Política

Mulheres dão dor de cabeça ao
candidato petista em Santo André

DANIEL LIMA - 20/06/2012

Oficialmente, duas mulheres estão dando muita dor de cabeça ao candidato petista Carlos Grana, em Santo André. Ter mulher como companheira de chapa para tentar voltar ao poder em Santo André seria questão de honra para o PT, à sombra do sucesso de Dilma Rousseff na Presidência da República. Mas as mulheres, as duas principais mulheres envolvidas na disputa, estão dando muita canseira. E poderão dar muitos prejuízos também.
 
A primeira mulher é Oswana Fameli, presidente da inexpressiva (como a maioria das entidades de classe da região) Associação das Escolas Particulares do Grande ABC. Oswana é boa moça, faz parte da diretoria da Acisa (Associação Comercial de Santo André), tem fortes ligações com a direção do Diário do Grande ABC (foi escolhida pelo diretor Evenson Dotto para acompanhá-lo na chapa que venceu as eleições na Acisa) e também o suporte garantido do mesmo esquema de marketing abastecido com dinheiro de Sérgio De Nadai. O empresário, como se sabe,  está metido até o pescoço na Máfia da Merenda, condenado que foi pela Justiça. Dinheiro de De Nadai em campanha eleitoral, ou a simples aproximação de De Nadai, é combustível e tanto para os adversários.
 
A segunda é a ginecologista Ana Glória da Silva, mulher de um médico também muito ligado à direção do Diário do Grande ABC. Ana Glória lançou candidatura ainda outro dia, inconformada por ter sido preterida por Carlos Grana. O PT sentiu o golpe e tentou de todas as maneiras legais impedir que o PSDC, o partido de Ana Glória, avalizasse a candidatura. Deu com os burros nágua. Mas houve novas mobilizações, até que se convenceu a concorrente a desistir. Não é preciso avançar o sinal para dizer as razões que a sensibilizaram. Ana Glória não é mulher que se aquieta com qualquer coisa. Ex-aliada de Aidan Ravin, solta os cachorros só de ouvir falar do prefeito, que não teria cumprido compromissos da campanha eleitoral.
 
Aliás, Aidan ganha estourado o título de promessão político da Província do Grande ABC. Muitas das denúncias que o colocam no centro de escândalos deriva disso, ou seja, de palavras que não se cumprem. Ana Glória está na lista dos fraudados.
 
Briga de mulheres
 
Mas mesmo assim a insatisfação de Ana Glória permanece subjacente. Ela não se conformaria e até mesmo poderia voltar à situação anterior, de concorrente em potencial, se Oswana Fameli for anunciada companheira de Carlos Grana. Mais ainda: o preço da desistência já estaria em fase de acertos. Diferentemente das relações com Aidan Ravin, desta feita Ana Glória e seu grupo teriam mesmo a segurança de Grana de que tudo será respeitado. Grana é avaliado como político mais confiável do que Aidan. Até porque, seria impossível atingir as profundezas do titular do Paço de Santo André.
 
Apesar de tudo isso, o staff de Carlos Grana corre em busca de uma saída. A companhia indireta de Sérgio De Nadai é um chute nos fundilhos de eventual tentativa de vender a imagem de renovação política que se pretende com o candidato petista. Sérgio De Nadai é velho de guerra na arte dos bastidores. Sempre esteve por trás de candidaturas tucanas ao Palácio dos Bandeirantes. Até que a casa caiu com a Máfia da Merenda. Os tucanos querem vê-lo pelas costas, mas suas contribuições são sempre bem-vindas, porque está acima (ou abaixo) dos cordéis partidários oficiais. É verdade que o PT não lhe abriria as portas de forma escancarada, por isso o faz por intermédio de terceiros. Sérgio De Nadai já andou metido extraoficialmente em candidaturas de outras agremiações, sempre a conciliar dinheiro e poder.
 
Capital e trabalho
 
A alternativa de um candidato ao invés de uma candidata, tendo o empresário do setor gráfico Mário Cesar de Camargo como objetivo, passou a ganhar força entre os petistas. Seria a fórmula capital-trabalho a se adaptar ao cenário de Santo André, rebocada da história de sucesso de Lula-José Alencar, em 2000. Uma proposta exposta muito antes de se meterem os petistas no fetiche de mulher para vice.
 
Carlos Grana está começando a desconfiar que mulher de vice apenas por ser mulher pode significar muita encrenca. Boa parte do Conselho Superior da Acisa não avaliza a candidatura de Oswana Fameli não só porque a considera insossa demais para representar a entidade no Paço Municipal como também porque a ligação com a diretoria da entidade e desta com Sérgio de Nadai pressupõe desgaste ético desnecessário. Os defensores de Oswana Fameli nos interiores da Acisa a querem justamente porque ela seria morna na medida certa. O problema é que imaginavam que as ramificações com Sérgio De Nadai não se tornariam públicas, a constranger os petistas que ainda não perderam o bom senso depois de tantos escândalos envolvendo o partido.


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