Política

Contaminação de De Nadai deve
alterar vice do PT em Santo André

DANIEL LIMA - 14/06/2012

Já não é mais considerada garantida a escolha da educadora Oswana Fameli, diretora da Acisa (Associação Comercial de Santo André) para formar a chapa do PT às eleições em Santo André. O deputado estadual Carlos Grana, escolhido pelo ex-presidente Lula da Silva para a missão de o partido retomar o Paço Municipal de Santo André, deverá desistir do acordo com o grupo que dá suporte a Oswana Fameli. O principal motivo são as ligações desses apoiadores com o empresário Sérgio De Nadai. Sérgio De Nadai é espécie de eminência parda de Oswana Fameli. A imagem pública do empresário, denunciado e condenado por integrar a Máfia da Merenda, é um entrave à expectativa de crescimento do candidato petista. Como se o julgamento do Mensalão já não fosse pouca coisa e o caso Celso Daniel não alimentasse o arsenal antipetista.


 


Prestes a anunciar a companhia de Carlos Grana à Prefeitura de Santo André, o Partido dos Trabalhadores de Santo André deverá reavaliar a situação depois do vazamento do interesse e, mais que isso, da infiltração de Sérgio De Nadai na massa crítica que pretende dar suporte de marketing e financeiro à vitória eleitoral em outubro próximo.


 


Oswana Fameli integra o grupo que levou Evenson Dotto, diretor do Diário do Grande ABC, à presidência da Acisa. O mesmo Evenson Dotto que contou com estreitíssima colaboração de seu autoproclamado amigo, Sérgio De Nadai, na construção da vitória eleitoral naquela entidade de classe. Dezenas de votos estatutariamente de direito do Bradesco desequilibraram a disputa, ante a pulverização de sufrágio unitário de pequenos empresários que se dividiram entre Evenson Dotto e Flávio Martins. Um executivo daquela instituição financeira desembarcou diretamente em Santo André a bordo de helicóptero de Sérgio De Nadai, membro sempre ausente do Conselho Superior da Acisa.


 


Máfia da Merenda


 


Sabe-se que a cúpula do PT em Santo André deverá analisar detidamente os efeitos contaminadores que a nomeação de Oswana Fameli provocaria na candidatura de Carlos Grana. O empreendimento comandado pelo empresário que já há dois anos reside na Capital passa por processo de concordata judicial. Tudo porque sofreu sérios abalos na esteira do escândalo da Máfia da Merenda. Já as condições financeiras pessoais de Sérgio De Nadai passam ao largo do quadro judicial. 


 


É possível que os próximos dias sejam definidores para Carlos Grana. Deverá avolumar-se a pressão partidária por uma nova indicação feminina para formar a chapa petista. Objetivamente, pretende-se que Carlos Grana mantenha-se em harmonia com dirigentes e militantes partidários influentes e, principalmente, evite uma dose suplementar de desconfiança sobre o comportamento ético do PT. Sabe-se que é possível que se tente salvar a dobradinha prevista, com a desclassificação subjacente dos fatos decodificados sobre o envolvimento de Sérgio De Nadai no projeto. Entretanto, os oposicionistas do PT em Santo André já teriam se organizado para novas estocadas sobre os critérios éticos do partido. 


 


A possibilidade de o relacionamento da candidatura petista imbricar-se com as irregularidades empresariais de Sérgio De Nadai é analisada como algo tão negativamente explosivo como a inviabilidade de Lula da Silva, responsável pela indicação de Carlos Grana, cumprir agenda de eventos públicos em Santo André no volume planejado antes do diagnóstico de câncer de laringe.


 


O PT de Santo André está especialmente sensível à possibilidade de sofrer danos eleitorais num período já por demais desagradável. Primeiro, porque o julgamento do Mensalão está aí, com desdobramentos que ferem a imagem do partido diretamente envolvido nas denúncias. Segundo, porque o assassinato de Celso Daniel, que completa 10 anos, voltou a ser objeto da agenda oposicionista. Recentemente, uma revista de Guarulhos (Free São Paulo) com circulação gratuita nas estações do metrô e da CPTM, provocou repulsa do diretório estadual petista. Centenas de milhares de exemplares adicionais foram impressos a pedido de gestores públicos locais interessados em consolidar a versão de crime de encomenda do Ministério Público.


 


A pretensão de esconder a participação de Sérgio De Nadai do grupo ao qual está vinculada a escolha de Oswana Fameli perdeu consistência a partir do entorno da candidatura petista, insatisfeito com o encaminhamento excessivamente impetuoso dos parceiros empresariais. Embora o anúncio oficial ainda não tenha sido declarado, Carlos Grana praticamente antecipou ao jornal impresso ABCD Maior, publicação de centro-esquerda com sede em São Bernardo, que tudo se encaminhava favoravelmente à presidente da Associação das Escolas Particulares do Grande ABC. Nada mais lógico, porque ambos são vistos cada vez mais juntos em eventos públicos.


 


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