Vencido o prazo para manifestação de Valter Moura, presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), vamos tornar pública neste site a bateria de perguntas que preparamos para o dirigente empresarial. Já esperávamos a omissão de Valter Moura. Ele faz parte de um agrupamento diretivo (e também social) que não suporta a ideia do contraditório. A manifestação democrática de indagações que procuram não mais que esclarecimentos, mesmo que aparentemente tenham o formato de paredão, está fora de órbita para quem acostumou-se muito com a via de mão única de falar sem contestação.
Definitivamente, Valter Moura não tem vocação a Dourado ou a qualquer outro Big Brother.
Valter Moura, portanto, é da turma que se cala diante de qualquer incômodo que fuja do figurino da lambeção de colunas sociais pré-agendadas, ou mesmo de matérias econômicas que ameacem constrangê-lo.
Valter Moura é um narrador canhestro da cena econômica do Grande ABC.
Valter Moura, à frente da Acisbec em tempo semelhante ao do Regime Militar no Brasil, age, portanto, com o mesmo ímpeto ditatorial.
Valter Moura, assim como outros protagonistas fugidios que constarão do quadro de Entrevista Indesejada, acredita que ao esconder-se dos leitores deste veículo digital cada vez mais senhor de audiência, conseguirá permanecer incólume a avaliações.
Pura bobagem, porque o silêncio que adotou como resposta ou boicote é autocondenatório. Ele sabe o quanto a partir de agora seus interlocutores, mesmo que fingidamente próximos, o observarão sob olhares menos condescendentes.
Ingenuidade será acreditar na própria autodefesa para esse caso, imaginando-se imune a críticas mesmo que veladas pelo simples fato de ter fugido da raia.
Não custa repetir que Entrevista Indesejada é a mais direta prova de independência deste site. Já não era sem tempo que Valter Moura e outros dirigentes de fato omissos que ocupam cargos de certo relevo em suas respectivas categorias terão de prestar contas de seus atos e omissões.
A exposição pública de quem ocupa instâncias governamentais, não-governamentais e sociais é o contraponto aos supostos ganhos de imagem que os cargos concebem.
Até agora, Valter Moura se beneficiou dos ganhos de imagem. A partir desta Entrevista Indesejada, a potencialidade de restrições ganha a forma de uma espada sobre uma cabeça até então coroada.
Provavelmente a simples leitura das perguntas que se seguem será suficiente para diagnosticar a performance de Valter Moura como dirigente empresarial.
Até porque, quem cala consente.
Vamos, então, às perguntas que Valter Moura não respondeu:
Há mais de duas décadas à frente da Associação Comercial e Industrial de São Bernardo, o senhor se meteu exatamente aonde quando da chegada dos grandes empreendimentos comerciais que aprofundaram as desigualdades de empreendedorismo no Grande ABC? O senhor não assumiu qualquer iniciativa de adequação da ocupação geográfica de São Bernardo, calando-se completamente diante da invasão. O senhor é um presidente aliado dos grandes negócios ou entende que os grandes negócios que se estabeleceram no Grande ABC sem condicionalidades comuns no Primeiro Mundo não oferecem riscos aos pequenos negócios?
Valter Moura –
O senhor não se sente incomodado, como democrata que diz ser, de estar à frente da Acisbec tempo semelhante ao que a ditadura militar conduziu o Brasil?
Valter Moura –
Se o senhor tivesse que traçar paralelo entre as obras econômicas e sociais do regime militar no Brasil e os 21 anos em que está à frente da Acisbec, quem acredita que tenha se saído melhor?
Valter Moura –
O senhor tem saudade dos tempos da ditadura militar ou prefere mesmo a redemocratização do País? Se prefere a segunda alternativa, por que dispensa critérios democráticos e não encerra o ciclo de continuísmo na Acisbec?
Valter Moura –
Comerciantes de São Bernardo se sentem órfãos de representatividade, porque entendem que a Acisbec não passa de clubinho fechado sem preocupação de fato com a classe. O senhor acha que está cumprindo seu papel social?
Valter Moura –
Quem conhece bem sua performance de dirigente empresarial o rotula de animador sempre pronto a ocupar microfones, mas sem a menor aptidão à prática do trabalho efetivo? O senhor se sente fielmente retratado?
Valter Moura —
O senhor não acha que esse modelito simplificador de realizar eventos temáticos em vez de botar a mão na massa de mobilização da classe já não cabe mais no figurino econômico do Grande ABC, principalmente por conta das desvantagens comparativas em relação a outras regiões mais próximas, casos da Grande Campinas, da Grande Sorocaba e da Grande São José dos Campos, como estamos cansados de mostrar com dados irrefutáveis?
Valter Moura —
Por quais motivos a Acisbec, embora sediada num Município que conta com dois dos três únicos acessos do trecho sul do Rodoanel, praticamente se manteve em profundo silêncio durante preparativos que marcam a chegada dessa obra? Que plano a Acisbec lançou mão para demonstrar preocupação com os efeitos colaterais do Rodoanel?
