Política

Oposição coloca escândalo do
Semasa em banho-maria eleitoral

DANIEL LIMA - 27/07/2012

Está cozinhando em banho-maria eleitoral a gestão do prefeito Aidan Ravin em Santo André. Mais propriamente o escândalo do Semasa, autarquia que trata de água, esgoto e outros troços que só podem ser revelados se tirarem as criancinhas dos computadores. Os leitores devem se perguntar os motivos que levaram as denúncias a serem eliminadas das manchetes e mesmo de notinhas de rodapés de jornais. É a política, é a política, garanto a todos. O cronograma e as pesquisas eleitorais em Santo André são a roleta da sorte do prefeito, mas também podem ser a roleta russa.


 


Se o prefeito Aidan Ravin cair pelas tabelas naturalmente, algo de que é bom desconfiar porque ele é resistente e por demais carismático, o trato é que todas as provas já anunciadas e, principalmente, outras que são tratadas a sete chaves, serão devidamente preservadas em nome de uma institucionalidade fajuta porque protege safadezas. Agora, se Aidan meter-se a besta e achar que pode ganhar as eleições e uma parte expressiva de eleitores assim o entender também, tudo pode acontecer. Inclusive nada acontecer.


 


Notaram os leitores que o denunciante das falcatruas que dominavam o Semasa, o advogado Calixto Antonio, sumiu da praça? Já não se manifesta. Dizem que anda de mãos dadas com algumas figuras que, nas primeiras entrevistas, esbaforido, relacionou como bandidos.  É claro que não são mãos dadas em público, porque não ficaria bem nem mesmo nestes tempos de certas liberalidades comportamentais. Falam até que o denunciante já abasteceu supostos primeiros desafetos com provas materiais dos crimes que teriam sido cometidos sob a liderança do prefeito Aidan Ravin. Mais propriamente, seriam gravações em vídeo que colheriam o titular do Paço em flagrantes delitos.


 


Macuco no embornal


 


Vencedor das eleições de 2008 graças a uma convergência de sortilégios e estratégias, entre os quais o desgaste petista de 12 anos (seis dos quais medíocres, pós-morte de Celso Daniel), Aidan Ravin ainda não entrou para o grupo dos derrotados em potencial nas eleições deste ano em Santo André. Tanto pode ir para o segundo turno, no qual, imagina-se, não colecionaria votos suficientes para a reeleição, como pode morrer na praia do primeiro turno. O pedetista Raimundo Salles e o petista Carlos Grana, previamente aliados ao segundo turno, estão jogando um jogo estranho, mas natural da política: querem uma vaga na etapa final, preferencialmente sem o outro parceiro programado, porque assim terão a certeza de que garantirão o macuco no embornal, ou seja, a posse como prefeito em primeiro de janeiro.


 


É claro que para estar no segundo turno e ganhar as eleições é indispensável que Aidan Ravin seja o adversário, acreditam os estrategistas de Raimundo Salles e de Carlos Grana. Ora bolas, se tanto para um como para outro a presença do prefeito no segundo turno é fundamental, por que então bombardeá-lo agora com o caso Semasa, cujas irregularidades provocaram um certo grau de estragos nos últimos meses? Por que antecipar agora o que poderá ser detonado com maior eficiência e octanagem mais explosiva no segundo turno? Seria no segundo turno, portanto, que o material bélico acondicionado por conta de arranjos de bastidores seria finalmente utilizado, a estilhaçar de vez a imagem do prefeito.


 


Como em política é tudo possível, inclusive o impossível, numa eventual segunda etapa da disputa eleitoral em Santo André entre Raimundo Salles e Carlos Grana o peso de um desclassificado Aidan Ravin não seria de todo desprezível. Muito pelo contrário, porque os contendores vão estar de olho no filão dos eleitores resilientes que apostaram até onde foi possível numa Administração que, convenhamos, faz inveja à mediocridade.


 


Então, o que se daria caso Aidan Ravin não fosse ao segundo turno mas registrasse por volta de uns 20% de votos no primeiro turno? Quem conseguiria contar disfarçadamente, mas nem tanto, com o suporte da máquina administrativa pública, cujo peso não pode ser minimizado? Quem, Salles ou Grana? Quem, quem, quem, pergunto eu. E perguntam os eleitores. De aliados compulsórios, conforme trato firmado muito antes do aquecimento eleitoral, Raimundo Salles e Carlos Grana passariam a ter o Paço Municipal como Meca. E os votos de Aidan Ravin? Denunciar os escândalos do Semasa, com as provas que estão fazendo dos bastidores de Santo André uma loucura de especulações, pouco adiantaria a ambos. Ou não? Como não? Talvez por conta da participação delituosa mesmo que tangencial de um dos dois finalistas. Ou seja: a encrenca do Semasa não estaria completamente arquivada em termos políticos mesmo com o desalojamento de Aidan Ravin do segundo turno.


 


Zape e sete copas poderosos


 


Sei que tudo isso parece kafkiniano, mas é assim que as coisas se desdobram quando o objeto de desejo é o voto dos eleitores e o cetro ganha a forma de paço municipal. Redes de aproximação estreitam-se ou dilatam-se na medida em que os fatos e as especulações ganham corpo.


 


Há quem aposte fortuna que Aidan Ravin sairá ileso das maracutaias  cometidas no Semasa, conforme as denúncias do advogado hoje incrivelmente silente. Aidan teria um zape na mão e um sete copas no bolso do colete em forma de um comprometido entorno de institucionalidade que a literatura transposta para o cinema em filmes que os leitores podem imaginar quais sejam enquadra em categoria menos nobre.


 


Isso quer dizer que Aidan Ravin disporia de insumos que, disparados, simplesmente provocariam estragos imensuráveis, porque os parceiros de jornada não conseguiriam tirar do traseiro a seringa de anabolizantes dos bons tempos.


 


Pimenta no nariz dos outros é refresco talvez seja o mantra que Aidan Ravin mais venha a repetir nos últimos tempos. Não exatamente dessa forma literal, mas de outra mais usual e menos educada que, cuidadoso que sou, as crianças não devem ler nesta revista digital.


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