Sabe quais são as possibilidades de Luiz Marinho atingir as metas que elaboramos para votação do Conselhão Regional, de forma a ganhar competitividade para disputar o governo do Estado em 2018? Não chegam a 20%. Fiz uma avaliação dos 10 enunciados que preparei para os conselheiros sem considerar o resultado e sem atribuir pesos proporcionais diferenciados.
Ganhar as eleições
Embora marqueteiros oficiais e oficiosos do prefeito petista se irritem com pressupostos da enquete com o Conselhão Regional, é preciso relativizar a estridente reprovação. Primeiro porque a reação faz parte do jogo democrático do contraditório em forma de e-mails enviados. Segundo porque não há dúvida de que a missão imposta a Luiz Marinho é quase maratonista. Principalmente porque ainda, quase quatro anos após eleger-se, não executou nenhum dos 10 pontos da agenda que preparei à votação dos conselheiros.
Como a maioria
Que se pode fazer, afinal, quando se constata que Luiz Marinho segue rigorosamente o ritual da maioria dos chefes de Executivo da Província do Grande ABC, de agora e de antes, em termos de gerenciamento público? No ritmo em que vai indo, muito dificilmente chegará próximo do legado de José Auricchio Júnior,
Mas, voltando a Luiz Marinho, como atribuir algo não mais que próximo a 20% de possibilidades de ganhar competitividade eleitoral se ao somar todos os percentuais dos 10 quesitos expostos na enquete ao Conselhão Regional e dividi-los igualmente por 10, não se encontra nada além de densa camada de improbabilidades?
Querem saber como cheguei a esse percentual? Pois vou destrinchar os quesitos sem delongas.
Não vejo no horizonte próximo mais de 50% de possibilidades de Luiz Marinho preencher integralmente o primeiro enunciado, que versa sobre a conquista de uma vitória expressiva nas próximas eleições
Prefeito municipalista
Não vou além de 20% também de Luiz Marinho sobre o quesito seguinte, de dirigir o Clube dos Prefeitos e deixar como herança mais que um projeto de planejamento econômico e social, mas o encaminhamento de políticas resolutivas que finalmente coloquem a região num patamar de positividades integracionistas a salvo de solavancos político-partidários. Luiz Marinho é municipalista por excelência, obreiro acima de tudo. Não tem o viés regionalista de Celso Daniel. Qualquer alteração nesse roteiro seria surpreendente. Marinho está preocupado principalmente com a biografia bernardense para exposição estadual no momento oportuno.
Já a construção de liderança partidária regional para consolidar aliança e evitar crises localizadas como em Mauá, onde o prefeito Oswaldo Dias sofreu um golpe de seus próprios companheiros de partido, não passa de 10% de efetividade. O jogo de xadrez petista é complexo demais para Luiz Marinho dar um xeque-mate que recoloque as peças da forma que bem entender no tabuleiro de decisões. Liderança sindical e liderança política não contam com os mesmos cromossomos sociais, ideológicos e comportamentais. O gado tangido de chão de fábrica não se replica no gado rebelde partidário, repleto de nuances e subjetividades. O adversário não é o patrão, mas o companheiro de legenda.
Também não passa de 10% o grau de concretude do enunciado que diz que Luiz Marinho precisa comprovar com iniciativas transparentes que é um dirigente público livre da tutela sindical. O cerco às decisões de Luiz Marinho é fortemente emanado do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A blindagem e a lealdade de boa parte dos principais parceiros de gestão ramificam-se no sindicalismo. A visão metalúrgica do ex-sindicalista Luiz Marinho faz parte do DNA do prefeito Luiz Marinho. O Museu do Trabalho e do Trabalhador, que parece ignorar o capital, reflete tudo isso. Não faltarão parceiros de jornada do prefeito que ampliarão o conceito da denominação da obra a todos os agentes econômicos e sociais. Claro que argumentam com falácias.
Outros rarefeitos 10% vão para a consolidação de pelo menos um grande projeto econômico
Outros econômicos 10% de viabilidade de sucesso vão para a mobilização de esforços regionais para transformar as restrições à ocupação das áreas dos mananciais em compensações financeiras que seriam prioritariamente aplicadas naquelas mesmas áreas, reduzindo-se a degradação histórica. Nesse caso, reconhecemos a ação como hercúlea, digna de ser encetada por uma grande liderança que, ainda, Luiz Marinho está longe de ser.
Preso a Lula
Também trafega na casa dos 10% de sucesso a manutenção dos laços que o prendem ao ex-presidente Lula da Silva sem, entretanto, depender demasiadamente do padrinho. As dificuldades que Luiz Marinho encontra entre caciques petistas, os quais o ignoraram na convenção que definiu oficialmente sua candidatura à reeleição, emerge ante a insatisfação de facções partidárias subestimadas pelo ex-presidente Lula da Silva. Há bolsões contrários à proximidade entre Lula e Marinho como sinônimo de protecionismo semelhante ao aplicado em favor de Fernando Haddad nas eleições da Capital. Uma derrota do candidato do ex-presidente na Capital fragilizaria o cacife a Luiz Marinho, isolando-o ainda mais de outras porções petistas.
Já quanto ao enunciado à prestação de contas detalhada a cada seis meses de eventual novo mandato sobre investimento
Já a esperança de o prefeito Luiz Marinho priorizar ações e resultados que enfatizem a redução do custo da mobilidade urbana gerada pelo excesso de veículos nas ruas e pela desvairada ocupação espacial do mercado imobiliário também não supera 20% de aplicação. Há obras prometidas porque sobram recursos federais, mas também será tão importante quanto necessário dedicar-se a questões paralelas, que envolvem o Plano Diretor. A cronologia eleitoral exigiria o apressamento de estudos e de medidas que, por conta da interdependência político-administrativa em regiões metropolitanas, costuma ser vagarosa.
Para completar, com míseros 10% de viabilidade, Luiz Marinho deveria promover a cada 60 dias uma entrevista coletiva com a Imprensa e representantes da sociedade para prestação de contas geral da Administração. Esse enunciado não recebeu voto algum do Conselhão Regional, provavelmente porque uma proposta anterior, de prestação de contas sobre algumas áreas a cada seis meses, tenha sido entendida como suficiente. Mas não é o caso para quem pratica jornalismo, peça intermediária entre sociedade e governo.
Podem dizer os defensores de Luiz Marinho que uma agenda dessa envergadura é excessivamente rigorosa. Não retiro uma camada espessa de razão, mas contraponho com uma resposta sob ótica acaciana: uma grande administração pública não se faz apenas com publicidade e obras físicas.
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15/10/2024 SÃO BERNARDO DÁ UMA SURRA EM SANTO ANDRÉ