Valter Moura –
Como se explica que, entra governo, sai governo, o senhor e seu filho, Valter Moura Júnior, também dirigente da Acisbec e mais uma vez na condição de funcionário público de São Bernardo, acabam sempre por se dar bem com o ocupante do Paço Municipal?
Valter Moura –
O senhor entende que a Acisbec é uma grande fonte de poder em que todos acreditam, embora os associados e comerciantes em geral tenham severas críticas à esqualidez de atividades? O senhor seria um vendedor de ilusões?
Valter Moura –
O site da Acisbec é muito primário em informações. Inclusive o espaço dedicado ao Editorial, de sua responsabilidade, é escasso em posicionamentos. Chega a bater o recorde de ficar mais de um ano sem renovação de mensagem. O senhor não entende que a Internet poderia ser transformada em objeto de massificação de ideais junto ao quadro de associados e não associados?
Valter Moura –
Por que o senhor não adota à frente da Acisbec o mesmo modelo de transparência da UFABC (Universidade Federal do Grande ABC) pelo menos no que se refere às forças que supostamente representam a entidade? Explicamos: por que não relacionar todas as empresas associadas e seus respectivos sites ou e-mail do principal dirigente, como faz a UFABC em relação ao quadro de professores que consta do endereço eletrônico da instituição? Não seria essa uma ótima maneira de integrar os associados entre si, ou isso de fato não interessa aos objetivos monopolizadores da direção da Acisbec?
Valter Moura —
Por que o senhor não disponibiliza no site, para todos os internautas, dados relativos às atividades e situação econômica e financeira da Acisbec, já que estamos em plena era da transparência? A Acisbec tem números que podem ser consultados por quem quiser, inclusive pela Imprensa?
Valter Moura —
Só recentemente o senhor conseguiu entregar aos associados o que chamou de Casa do Empresário, durante uma entrevista em 1998. A sede da Acisbec não demorou demais para sair, já que levou 10 anos, quando o senhor prometeu que a faria em três? Seria a Casa do Empresário espécie de cala boca àqueles que consideram sua administração sofrível?
Walter Moura —
A quem se deve o gravíssimo quadro de exclusão social que torna São Bernardo cidade reconhecidamente problemática? O senhor considera normal que o Bairro Montanhão, com 150 mil habitantes, maior que São Caetano, seja obra apenas do destino?
Valter Moura –
Um dos fracassos de sua gestão à frente da Acisbec foi a não efetivação da promessa de que descentralizaria as bases da entidade, direcionando-as aos bairros. Se dependesse da Acisbec, os comerciantes da periferia estariam em situação ainda pior, por conta da chegada dos grandes empreendimentos. Como o senhor explica a ação centralizada da sede? São Bernardo é apenas e tão somente o comércio da região central?
Walter Moura –
Até quando teremos as associações comerciais e industriais do Grande ABC distantes entre si? O senhor acredita que é possível continuar enganando a todos todo o tempo com essa história de que há integração quando, de fato, as eventuais aproximações não passam de jogo de cena, já que prevalece mais que divisionismo, mas uma rivalidade sem sentido?
Walter Moura –
O senhor desdenha da possibilidade de anunciar publicamente que, em nome da legitimidade do conceito de democracia, está disposto a abrir processo de renovação diretiva da Aciesbec, bem como contribuir para a formação de novas bases teóricas que levem em conta, principalmente, o aproveitamento de novos valores dispostos a recuperar a força coletiva do empresariado local, principalmente do comércio?
Valter Moura –
Se for feito rastreamento editorial dos últimos 21 anos em que o senhor ocupa a presidência da Acisbec, possivelmente o encontraremos muito mais vezes nas colunas sociais do que nas páginas econômicas. O senhor acha que isso é comprometimento com a sociedade como um todo ou a culpa é da Imprensa, porque teria muito mais a mostrar como dirigente econômico?
Valter Moura —
Como o senhor poderá manifestar-se sobre questões econômicas de São Bernardo se seu filho, também dirigente da Acisbec, mais uma vez, está ocupando um cargo na secretaria que trata exatamente desse tema? Seria por isso que o senhor tem-se mantido em absoluto silêncio? Não lhe parece que mesmo um elogio sincero e justo sobre eventuais acertos da administração de Luiz Marinho, parecerá oportunismo por conta dessa situação familiar? Ou que eventual omissão sobre erros do Poder Público exigiriam o silêncio da Acisbec, numa contrapartida que não é o que se poderia chamar de ética?
Valter Moura –
O senhor ocupou espaços em jornais quando dos primeiros momentos de crise de medição de forças no Legislativo de São Bernardo, autoproclamando-se capaz de mobilizar comerciantes em defesa da produtividade daquela Casa. O resultado foi pífio, porque a Acisbec é considerada peso morto em representatividade. Que justificativa apresentou ao prefeito Luiz Marinho para o distanciamento da classe que o senhor lidera?
Valter Moura –
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21/11/2016 O que Bigucci tem a dizer sobre organização criminosa?