladas por CapitalSocial na série “Entrevista Indesejada”. Encerrado o prazo de 15 dias, CapitalSocial cumpre a função pública com que foi concebido: explicita e contextualiza aos leitores a ausência de declarações do empresário que detém o controle do futebol de Santo André.


As questões formuladas por leitores deste site e também por este jornalista convergiram para um mesmo ponto: a administração da Saged. A perspectiva de que a empresa chegará ao final do ano com déficit de R$ 12 milhões, após 42 meses de gestão do futebol do Ramalhão, está respaldada em declarações de acionistas. A empresa foi criada para potencializar o futebol na cidade.


O déficit projetado representa orçamento de um ano inteiro e seria muito maior não fossem as condições vantajosas que envolveram o repasse do futebol do Ramalhão para a Saged. São profundas as possibilidades jurídicas de o Esporte Clube Santo André sofrer demandas econômicas de eventuais credores da Saged, principalmente na esfera de obrigações federais.


O encaminhamento de Entrevista Indesejada ao presidente do Ramalhão detonou processos paralelos de especulações sobre a reação de Ronan Maria Pinto.


Acreditava-se que, respaldado por assessores jurídicos, o empresário responderia às questões e, com isso, não tropeçaria na contradição de ser proprietário de um veículo de comunicação e paralelamente fechar as porteiras de informações à frente do Ramalhão. Seria uma grande oportunidade de dar transparência diretiva a uma organização que, embora anunciada como clube-empresa, não passa, de fato, de ente privado como qualquer loja de departamentos ou mercearia.


O Esporte Clube Santo André, que durante quatro décadas administrou o Ramalhão, não tem mais nenhuma participação diretiva na equipe. Os principais dirigentes do clube associativo foram eliminados do comando gerencial e operacional da Saged. A participação da instituição com sede no Parque Jaçatuba é apenas residual entre outros motivos porque conta com minoria de ações de investidores controlados por Ronan Maria Pinto.


Embora não possa ser rotulado de fracasso, o processo de privatização do Ramalhão está muito distante do pretendido. Das 100 cotas colocadas à venda há 40 meses, 20% não se transformaram em recursos financeiros.


Os apoiadores da ideia de que Ronan Maria Pinto agiria com coerência não levaram em conta que uma das marcas do dirigente é a aversão ao contraditório. O Ramalhão é uma fortaleza aparentemente inexpugnável à curiosidade pública. Mesmo assim, não escapam dados como a projeção de endividamento.


Outro motivo para Ronan Maria Pinto desprezar o encaminhamento do questionário de CapitalSocial é que acredita que basta o fato de dirigir o Diário do Grande ABC para que supostas realidades ganhem ares de certeza na sociedade que consome informação. Nada mais falso. A tecnologia da informação está disseminada de tal forma, principalmente com o advento da Internet, que não é obra do acaso a quebra contínua do padrão de liderança da mídia impressa diária.


CapitalSocial é uma das muitas alternativas de informação no Grande ABC. O site conta com cadastro de 120 mil leitores à aferição dos interessados. São usuários da Internet no Grande ABC que integram um banco de dados que impulsiona gradual e consistentemente a audiência. As chamadas das matérias, que estimulam visitas ao site, são endereçadas diariamente a todos os cadastrados como estratégia de consulta e fidelização da melhor revista eletrônica regional do País.


O que mais preocupa quem tem no Ramalhão importante agente de disseminação da imagem de Santo André e do Grande ABC é que, em contraposição ao regime autocrático de Ronan Maria Pinto, dirigentes e conselheiros do Esporte Clube Santo André respondem com silêncio. O vácuo provocado pela dispersão dos andreenses que sustentaram a história do Ramalhão ao longo de quatro décadas é ocupado por um autoritarismo latente, estimulado por séquito de bajuladores no interior do quadro de acionistas da Saged.


Anteriormente ao envio de Entrevista Indesejada ao empresário que também detém o controle do sistema de transporte coletivo em Santo André, CapitalSocial despachou perguntas tanto a ele como a Celso Luiz de Almeida, Jairo Livolis, Duílio Pisaneschi e Luiz Antonio Lepori, do quadro de dirigentes e conselheiros do Esporte Clube Santo André, além de Romualdo Magro Júnior, vice-presidente da Saged. O material foi remetido antes da disputa da Copa do Mundo e provocou reunião dos dirigentes com este jornalista na sede social do Parque Jaçatuba. Ronan Maria Pinto também participou.


O resultado da reunião encaminhou-se à aproximação institucional entre Esporte Clube Santo André e Saged, de forma a evitar que previsíveis prejuízos financeiros do Ramalhão atinjam a agremiação sediada no Parque Jaçatuba, limitando-se à empresa que administra o futebol.


Como não houve avanço nas tratativas, CapitalSocial decidiu retomar a trilha de questionamento. Optou inicialmente por respostas de Ronan Maria Pinto. Agora vai encaminhar questionamentos àqueles dirigentes.


CapitalSocial também não nutre maiores expectativas de respostas dos dirigentes do Esporte Clube Santo André. Há pressões veladas que impediriam pronunciamentos. Ainda mais que se desenha num horizonte próximo a possibilidade de o Esporte Clube Santo André ser substituído pelo Grêmio Santo André como representante legal do Ramalhão. A medida aparentemente romperia o cordão umbilical entre EC Santo André e Saged para efeitos jurídicos que incomodam a direção da agremiação do Parque Jaçatuba.


Entretanto, essa fórmula pode ser contestada em esferas esportivas que começam a reagir à febre de substituição de denominações com deslocamentos de endereços das equipes. O caso do Grêmio Barueri, que virou Grêmio Prudente, é o mais notório. Estudam-se inclusive medidas para inibir iniciativas semelhantes.


Leia mais matérias desta seção: Entrevista Indesejada

Total de 34 matérias | Página 1

21/11/2016 O que Bigucci tem a dizer sobre organização criminosa?
11/01/2016 Lava Jato deve pegar pelo menos uma dúzia de bandidos na região
04/08/2015 Pressão sobre Legislativo é uma das perguntas para Bigucci responder
03/06/2015 Veja perguntas que enviamos ao MP sobre escândalo do Semasa
22/12/2014 Luiz Marinho também confirma expectativa e foge de entrevista
25/11/2014 Ação de Luiz Fernando está entre perguntas ao prefeito Luiz Marinho
11/11/2014 Bigucci vai fugir pela sexta vez de CapitalSocial? É o mais provável
26/10/2011 Veja as perguntas de CapitalSocial para o empresário Sérgio De Nadai
26/09/2013 Pesquisas manipuladas estão entre perguntas dirigidas a Milton Bigucci
18/04/2013 Barbada: Maurício Xangola foge mesmo de Entrevista Indesejada
08/04/2013 Mindrisz renega Xangola, exige condicionalidades e ganha prazo
01/04/2013 Entrevista Indesejada quer abrir caixa-preta da Fundação do ABC
03/09/2012 Veja as novas perguntas para Milton Bigucci
07/02/2012 Muraro se cala e escândalo da Cidade Pirelli é levado ao MP
23/01/2012 Água mole de crítica em pedra dura de atraso tanto bate até que fura
23/01/2012 Martins e Dotto projetam mudanças semelhantes no comando da Acisa
15/12/2011 Picarelli confirma fuga e se junta a Ronan, De Nadai, Bigucci e outros
29/11/2011 De Nadai foge de entrevista como Bigucci, Moura, Ronan e Walter
16/11/2011 Veja as perguntas enviadas para o presidente da OAB de Santo André